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Sob ataque na Câmara, Sérgio Moro se repete, ataca hackers e se vitimiza

(DA REDAÇÃO) – À exceção da banda aliada – cujo papel limitou-se à bajulação – na audiência conjunta da comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho da Câmara dos Deputados, o ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, viveu um dia de cão nesta terça-feira (2) ao ser interpelado pelos deputados da oposição.

Diante de questionamentos que fustigaram sua conduta como juiz da Lava Jato, não restou a Moro outra opção senão se vitimizar (disse várias vezes que entregou seu telefone para a Polícia Federal investigar os vazamentos, como vítima), atacou o site The Intercept pela publicação dos vazamentos de “mensagens adulteradas” (ou “balões vazios”), reforçou as teorias de conspiração dos aliados de que está sendo vítima de uma invasão perpetrada por hackers financiados com dinheiro de Cuba e Venezuela em retribuição aos empréstimos do BNDES, afirmando que não se trata de serviço feito por “garotos com espinhas na frente de um computador”, além de tergiversar inúmeras vezes com chavões como “pode ser”, “não me lembro”, “é possível que eu tenha dito”.

FAMÍLIA, NÃO

Num dos poucos momentos em que a pressão aumentou, admitiu que a esposa trabalhou no escritório de Carlos Zucolotto, acusado de extorquir em R$ 600 mil do advogado da Odebrecht, Taclan Duran, não sem antes se mostrar indignado pelo envolvimento da esposa, a advogada Rosângela Moro no caso, classificando o questionamento como baixaria e taxando Tacla Duran de foragido, com mandado de prisão expedido no Brasil.

O ministro foi duramente questionado sobre sua decisão de assumir o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro, abandonando a Lava Jato e depois de colocar na prisão o principal líder das pesquisas Luiz Inácio Lula da Silva, que venceria as eleições em primeiro turno.

INOPERÂNCIA

Seu papel no Ministério da Justiça também foi inquirido por deputados que criticaram vistas grossas para a presença de milicianos em gabinetes de aliados em Brasília, como dos filhos do presidente, a ausência de medidas no caso Queiroz, dos Laranjas do PSL – neste caso específico lembrou que a Polícia Federal fez uma operação e prendeu alguns assessores e ex-assessores do ministro do Turismo, que continua no cargo), visitas de lobbystas da indústria de armamentos ao seu gabinete, entre outras “derrapadas”.

NADA DEMAIS

No mais, o ministro Sérgio Moro continuou defendendo sua atuação como ex-juiz da Lava Jato afirmando que não cometeu nenhuma ilegalidade, que tudo o que fez está dentro dos limites processuais, que as denúncias são um balão vazio e os conteúdos não apresentam “nada demais”, que trata-se de ataque criminoso, material sensacionalista, não autenticado. Meras suposições.

E citou juristas americanos que escreveram artigos afirmando que também não viam nada demais nas denuncias do The Intercept. E foi desmentido.

Moro citou artigo do jurista norte-americano Mathew Stevenson dizendo que as denuncias do The Intercept haviam se esvaziado, mas foi interceptado pelo deputado Camilo Capiberibe, que leu trechos do artigo que falava de coisas que Moro não citou, como a “chocante quebra de ética de Moro” e que Deltan Dallagnol errou profundamente ao não interromper os diálogos com Moro e que foram tornados públicos”, entre outras observações que depõem contra Moro.

Capiberibe conclui com uma pergunta que foi recorrente durante a audiência: “Como se sente com o seu comportamento colocando em risco a Lava Jato?”

IN FUX WE TRUST

Ao ser questionado sobre o tom jocoso e irônico em relação ao Supremo Tribunal Federal nos diálogos em que profere a frase “in Fux we trust”, Sérgio Moro tenta mostrar um lado que raramente se vê em seu comportamento sizudo e tenta minimizar: “Foi uma paródia do dólar norte-americano. Algo mais inocente possível, se é que isso foi empregado. Agora, um juiz falar que confia no Supremo ou num ministro do Supremo é uma ilicitude? Revela alguma parcialidade? Me parece impossível fazer este tipo de  afirmação em cima de uma troca de mensagem desta espécie”, relativiza.

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