Cidades

Sem saneamento básico, Brasil continuará um país de suburbanos

(*) Thales Aguiar

Diariamente vimos nas grandes mídias diversos acidentes nos centros urbanos com vítimas fatais relacionados à falta de saneamento básico devido ao não escoamento das águas nas vias urbanas em épocas de chuvas. Falta de bocas de lobo, alagamentos de avenidas e ruas tornaram rotinas na maioria das cidades do país. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a grande questão é a melhoria da qualidade de vida e da saúde dos indivíduos, promover de forma contínua o desenvolvimento social. Mas o saneamento vai muito além do planejamento urbano, ele é um direito assegurado pela Constituição e de acordo com a Lei nº. 11.445/2007 resume no conjunto de serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais.

Segundo o instituto Trata Brasil, que é uma organização da sociedade civil, no país 48% da população não tem coleta de esgoto e mais de 35 milhões não tem acesso a água tratada. De todos os impactos ambientais talvez esse seja o maior de todos. Diariamente são despejados toneladas de esgotos nos rios e afluentes, lugares totalmente indevidos. Dejetos que não são tratados sem aterros sanitários ficando a céu aberto com riscos iminentes de doenças para a população.

O governo gasta milhões com internações de pessoas contaminadas todos os anos. E aumenta cada vez mais o índice de mortalidade infantil devido às graves diarreias provocadas por consumo de água não tratada. Os políticos pouco se interessam em resolver tais situações, pois para eles esse tipo de obras são invisíveis a seu eleitorado. É preciso urgentemente que os governos das três esferas possam destinar orçamentos no mínimo para o tratamento do esgoto que em diversas cidades são cobradas nas contas de água onde a mesma população não tem esse tipo de prestação de serviço. Somos também responsáveis por parte dessas mazelas, pois não cobramos devidamente o que pagamos. Continuamos a pagar a conta pela ineficiência do poder público. É necessário investir em tecnologia e projetos sustentáveis que atenda cada região nas suas particularidades, sejam elas geográficas, demográficas e que atenda todas as classes sociais.

Tratar a causa com a devida atenção é economizar recursos financeiros, aumentar a produtividade e universalizar os bons costumes.

(*) Thales Aguiar é jornalista e escritor.

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