Cidades

Varejistas preveem dificuldades e buscam saídas para atender clientes

Matusalém Dias Sampaio: “Cada estabelecimento definirá o custo da sacola compostável”; José Maria Facundes, do Sindcomércio Vale do Aço, tem preocupação em evitar aumento de custos para o empreendedor; Adilson Rodrigues, Superintendente da Amis, afirma que o ideal é que pessoas não usem mais sacolas plásticas        (Fotos: Divulgação)

IPATINGA – O auditório Maurício Andrade Guerra, no quarto andar da sede da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Ipatinga (Aciapi) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) ficou lotado na noite de quarta-feira, para o lançamento da campanha: “Ipatinga sem sacolas plásticas convencionais”. A partir do dia 15 de novembro o varejo deixa de distribuir as sacolas convencionais. No seu lugar serão utilizadas sacolas retornáveis, caixas de papelão, caixas reutilizáveis de plástico, carrinhos de feira e, em último caso, sacolas de plástico compostável, ou biodegradável, que serão vendidas para os consumidores a preço de custo. A mudança cumpre a exigência da Lei Municipal 3011, de autoria dos vereadores César Custódio (PT) e Maria do Amparo (PDT).

A campanha lançada nesta semana tem participação da Prefeitura de Ipatinga, Associação Mineira de Supermercados (Amis), Sindicato dos Panificadores do Vale do Aço (Sinpava), Procuradoria de Defesa do Consumidor, Sindcomércio, Aciapi e CDL de Ipatinga.
O vice-presidente regional da Amis, Matusalém Dias Sampaio, afirmou que, nos estabelecimentos onde os clientes não abrirem mão das sacolas plásticas serão vendidas as sacolas compostáveis. “O entendimento é que repassem pelo preço de custo. Isto vai variar muito em função do volume de compra pelas empresas, a movimentação que elas apresentam e outros fatores”, explicou.

O custo médio de uma sacola fabricada em material que atende à exigência da lei municipal é de R$ 0,19. Para o superintendente estadual da Amis, Adilson Rodrigues, a cobrança é indispensável, e explica: “Senão as pessoas não vão parar de usar as sacolas. Pior ainda, porque é cara, teria o custo embutido nas mercadorias e aí o cidadão que deixou de usar as sacolas iria pagar pelos que insistiram em continuar poluindo”.

O presidente da Aciapi, Gustavo de Souza, destacou na abertura do evento da Amis que a entidade fez o possível para criar um ambiente de discussão que preparou o comércio para atender à exigência legal. “Temos aqui hoje um dos autores da lei, o vereador César Custódio, que prestou esclarecimentos de sua intenção, de preservação ambiental. Conseguimos dois adiamentos da entrada em vigor desta cobrança, pois anteriormente não havia condições de se cumprir a obrigação, que me parece uma realidade mundial, visto que muitos países já aboliram as sacolinhas”, enfatizou.

Para o presidente do Sindicato do Comércio do Vale do Aço, José Maria Facundes, a maior preocupação neste momento é não criar ônus para os lojistas. “Acredito que o lançamento da campanha de conscientização é um primeiro momento, mas devemos encontrar saídas para atender aos anseios dos nossos clientes, que é levar com segurança seus produtos, e ao mesmo tempo não sacrificar ainda mais os empreendedores já sobrecarregados com os encargos tributários”, concluiu.

RESISTÊNCIA
O presidente do Sindicato dos Panificadores do Vale do Aço, Aloísio Pinto dos Santos, afirmou que as padarias já adotaram, há mais tempo, a campanha pelo uso das sacolas retornáveis. A proposta foi tirada de um congresso da Associação Brasileira da Indústria da Panificação, realizado em Joinvile, Santa
Catarina, em 2002. “A resistência da população em eliminar o uso da sacola plástica é muito grande. Se não tivermos uma união de forças, que envolva a imprensa, o público interno das grandes empresas, será muito demorado. Vamos propor até uma bonificação para quem aderir à mudança”, explicou.

A opinião do panificador é compartilhada pela maioria dos varejistas presentes ao evento na Aciapi-CDL – muitos deles, preocupados com os efeitos da medida a partir do dia 15 de novembro. Ricele Vaz Queiroz, gerente da padaria Premialy Bom Retiro, acredita na melhoria ambiental com o fim das sacolas, mas pondera: “Temos, há dois anos, um trabalho com as sacolas retornáveis. Cada padaria distribuiu uma média de mil sacolas por ocasião do Dia das Mães em 2012. Não paramos mais com a campanha. A cada R$ 100 em compras, juntados em cupons, os clientes puderam receber uma sacola retornável. Mas o mais curioso de tudo é que a minoria volta com as sacolas. Eles até procuraram, pegaram a embalagem, mas percebemos que falta uma conscientização pelo uso”, concluiu.

Ao fim da apresentação da campanha, composta por peças publicitárias de mídia em rádio, televisão, impressos e outros meios, também foi promovido um desfile e apresentadas novas embalagens a serem utilizadas pelo comércio a partir do dia 15 de novembro.

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