Cultura

Zélia Olguin recebe espetáculo “Antes do Silêncio”

Inspirado na obra do escritor irlandês Beckett, o espetáculo conta a história de um homem solitário e de uma mulher misteriosa    (Crédito: Divulgação)

IPATINGA – Em cartaz nesta sexta-feira, dia 05/10, às 20h no Teatro Zélia Olguin, no bairro Cariru em Ipatinga, o espetáculo “Antes do Silêncio”, que conta a história de um homem solitário e de uma mulher misteriosa. Os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente na bilheteria do Centro Cultural Usiminas (R$10 inteira) e R$ 5 (meia), ou uma hora antes do espetáculo no Teatro Zélia Olguin. A classificação é de 14 anos.
O espetáculo foi construído a partir de fragmentos da obra do escritor irlandês Beckett, e partir daí, dois personagens Sam e Lulu (interpretados por Rodolfo Vaz e Kelly Criffer) divagam sobre o amor e a morte. Ele perambula pelas ruas, dorme em bancos e passa o dia à procura de abrigos. É nesse ambiente que conhece uma estranha mulher, que habita suas memórias.
Os personagens dessa história não compartilham ilusões. Homem solitário, Sam passa a vida sob a sombra do chapéu de seu pai, enquanto Lulu perambula por suas memórias. É sob o ponto de vista dele que essa história é narrada, com boas doses de crueldade e ironia.
A montagem marca o encontro de três gerações do teatro mineiro, com direção de Eid Ribeiro e Rodolfo Vaz e Kelly Crifer. Realizado com recursos do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, “Antes do Silêncio” é fruto de mais um mergulho de Eid Ribeiro no universo do escritor irlandês. “É a minha 4ª montagem que parte de uma obra dele. Mas a 1ª que não é baseada em uma peça determinada. A gente precisa sempre voltar aos grandes autores, que nos provocam vontade de criar e de descobrir coisas novas que não havíamos percebido. Sempre há algo que não vimos antes. Em Beckett, quanto mais lemos, mais entendemos suas questões, embora sejam elas obsessões únicas e circulares. Ele sempre me proporciona ao mergulhar em suas obras uma nova sensibilidade diante da arte e da vida”, diz o diretor.
O processo de criação partiu de leituras de várias peças e romances de Beckett, além de obras de outros autores contemporâneos, que dialogam com as questões presentes nos textos do irlandês, como Thomas Bernhard e Charles Bukowski. Em seguida, os atores deram início a um ciclo de improvisações e à busca da relação entre os personagens masculino e feminino do roteiro do espetáculo.
Segundo o diretor da peça, o resultado desse novo mergulho é a descoberta de uma perspectiva fascinante na obra beckettiana, a visão do amor. “Uma abordagem nova, muito particular, na bibliografia dele, que pode ser vista em obras que ele escreveu ainda jovem, nos anos que sucederam a 2ª Guerra Mundial. É um olhar sobre o amor, mas com uma escrita impregnada pelos escombros humanos. Além disso, tem em Beckett essa questão da “andança”. Desde “Esperando Godot”, ele retoma em toda sua obra essa perambulação dos personagens, os sem-lugar, seja por estradas, abrigos ou estábulos. São sempre arquiteturas de guerra que nos leva para esse abismo diante da condição humana”, explica Eid. “Beckett não abre a guarda nunca. Nem para falar de amor. E além disso tem sempre o abismo da perspectiva do entre a vida e a morte: esse ato de colocar alguém no mundo, ele não aceita esse ciclo naturalmente. Como se nascer fosse, em si, decretar a morte”, completa o diretor.
O espetáculo ganhou o Prêmio Sesc/SatedMG nas categorias de melhor espetáculo, melhor ator e melhor direção. Ganhou também o prêmio Usiminas Sinparc como melhor espetáculo e melhor direção.

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