Opinião

Um país chamado Brasil: democracia ainda que tardia

(*) Thales Aguiar

Caros leitores, 2023 chegou com força total. Dia 1º de janeiro o Brasil tomou posse de si mesmo. Um cheiro de liberdade e civilidade. Faço lembrar que em 2020 escrevi uma coluna dizendo que o nazi-fascismo nasceu em nosso país já com cara de abortado. “Isto porque temos uma das populações mais miscigenadas de todo mundo. Aqui habitam e comungam raças de todos os povos do planeta. Temos uma democracia forte com os seus respectivos poderes constitucionais representativos em pleno e perfeito funcionamento e uma economia interna sólida que ainda pode suportar uma crise internacional”.

Vivemos nos últimos quatro anos um lapso de repressão e de exclusão social. Fomos amortecidos pelo discurso do ódio e do autoritarismo. A democracia brasileira sobreviveu aos fortes golpes de alguns que ainda querem uma população escrava e obediente aos mandos dos coronéis.  Agora fogem os personagens que surrupiaram nossas riquezas. Se dizem surpresos e equivocados com tais atos de desagregação e caos social. Desculpem-me os portugueses, isto me fez lembrar as narrativas do nosso passado colonial. 

A posse do presidente Lula traz consigo um sinal de esperança. Ao subir a rampa do Planalto, fez questão de receber a faixa das representatividades dos verdadeiros brasileiros (a comunidade negra, os indígenas, os portadores de necessidades especiais, a comunidade lgbtqia+, os trabalhadores urbanos e do campo). Agora ele tem o desafio de buscar o equilíbrio institucional, orçamentário e fiscal. Fazer cumprir diante da constituição os deveres do Estado para com a população que paga diuturnamente os seus impostos.

A figura de Lula pela terceira vez como presidente nos mostra também um lado politicamente empobrecido. É fato que não temos lideranças capazes de aglutinar propostas de unidade e de soberania nacional. Não temos personagens que considerem dialogar com os países para tratar de propostas de comum acordo tendo como responsabilidade o protagonismo global na paz dos povos. Não possuímos uma educação inclusiva e formativa no campo da política social democrata. É certo que temos um longo caminho a percorrer.

O desafio é cada vez maior. Lula sabe que não pode errar. O projeto de um país bem sucedido exige transparência nas ações de governo. O inoportuno negacionismo tem de ser combatido com os rigores da lei e os traidores da pátria precisam ser punidos. Agora é hora de botar o pé no chão e caminhar. A democracia depende de nossas escolhas que foram garantidas nessas eleições. Parabéns Constituição de 88 e seus poderes constituídos. Parabéns ao povo brasileiro que não se deixou vencer pelos fortes golpes do nazi-fascismo. Que o Brasil volte ao ciclo de progresso e a primavera da democracia floresça em nossos lares.

(*) Thales Aguiar é jornalista e escritor

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