Nacionais

Quilombo nos Parlamentos elege 18 deputados estaduais e 8 federais

Movimento articulado pela Coalizão Negra por Direitos tem objetivo de eleger parlamentares alinhados à luta contra o racismo

Das 120 candidaturas ligadas ao movimento negro e apoiadas pela campanha “Quilombo nos Parlamentos”, iniciativa da Coalizão Negra por Direitos, 26 foram eleitas no pleito de 2022. A Coalizão Negra por Direitos reúne mais de 250 organizações do movimento negro brasileiro.

Entre os eleitos, oito ocuparão cadeiras na Câmara dos Deputados e 18 em assembleias legislativas nos estados da Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo. Juntos, os candidatos eleitos receberam cerca de quatro milhões de votos. Em Minas Gerais, das três candidaturas lançadas pelo movimento, todas mulheres, duas foram eleitas: Dandara Tonantizin (PT), eleita deputada federal e Andréia de Jesus (PT), deputada estadual.

FEDERAIS

Em todo o País, as candidaturas do Quilombo Parlamentar eleitas para a Câmara dos Deputados foram: Valmir Assunção (PT-BA), Dandara Tonantzin (PT-MG), Carol Dartora (PT-PR), Benedita da Silva (PT-RJ), Henrique Vieira (PSOL-RJ), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Denise Pessôa (PT-RS) e Erika Hilton (PSOL). Esta última, a segunda mais votada do PSOL em São Paulo, será a primeira mulher negra trans a ocupar uma cadeira no Congresso Nacional. 

“No estado do Rio de Janeiro inteiro, pessoas apaixonadas foram para a rua combater o fundamentalismo, combater o racismo, celebrar a diversidade e abrir uma janela de futuro”, afirmou Vieira em sua rede social. Brasília terá, disse, “um pastor preto, artista, de esquerda, como fruto de um projeto coletivo”.

Entre os deputados estaduais eleitos, está Renato Freitas (PT-PR) que chegou a sofrer ameaças de morte e acusação de quebra de decoro durante seu mandato como vereador, por ter participado de um ato em protesto às mortes de Moïse Kabagambe e Durval Teófilo Filho. 

Ativistas, grupos culturais e religiosos comemoram hoje (20) o Dia da Consciência Negra com várias atividades em frente à estátua de Zumbi dos Palmares, no centro do Rio de Janeiro.

BAHIA

Com 92 mil votos, Olívia Santana (PCdoB), que foi a primeira deputada estadual negra da Bahia, foi reeleita e vai agora para seu segundo mandato. Na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), localizada na cidade mais negra fora da África, Olívia será – de novo – a única parlamentar negra.

“Nós somos seres coletivos. E é como seres coletivos que vamos adentrar o parlamento”, afirmou, no lançamento do “Quilombo nos parlamentos”, a secretária executiva do Conselho do Povo de Terreiro do Rio Grande do Sul, Iyá Sandrali.  

QUILOMBO NOS PARLAMENTOS

O Quilombo nos Parlamentos é uma iniciativa da Coalizão Negra Por Direitos de apoio a mais de 120 candidaturas de pessoas ligadas ao movimento negro, indicadas por organizações que compõe a Coalizão, que concorrerão a cargos no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas por todo o território nacional.

O objetivo da ação é reduzir o hiato de representatividade no Poder Legislativo e contribuir para um projeto de país mais justo para todas e todos, alinhado à luta contra o racismo. Nas palavras de Vilma Reis: “Vamos mudar a fotografia do poder”.

Segundo o IBGE, 56% da população brasileira é composta por pessoas negras. Esse grupo, porém, é sub-representado nos parlamentos e instituições democráticas pelo país. Em outros indicadores, no entanto, os negros são, infelizmente, maioria. O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar, por exemplo, mostrou que 10,7% dos lares de pessoas negras convivem com a fome, contra 7,5% de lares de pessoas brancas.

PRECONCEITO E VIOLÊNCIA

Já o Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que, enquanto o número de não negros mortos caiu 33% entre 2009 e 2019, o de negros subiu 1,6%. Em 2020, 76,2% das pessoas assassinadas eram negras. Em 2022, 500 trabalhadores foram resgatados em condição análoga à escravidão pela Auditoria Fiscal do Trabalho; destes, 84% se autodeclararam negros.

Segundo movimento, não se trata de lutar por um projeto de Brasil para os negros, e sim por um projeto do movimento negro para todo o Brasil. “Essa luta não é só a mais antiga deste país: é a mãe de todas as lutas contra a desigualdade e as injustiças sociais. Reconstruir esse país, construir uma democracia, de fato, exige lutar por equidade racial, justiça social e respeito aos direitos humanos de todas e todos”.

“Em defesa da vida, do bem-viver e de direitos arduamente conquistados, irrenunciáveis e inegociáveis, seguiremos honrando nossas e nossos ancestrais, unificando em luta toda a população afro-diaspórica, por um futuro livre de racismo e de todas as opressões”, afirma a rede em seu manifesto.

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