Cidades

60 anos do Massacre de Ipatinga tem programação extensa

Audiência pública reúne entidades para entrega do ‘Troféu Chico Ferramenta de Direitos Humanos’

IPATINGA – O trágico confronto entre metalúrgicos da Usiminas e a Polícia Militar ocorrido no dia 7 de outubro de 1963, que, oficialmente, deixou saldo de oito mortos, e entrou para a história como o “Massacre de Ipatinga”, será lembrado com uma extensa programação que será realizada de sexta-feira (dia 6) até domingo. Sindicatos e entidades sociais promoverão uma série de atividades para marcar a passagem do 60º aniversário do “Massacre”, sob coordenação da Associação dos Trabalhadores e Anistiados de Minas Gerais (ATAMIG).

AUDIÊNCIA

A programação será aberta nesta sexta-feira, a partir das 14h, com a realização de uma audiência da Comissão de Trabalho da Assembleia Legislativa de Minas Gerais no plenário da Câmara de Ipatinga. Nessa audiência serão prestadas homenagens às vítimas do “Massacre”, além de discutidos temas como a reforma trabalhista, terceirização e a privatização da Cemig e da Copasa, proposta pelo governo estadual.

TROFÉU CHICO FERRAMENTA

O plenário da Câmara de Ipatinga também será palco, no mesmo dia, de uma série de homenagens a entidades e personalidades, com a entrega do “Troféu Chico Ferramenta de Direitos Humanos”, referência ao ex-prefeito de Ipatinga por três mandatos, ex-deputado estadual e ex-deputado federal, falecido no dia 4 de julho de 2023. Entre os convidados, são esperados Nilmário Miranda, assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos; Rita Sipahi, da Comissão Nacional de Anistia; Carlos Calazans, superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego em Minas Gerais; e Jurandir Persechini, da Comissão da Verdade em Minas Gerais.

EXPOSIÇÃO E DOCUMENTÁRIOS

No sábado (dia 7), a programação terá sequência no plenário da Câmara de Ipatinga, a partir das 8h, com a exposição “Retratos daquele Outubro” e exibição de documentários sobre o “Massacre de Ipatinga”, dentre os quais “Silêncio 63”, de Fábio Nascimento; “Senta a Pua”, de Nilmar Lage e Thiago Moreira; e “Um sentimento chamado Ipatinga”, de Sávio Tarso, além de debates e uma “roda de conversa” sobre esse episódio histórico. À noite, haverá ainda apresentações culturais no Teatro de Arena do Parque Ipanema.

CULTO

A programação organizada pelos movimentos sindical e social de Ipatinga será encerrada no domingo (dia 8), a partir das 9h, no “Memorial da Anistia” – em frente ao “Camelódromo”, no centro da cidade –, com um culto ecumênico em memória das vítimas do “Massacre de Ipatinga”.

“DIA DA LUTA OPERÁRIA”

A data de 7 de outubro entrou definitivamente para o calendário do município com a aprovação, pela Câmara, do Projeto de Lei – de autoria da vereadora Cecília Ferramenta – que cria o “Dia da Luta Operária”. Conforme a autora do projeto, a data visa a preservar, honrar e homenagear a memória dos trabalhadores da cidade, particularmente os metalúrgicos da Usiminas, pelo “Massacre de Ipatinga”.

Cecília Ferramenta lembrou que, antes da aprovação do seu Projeto de Lei, o chamado “Massacre de Ipatinga” já havia sido reconhecido pela Comissão Nacional da Verdade, que, em 2013, realizou uma audiência pública no fórum da Comarca e realizou um minucioso e detalhado sobre o “Massacre” que culminou com o reconhecimento oficial do episódio e a concessão de anistia a dezenas de ex-metalúrgicos demitidos pela Usiminas por envolvimento com a luta sindical.

“O dia 7 de outubro de 1963 é um dos principais marcos da história de Ipatinga, resultado de um conflito surgido depois que os metalúrgicos se revoltaram com as más condições de trabalho e a humilhação que sofriam ao serem revistados antes de entrarem e saírem da empresa para sua jornada de trabalho. Essa data é um suporte da memória do trabalhador de Ipatinga, construído pela via da luta operária, e a inclusão dessa data importante no calendário oficial do município é também uma forma de resgatar a memória coletiva, sufocada pelo desaparecimento dos seus suportes materiais e relegada a uma espécie de ruína que, entretanto, resiste ao tempo e preserva o sentimento de humanidade como determinante do tempo e do espaço vividos”, destacou a vereadora Cecília Ferramenta.

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