Cidades

Vital Brazil reivindica recursos financeiros de cidades vizinhas

A reunião entre integrantes da São Camilo e secretários de saúde definiu que um documento expondo a situação do hospital será encaminhado ao Ministério Público

 

TIMÓTEO – A sobrecarga de pacientes no Hospital e Maternidade Vital Brazil voltou a ser debatida na tarde de quarta-feira (11), entre a direção da São Camilo, médicos e os secretários de saúde dos municípios atendidos.
Desde o ano passado, a diretoria administrativa do Hospital e Maternidade Vital Brazil busca aporte financeiro que cubra, ao menos, as despesas que a entidade tem com os pacientes de fora do município, segundo a tabela do SUS, que naturalmente é defasada.
Nenhum retorno positivo foi dado à administração camiliana, que estuda suspender atendimentos a pacientes das cidades do entorno como, Coronel Fabriciano, Córrego Novo, Pindo D’água, Marliéria, Dionísio, Antônio Dias e Jaguaraçu.
A situação veio a público no começo deste mês, quando o corpo clínico do Hospital encaminhou a várias autoridades uma carta relatando que os profissionais da unidade enfrentam sérias dificuldades devido à ampliação do atendimento.
O documento descrevia ainda que, nas atuais condições, os pacientes não são acolhidos e nem tratados de forma adequada, colocando em risco a população e os funcionários.
Para tentar equilibrar as contas da instituição pelo aumento da demanda, desde que a Prefeitura de Timóteo reduziu em 50% os repasses para os atendimentos do SUS, a mantenedora do Hospital tem tentado dialogar com os gestores municipais em busca de aportes financeiros.
De acordo com a diretora administrativa, Vanide Alves, a situação está insustentável.
Vanide explica que após redução do convênio com a Prefeitura de Timóteo, de 127 mil para R$ 50 mil, feito há duas semanas, o HMVB não tem condições de permanecer com a mesma carga de atendimentos.
Diante da ausência de cinco dos sete municípios convidados, a direção do Hospital comunicou que vai elaborar um documento para o Ministério Público pedindo providências. A intenção é que a promotoria interceda pelo Hospital, acionando judicialmente estas prefeituras para chamarem-nas às suas responsabilidades.

‘FRUSTRANTE’
No encontro de anteontem, apenas os municípios de Timóteo e Córrego Novo compareceram. Coronel Fabriciano justificou a ausência. O médico Alysson Silveira Campos disse estar frustrado com a baixa adesão.
“É uma sensação de frustração perceber que a maioria está novamente se esquivando do problema. O hospital passa por uma situação agonizante e os prefeitos e secretários de saúde não demonstram abertura ou vontade de discutir o problema. Estamos tentando montar uma mesa de negociação, para saber destes municípios qual o aporte financeiro que cada um poderia repassar ao Hospital para sairmos dessa crise que se alojou na instituição. Se eles não se dispuserem a discutir, a situação ficará insustentável”, disse Alysson.
O médico disse temer que aconteça no Vital Brazil a mesma crise financeira ocorrida no Hospital Siderúrgica. “Estamos unindo forças agora para buscar novas soluções para o problema. Não podemos deixar que ocorra no Vital Brazil o mesmo que aconteceu em Coronel Fabriciano”, alertou.
Também presente à reunião, Fabiano Moreira, secretário de saúde em Timóteo, justificou que seu município não pode pagar a conta, uma vez que tem sofrido com a queda de receitas.
“O Vital Brazil vem sendo uma referência regional e o colapso agora se instalou na instituição. Já colocamos que Timóteo não tem condições de arcar sozinho com aporte financeiro de recursos próprios para manter o atendimento. O sentimento é de tristeza, de ver que os prefeitos e secretários não se sensibilizaram com a situação. Mas eles continuam enviando pacientes para cá. Basta ficar 30 minutos na porta do hospital para ver o tanto de ambulância de outras cidades que chegm”, alegou.
O secretário afirmou ainda que a reabertura do antigo Siderúrgica resolve em parte o problema, mas não em sua totalidade. Ele avaliou que, se cada município contribuir proporcionalmente, Timóteo pode até aumentar o repasse.
“Poucas cidades têm hospitais preparados como o Vital Brazil, poucos hospitais têm leito SUS como o Vital Brazil, poucos têm o corpo clínico que o Vital tem. Mas se eles não derem a sua contrapartida, ficará inviável para o hospital, para o corpo clínico e para o município”, concluiu Fabiano.

CÓRREGO NOVO
Fernando Caldeira, secretário de saúde de Córrego Novo, explicou que, pelo fato de o município estar localizado mais próximo a Caratinga, a maioria da população procura atendimento nos hospitais de lá.
Contudo, há ainda uma pequena parcela que recorre à instituição de Timóteo, por isso o gestor prometeu estudar a viabilidade de algum repasse. “Com certeza abraçamos a causa e vamos ajudar no que for possível. É lamentável que os municípios mais próximos, que mais utilizam o serviço, não tenham comparecido”, avaliou Fernando.

SUPORTE
Para que o Vital Brazil não entre em colapso, a diretoria calcula que seria necessária a manutenção dos R$ 127 mil do governo municipal de Timóteo e que os outros municípios contribuam com aporte segundo valores baseados no número de atendimentos pelo SUS que o Hospital realiza a cada uma dessas cidades.
O Hospital tem atendido a mais de 11 mil pessoas no Pronto Atendimento. Em alguns meses, o número chegou a 13 mil. A cada mês, supera-se a marca anterior. Os anos de 2011 e 2012 registraram recorde histórico de atendimento. Como um Hospital de apenas 84 leitos, o HMVB deveria atender no máximo a 5 mil pessoas no Pronto Atendimento mensalmente, como acontecia até o ano de 2009.

REPASSE
O Hospital e Maternidade Vital Brazil, de Timóteo, recebeu na tarde de ontem um repasse de R$ 112.500 proveniente do procedimento de Fortalecimento de Portas de Urgência e Emergência/ PROURGE, do Governo do Estado de Minas Gerais. O recurso chegou nesta quinta-feira na Secretaria Municipal de Saúde e imediatamente foi disponibilizado pela Prefeitura na conta da Sociedade Beneficente São Camilo, mantenedora do Hospital. O objetivo do PROURGE é organizar a rede de respostas às urgências no âmbito do Estado de Minas Gerais.

 

Simões diz que a conta dos atendimentos é do Estado
(Da Redação)
– O prefeito de Coronel Fabriciano, Chico Simões (PT), reiterou a sua posição de que a sobrecarga no Hospital Vital Brazil deve ser bancada pelo governo estadual. Apesar de não ter comparecido ao encontro de quarta-feira (11), o chefe do Executivo encaminhou à São Camilo ofício afirmando que seu município tem cumprido à risca todas as determinações da Justiça Federal, em audiência realizada no ano passado.
“Somos solidários com o movimento do hospital. Até que enfim estão acordando para a situação delicada da saúde regional. Só não concordo com a solução proposta de os municípios, que já estão sobrecarregamos, pagarem a conta. Também acho que o caminho para resolver o problema seja a justiça. Foi isso que fizemos aqui em Fabriciano”, declarou.
Simões voltou a pontuar que os repasses do Hospital Siderúrgica, mesmo fechado, estão sendo distribuídos para as unidades hospitalares da região, inclusive ao Vital Brazil. A exemplo da verba mensal do Pro-Hosp, no valor de R$ 30 mil.
Outro questionamento feito por Chico é quanto às estatísticas de atendimentos na unidade hospitalar timotense de pacientes de Fabriciano. Ele afirmou que em fevereiro deste ano a Prefeitura encaminhou ofício à São Camilo, solicitando informações sobre a demanda do município. “Fizemos o mesmo com o Hospital Márcio Cunha e tivemos a constatação de que os atendimentos de Fabriciano na unidade de Ipatinga são insignificantes. A verdade é que há muito tempo o Hospital Siderúrgica funcionava como um posto de saúde. Nenhum paciente complicado podia ser atendido, uma vez que não havia UTI e nem médicos cirurgião, neurologista, pediatra, entre outras especialidades”, opinou.
O prefeito reiterou que nos municípios em que não há gestão plena da saúde, cabe ao Estado pagar pelos atendimentos da atenção secundária e terciária, como é o caso do Hospital Vital Brazil.
“Sugiro à direção da unidade que procure o deputado estadual, Celinho do Sinttrocel, que tem boa interlocução com o governo do Estado, para que intervenha politicamente e busque uma solução mais rápida para a situação do Hospital”, indicou.


Chico Simões reafirmou que não vai pagar pelos
atendimentos, pois a obrigação é do Estado

 

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