Opinião

Moro, o mau caráter

(*) Fernando Benedito Jr.

A primeira vez que Sérgio Moro demonstrou ser um canalha da pior cepa foi quando aceitou ser ministro de Jair Bolsonaro após colocar Lula na cadeia. Fez o serviço sujo e foi assumir o cargo. Dormiu no Paraíso e acordou no inferno. Estava assinada sua confissão de juiz parcial, sem caráter e desprovido de qualquer princípio ético, apenas alguns traços que deveriam constar do perfil de um juiz.

No cargo, não durou muito, após um período breve e pífio. Sem autoridade para conduzir investigações que poderiam atingir seu chefe e sua família, foi defenestrado do poder, não sem antes ser humilhado, desqualificado, desautorizado e espezinhado por Bolsonaro e mesmo assim insistiu em continuar. Depois de tudo, caiu atirando. Chamou o ex-chefe de ladrão de “rachadinha”, denunciou que Bolsonaro manipulava a Polícia Federal para encobrir seus ilícitos, foi chamado de traíra e caiu em desgraça junto aos bolsonaristas.

Em janeiro deste anoi, Moro disse nas redes sociais: “Bolsonaro mente. Nada do que ele fala deve ser levado a sério. Mentiu que era a favor da Lava Jato, mentiu que era contra o Centrão, mentiu sobre vacinas, mentiu sobre a Anvisa e o Barra Torres e agora mente sobre mim. Não é digno da Presidência”.

Sérgio Moro foi eleito senador pelo Paraná. Primeiro foi convidado por Álvaro Dias para se filiar ao Podemos e ser candidato à Presidência da República. A candidatura fez água. O ex-juiz tentou então ser candidato por SP, pelo Podemos, o que também não deu certo por não ter domícilio eleitoral no Estado. Então, voltou ao Paraná, onde o Podemos tinha Álvaro Dias, seu padrinho, como candidato ao Senado. Sem poder se candidatar pelo partido, Moro filiou-se ao União Brasil e venceu. “Furou o olho” do padrinho. Pode até não ser um traidor, mas revelou-se também um oportunista.

E assim Sérgio Moro segue sua brilhante carreira política, cujo último lance foi a “assessoria” ao “ladrão de rachadinha” no recente debate presidencial.

Agora, na condição de senador eleito o ex-juiz não precisa ser imparial, mas podia pelo menos ter um pouco de brio e ser menos mau caráter.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.

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