Opinião

Governos locais “comemoram” Dia da Mulher com violência em alta

A pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública estima que cerca de 18,6 milhões de mulheres brasileiras foram vitimizadas em 2022, o equivalente a um estádio de futebol com capacidade para 50 mil pessoas lotado todos os dias. Em média, as mulheres que foram vítimas de violência relataram ter sofrido quatro agressões ao longo do ano, mas entre as divorciadas a média foi de nove vezes.

Mesmo com estes números, a maioria das prefeituras e instituições, na onda conservadora que insiste em colocar a mulher no seu pedestal de “recatada e do lar”, utiliza a data para “comemorar” e “celebrar” o Dia 8 de Março. Como se algo houvesse para celebrar após quatro do mais absoluto retrocesso nas políticas públicas contra a violência de gênero. Pior: de estímulo ao machismo, ao patriarcalismo e, por conseguinte, da violência, que aumentou assustadoramente no período em razão do desmonte e desvirtuamento das políticas e órgãos em defesa das mulheres e contra a violência.

No entanto, as prefeituras, câmaras municipais e outras instituições ao invés de conscientizarem e ensinarem as mulheres os caminhos para o enfrentamento contra a violência, lhes oferecem rosas, “dias de princesa” com maquiagem grátis, aulões de ginásticas, palestras com influencers do dia e coachs da moda.

São pequenos eventos que passam ao largo da realidade de violência, diferenças salariais gritantes para as mesmas tarefas, cargos e profissões que os homens; preconceito, misoginia, assédios e agressões, etc.

Nunca é demais lembrar que o Dia Internacional da Mulher é resultado de um acúmulo de anos de lutas por direitos humanos, civis e de gênero, contra a violência, a segregação, o preconceito e a exploração.

No caso brasileiro, também é um bom momento para lembrar de manter-se firme nas trincheiras porque como mostra a pesquisa “Visível e Invisível” todas as formas de violência contra a mulher apresentaram crescimento acentuado no ano passado. Segundo o levantamento, 28,9% das brasileiras sofreram algum tipo de violência de gênero em 2022, a maior prevalência já verificada na série histórica, 4,5 pontos percentuais acima do resultado da pesquisa anterior.

Os resultados da pesquisa mostraram ainda que 11,6% das mulheres entrevistadas foram vítimas de violência física no ano passado, o que representa um universo de cerca de 7,4 milhões de brasileiras. Isso significa que 14 mulheres foram agredidas com tapas, socos e pontapés por minuto.

Entre as outras formas de violência citadas, as mais frequentes foram as ofensas verbais (23,1%), perseguição (13,5%), ameaças de violências físicas (12,4%), ofensas sexuais (9%), espancamento ou tentativa de estrangulamento (5,4%), ameaça com faca ou arma de fogo (5,1%), lesão provocada por algum objeto que foi atirado nelas (4,2%) e esfaqueamento ou tiro (1,6%).

Uma em cada três brasileiras com mais de 16 anos sofreu violência física e sexual provocada por parceiro íntimo ao longo da vida. São mais de 21,5 milhões de mulheres vítimas de violência física ou sexual por parte de parceiros íntimos ou ex-companheiros, representando 33,4% da população feminina do país.

Se considerado os casos de violência psicológica, 43% das mulheres brasileiras já foram vítimas do parceiro íntimo. Mulheres negras, de baixa escolaridade, com filhos e divorciadas são as principais vítimas, revelou a pesquisa.

Portanto, ao invés de rosas e palestras motivacionais, fica uma sugestão: em caso de violência ou ameaça procure a Delegacia de Mulheres de sua cidade ou ligue para a Central de Atendimento à Mulher – Disque 180

Em Ipatinga o endereço da Delegacia de Mulheres é: R. Pedras Preciosas, 755 – Iguaçu

Telefone: (31) 3822-9421

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