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Um partido para Bolsonaro

(*) Fernando Benedito Jr.

A pouco mais de um ano das eleições presidenciais o presidente da República ainda sequer conseguiu arranjar um partido político pelo qual se candidatar. Bolsonaro até que tentou criar um partido para si, o Aliança para o Brasil, mas a tentativa redundou em fracasso depois de não conseguir o número necessário de filiados para registrar a agremiação fascista.

Considerando a enorme quantidade de partidos políticos que existem no Brasil, das mais variadas tendências de pensamento ideológico, ou Bolsonaro é muito exigente, politicamente incompetente ou quer uma legenda sobre a qual tenha controle absoluto, possa mandar e desmandar sem dar satisfações a ninguém. Por outro lado, se perceber que a situação está ruim mesmo, que perdeu o apoio, que não se elegerá, que o voto impresso não passou, que o golpe não vai dar certo, etc, já tem outra desculpa para não se candidatar e sofrer uma derrota vergonhosa.

Eleito pelo PSL, acabou criando uma série de problemas, juntamente com a ninhada. Além disso, o partido se envolveu, logo no início do mandato no caso dos laranjas e desvio de verbas do fundo partidário para as candidaturas femininas. O “suco” acabou respingando em Jair, que achou melhor deixar o partido – embora tenha continuado com as falcatruas. Mas não foi só isso. Traições de parte a parte, divergências e desentendimentos na tentativa de controlar o PSL resultaram em dissidências e fissuras que ainda permanecem.

O presidente, então, foi se achegando ao “centrão”. Roberto Jeferson, por exemplo, lhe dá o PTB, mas o risco é grande. É muita loucura reunida numa só legenda. Ciro Nogueira ofereceu o PP, mas, de saída, rachou o partido, porque a entrada de Bolsonaro complica as alianças regionais para 2022 e também porque a situação de Bolsonaro na opinião pública não é das melhores. E os partidos do “centrão” só vão na boa. Esta mesma avaliação fazem diversos outros partidos da “base” bolsonarista. O PFL, com toda proximidade ao governo, como sempre, mantém equidistância. Quer tirar o máximo que puder, mas sem se dar nada, nem comprometer.

A Lei das Eleições (Lei n° 9.504/1997 – artigo 9, caput), prevê que para concorrer no pleito, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de seis meses e estar com a filiação deferida pelo partido pelo mesmo prazo.

Até lá, Bolsonaro ainda tem algumas possibilidades. Todas elas de se filiar a pequenos partidos, tipo PSL mesmo, antes de 2018 e depois de 2022. Só que deveria parar de escolher demais e tomar logo uma decisão, sob o risco de ficar sem ter para onde ir – o que, aliás, seria muito bom!

(*) Fernando Benedito Jr. é jornalista e editor do Diário Popular

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