Cultura

Festa Literária de Paraty homenageia Pagu

Principal evento literário do País começa hoje e vai até domingo com lançamentos editoriais, debates e mesas-redondas

PARATY – A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa nesta quarta-feira (22) e vai até domingo (26), homenageia nesta edição a escritora, poetisa, diretora, tradutora, desenhista, cartunista e jornalista brasileira Patrícia Rehder Galvão, conhecida como Pagu.

Milena Britto, co-curadora da Flip 2023, destaca que Pagu é muito inspiradora de movimentos feministas, mas que também produziu obras muito complexas, como desenhos, poesias, crônicas, romance. “A gente acaba celebrando a figura, o mito, a imagem da Pagu e deixando de observar a obra”.

Milena ressalta que esta edição está bem feminina, com autoras negras e artistas indígenas. “A gente conseguiu trazer artistas de várias partes do Brasil, que vão complementar as falas que as mesas vão proporcionar. Vai ter muita poesia boa, publicações sobre Pagu, inclusive inéditas. A família toda tem programação cultural”, disse Milena.

HOMENAGEM

A cantora Adriana Calcanhotto fará um show inédito homenageando Pagu na abertura da 21ª Flip, às 21h, no Auditório da Praça. Além das 20 mesas literárias, a programação será composta por oito performances artísticas, cada uma concebida para criar um diálogo com as discussões da 21ª edição da festa.

REVOLUCIONÁRIA

Cartunista, jornalista, dramaturga, poeta, tradutora, crítica literária e multiartista, Patrícia Rehder Galvão atuou ativamente nos movimentos feminista, vanguardista e antifascista. O ativismo da autora e a dedicação à causa proletária, junto ao PCB, rendeu diversas passagens pela prisão, um trauma que deixou cicatrizes em seu estado psíquico. Pagu publicou os romances “Parque Industrial” (edição da autora, 1933), sob o pseudônimo Mara Lobo, considerado o primeiro romance proletário brasileiro, e “A Famosa Revista” (Americ-Edit, 1945), em colaboração com Geraldo Ferraz. “Parque Industrial” foi publicado nos Estados Unidos em tradução de Kenneth David Jackson, em 1994, pela University of Nebraska Press, e na França, em tradução e edição crítica de Antoine Chareyre, em 2015. Escreveu também contos policiais, sob o pseudônimo King Shelter, publicados originalmente na revista pulp Detective, editada pelo Diários Associados. Alguns desses textos foram dirigidos pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, e depois reunidos em “Safra Macabra” (Livraria José Olympio Editora, 1998). Para o teatro, traduziu grandes autores até então inéditos no Brasil, como James Joyce, Eugène Ionesco, Fernando Arrabal e Octavio Paz. Profundamente engajada com as questões sociais e anticonvencional por excelência, a obra de Galvão foi, ao longo do tempo, abraçada por mulheres, feministas, concretistas, marxistas, além das mais variadas correntes artísticas e sociais, que enxergam na figura de Pagu um emblema da força feminista e vanguardista.

CICLO

Realizado em parceria com Centro de formação e pesquisa do Sesc (CPF Sesc), o Ciclo da autora homenageada, tem como objetivo analisar criticamente a obra de Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, homenageada da 21ª Flip. Inspirado pela produção de Pagu, intelectuais, escritoras e escritores debatem o impacto da autora no seu tempo, e o legado que ela deixa presente em nossos dias. Para dar conta das múltiplas facetas da obra da autora, esse ciclo é organizado em diversos encontros, em que especialistas irão refletir sobre aspectos específicos da obra de Pagu.

A programação tem ao todo cinco mesas de debate e uma leitura dramática inspirada em sua vida-obra.

Os encontros acontecerão na unidade do CPF Sesc, na capital paulista, e serão transmitidas virtualmente pelos nossos canais no YouTube. As inscrições já estão abertas, e podem ser feitas no site do CPF Sesc.

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