(*) Fernando Benedito Jr.
A senadora e candidata derrotada à presidência da República, Simone Tebet (MDB) tem se revelado uma grata surpresa no segundo turno das eleições. Depois de alcançar o 3º lugar na preferência do eleitorado, deixando para trás Ciro Gomes, que pleiteava se tornar a terceira via (foi tragado pela própria arrogância), a senadora emedebista soube utilizar o capital político acumulado na disputa. Tebet obteve quase 5 milhões de votos, exatos 4.915423 (4,16%) votos, o que é um resultado invejável numa disputa polarizada e petrificada como a atual.
Para se ter uma ideia da percepção política de Tebet, basta uma breve comparação com a situação de Ciro Gomes, que, simplesmente, derreteu eleitoral e politicamente. Acabou-se.
Simone Tebet já havia se destacada na CPI da Covid pelas suas posições críticas aguerridas, pela postura firme e combativa contra o genocídio bolsonarista. É uma senadora atuante, equilibrada e bem articulada. Assumiu com bravura sua condição de mulher num ambiente patriarcal e machista e contra tudo e todos (inclusive, correligionários como Renan Calheiros que criticaram sua candidatura), manteve-se firme. Calheiros defendia que o MDB viesse com Lula desde o 1º turno. Tebet apostou no 2º ato e dominou a cena, inclusive, suplantando Calheiros, aliado de primeira hora.
A defesa das mulheres, do Estado democrático de direito, o posicionamento claro contra o fascismo bolsonarista e tudo que ele representa, as posições modernas e progressistas em relação ao agronegócio são alguns traços marcantes da senadora.
Com sabedoria, boas táticas e uma estratégia impecável até agora, Simone Tebet está construindo um espaço interessante para si na política brasileira. Desde já se revela uma liderança com cabedal para postular com propriedade e relevância um espaço grandioso e alternativo no cenário político.
Uma mulher que tem se revelado por si mesma.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.
