Opinião

Bolsonaro deve ser julgado com o rigor da lei

(*) Fernando Benedito Jr.

As instituições democráticas brasileiras nunca foram tão depredadas, solapadas, vilipendiadas, tripudiadas como ao longo dos últimos quatro anos. Os artífices deste processo de destruição de reputação de pessoas e instituições têm nome: foram o presidente Jair Bolsonaro, seus filhos (o vereador Carlos, o deputado Eduardo, o senador Flávio – como se vê todos devidamente alojados nas tetas do poder) e seus correligionários. Não foram poucas as vezes que denegriram ministros do Supremo. A última foi agora. “Prostituta arrombada”, proferiu Roberto Jefferson, linha auxiliar cassado de Bolsonaro, sobre a ministra Carmem Lucia. Não há que se esperar nada melhor desta gente miliciana.

Os 300 de Brasília acamparam na Esplanada, fizeram cerco, dispararam foguetes contra o STF. Ministros foram xingados, caluniados e difamados por ordem de Jair Bolsonaro, sob seu comando.

“Um soldado e um cabo num jipe seriam suficientes para fechar o STF”, disse um dos filhos do autoritarismo. O Exército, que no golpe de 1964 implantou uma longa noite de obscurantismo (quase 30 anos sem eleições), agora, sob ordens do Ministério da Defesa de Bolsonaro se arvorou no papel de fiscal das eleições e das urnas eletrônicas.

O atrevimento, a falta de respeito, a depredação moral que se fez contra as instituições democrática e, principalmente, o STF, atingindo também o TSE, minou suas forças e sua credibilidade, solapou sua autoridade.

Vem daí que Bolsonaro faz o quer no processo eleitoral, usa e abusa do poder político e econômico. Fez campanha antecipada por todo o Brasil. Libera bilhões de recursos para compra de votos com o “orçamento secreto”, com o Auxílio Brasil, Vale Gás, Vale Caminhoneiro, Vale Taxista; sequestra os símbolos nacionais e os utiliza como material de campanha; encobre os palácios do Planalto e da Alvorada com a bandeira do Brasil, como se ali fosse a sua casa; ordena ataques morais e físicos aos adversários. Tudo isso sem que o Supremo Tribunal Federal ou o Tribunal Superior Eleitoral movam uma palha sequer contra sua candidatura. A tudo assistem passivamente.

Por muito menos prefeitos e governadores foram cassados, perderam mandatos, foram presos.

São muitos ilícitos e, certamente, na eventualidade de uma derrota eleitoral (o que parece irreversível), sem a imunidade, sem o sigilo de 100 anos e outras prerrogativas, deverão ser julgados com o rigor da lei. É o que se espera.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.

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