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“Sou a presidente moral do Brasil”, diz Dilma

IPATINGA – “Até o dia 31 de dezembro de 2018, sou a presidenta moral do Brasil”, disse a ex-presidente Dilma Roussef ao fazer uma crítica contudente a seus adversários em Minas, dirigida principalmente ao senador Aécio Neves (PSDB), que liderou seu processou de cassação, e ao candidato ao governo do Estado, Antonio Anastasia (PSDB), que foi o relator do processo, fundamentado nas chamadas “pedaladas fiscais”. Líder na corrida por uma vaga ao Senado Federal por Minas Gerais com 25% das intenções de voto, Dilma, ironicamente, impõe em território mineiro uma derrota moral a dois de seus principais algozes, Anastásia e Aécio Neves.

Durante ato de campanha em Ipatinga, Dilma disse que o Brasil enfrenta o momento mais difícil dos últimos tempos. “No dia 7 de outubro, mais do que colocar o voto na urna, é preciso dar um basta ao retrocesso, ao fim de conquistas históricas como a CLT, ao sucateamento das universidades e institutos federais, que estão vivendo a pão e água; à venda da Embraer para a Boeing”, ilustrou a candidata ao Senado, que denunciou ainda o “cerco” para inviabilizar o governo Pimentel, capitaneado por setores oposicionistas do PSDB e MDB.

IMPEACHMENT FRAUDADO

Dilma rebateu a tese das “pedaladas fiscais” que sustentou sua cassação afirmando que trata-se de “impeachment fraudado”. Segundo a candidata ao Senado, a mudança orçamentária promovida por seu governo retirava recursos de certas rubricas para investir em educação, saúde. “Era crédito para a comida, para o pequeno agricultor. Uma situação absolutamente normal, que, de um dia para o outro virou crime. Algo como se você estivesse andando numa via que estabelecia a velocidade de 30 km por hora e de repente passasse para 70 km por hora. Mudaram a regra do jogo com o jogo sendo jogado”, comparou.  “Me tiraram do governo do qual só sairia em dezembro de 2018. Por isso, sou a presidenta moral do Brasil”, sustentou.

LADO DE LÁ E LADO DE CÁ

A ex-presidente salientou ainda que as eleições deste ano são completamente diferente das demais, porque são eleições que explicitam os interesses de classe no País. “São eleições que tem o lado deles e o nosso lado, que é o lado dos pobres, dos negros, indígenas que precisam ter acesso às cotas para ingressar numa universidade, que precisam das políticas sociais de moradia como o Minha Casa, Minha Vida, do Bolsa Família e do PAC. O outro lado é aquele que diz que cotistas e bolsistas não tem condições de freqüentar  uma faculdade. Entrtanto estes cotistas e bolsistas já demonstraram que sabem fazer muito mais e melhor, que sabem correr atrás. O nosso lado é aquele que luta contra as violências inenarráveis contra os jovens e as mulheres”, distinguiu Dilma, ressaltando que só a educação vai permitir que o Brasil saia da pobreza. “A educação é uma conquista que ninguém tira, ela não sai do corpo. A educação serve para que a pessoa entre na economia e na sociedade do conhecimento e tenha condições de ter salário e emprego de qualidade”, disse.

SEM VINGANÇA, NEM ÓDIO

A ex-presidenta lembrou que durante os governos de Lula e o seu, o Brasil era a 6ª economia do mundo e hoje tem sua soberania vilipendiada. “Não queremos vingança, não temos ódio. Nós entendemos que o País tem que se reencontrar, mas só pode fazer isso com o povo incluído no orçamento. O povo brasileiro é a nossa maior riqueza”, sentenciou, lembrando que o Brics, grupo de países emergentes que reunia Brasil, Rússia, Índia e China era importante não só porque possui riquezas, mas também porque tem população. “É essa população que trabalha e que consome”, disse, para destacar a força propulsora da economia e do desenvolvimento.

ESCOLHA POR MINAS

Sobre sua candidatura ao Senado por Minas Gerais, seu estado Natal, embora seu domicilio durante a maior parte de sua trajetória política tenha sido no Rio Grande do Sul, Dilma Rousseff explica:

-Minas Gerais é a síntese do Brasil. É o estado que mais se parece com o País e por isso é tão importante. É um dos estados mais ricos do País e tem um povo empobrecido. O patrimônio deste país é do povo deste País. Me candidatei ao Senado por Minas para lutar por esses 20 milhões de mineiros, porque lutar por Minas é lutar pelo País. O conceito de País não pode ser uma coisa abstrata, ele se manifesta aqui, na cidade, no Estado.

LOJINHA

Dilma Rousseff lembrou dos tempos em que foi ministra da Casa Civil no segundo governo Lula e da sua disposição de tentar colocar as coisas nos eixos, tanto em relação ao funcionamento do governo como nas negociações com as forças políticas representadas na Câmara dos Deputados e no Senado. Dessa forma, a ex-presidenta destaca seu papel de negociadora, mas também de alguém que cobrava.

“Eu era a ministra da ‘lojinha’. Tinha que abrir todo dia, negociar, mas também pensava que tinha que incomodar, perguntar: ‘por que não é assim? Por que não faz direito?”

LUTA DE CLASSES

Mais uma vez, Dilma resalta que esta eleição deixa bem claro o “lado de lá e o lado de cá”, o lado dos ricos e o lado dos pobres e pondera, afirmando que “é preciso olhar para todo mundo”, para logo em seguida retomar a artilharia:

– “Eles” são os golpistas, que não souberam perder e ‘melaram’ o jogo. Não ganharam no voto e então tiveram que partir para o impeachment, mas estão equivocados. Prova disso é Lula, que é igual bolo, quanto mais bate, mais cresce. Além disso, ele [Lula] não tem nada de bobo, escolheu dois vices. Enquanto isso, os adversários continuam onde estão, não crescem! – arremata numa referência às pesquisas de intenção de voto.

Quanto ao candidato do PSDB ao governo de Minas, Antonio Anastasia, a ex-presidenta foi taxativa: “O outro ‘golpista’, o relator do golpe, também não quer deixar Pimentel livre, tenta cercá-lo de todo jeito. Eu e Lula nunca usamos dinheiro público contra adversários. Todos eram tratados de forma republicana e os recursos distribuídos independentemente de coloração partidária, ao contrário do que fazem os golpistas contra Pimentel – disparou, numa alusão ao bloqueio de recursos federais para Minas.

 

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