Cidades

Sem profissionais, SAMU não atenderá no final de semana

Os médicos do SAMU ameaçam estado de greve a partir de segunda-feira (10), caso o beneficio não seja pago pela Prefeitura      (Foto: Nadieli Sathler)

IPATINGA – As chamadas pelo 192 para acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em Ipatinga e região não serão atendidas a partir deste sábado (8). Isso porque não há médicos na escala do final de semana para receber as ligações e cumprir os protocolos de regulação para despachar as ambulâncias e ainda atender aos casos graves que exigem a presença do médico.

Além da escala defasada, os profissionais não vão mais se desdobrar para evitar a suspensão do serviço, já que o governo Robson Gomes (PPS) cortou a compensação financeira paga a todos os médicos que trabalham no setor de urgência e emergência: benefício foi incorporado aos salários há seis anos e equivale a 50% do salário base.

Durante reunião na última terça-feira (4), os médicos contratados e concursados que prestam serviços no SAMU deliberaram pela paralisação integral das atividades caso a gratificação não seja devolvida até segunda-feira (10).

Pelo menos 10 médicos contratados ameaçam pedir demissão: com isso restariam no local apenas os seis médicos concursados, que também estão insatisfeitos com a precariedade do serviço desde que as horas extras foram cortadas, há seis meses.

Uma comissão de funcionários vai tentar se reunir com o secretário municipal de saúde Wagner Barbalho no início da tarde desta sexta-feira (7). O grupo prometeu ainda fazer um protesto na Praça dos Três Poderes.

MINISTÉRIO PÚBLICO
Um novo documento relatando os problemas de gestão dentro do SAMU foi protocolado no Ministério Público Federal e na Prefeitura. A carta aberta é assinada pelos médicos e faz um retrospecto dos problemas gerados pelo Governo Robson em 2012.

“É com grande pesar que os médicos do SAMU de Ipatinga se dirigem a vocês para mais uma vez terem a chance de expor suas reais condições de trabalho, bem como as consequências da omissão e das atitudes claramente equivocadas que vêm sendo tomadas pela Administração Municipal, principalmente neste ano de 2012. Nosso objetivo não é somente o de fazer valer nossos direitos, mas também o de garantir a continuidade do serviço e a segurança da população”, explica o documento.

A primeira reclamação é quanto à sede da Central de Regulação do SAMU, que fica na rua Odino Gonçalves, 49, bairro Cidade Nobre. Os profissionais alegam que não há espaço suficiente ou mesmo adequado, condições sanitárias, segurança e organização condizente com o serviço que é prestado.

“Estamos há mais de três anos sem sistema informatizado para o atendimento às ocorrências, sendo que todos os registros desde então são feitos de forma manual, em ficha previamente elaborada, o que resulta em atrasos no atendimento e em grande dificuldade para a confecção dos relatórios de produção a serem enviados a Secretaria de Estado da Saúde e para o Ministério da Saúde”, denunciou.

A falta de gravação telefônica é outro problema também sem solução, que inclusive já foi denunciado anteriormente pelo DIÁRIO POPULAR. Os atendentes do SAMU se sentem expostos sem o material digital.
Eles ainda descrevem a falta de treinamentos e atualização para as equipes, sucateamento das ambulâncias, escassez de medicamentos e de materiais para prestar o socorro às vítimas graves.

RISCO
A escalada defasada também é responsável pela queda de 50% no atendimento. A desativação de pelo menos metade da frota de ambulâncias é consequência direta da falta de equipe. No SAMU há um déficit de oito condutores socorristas, 11 técnicos de enfermagem, cinco telefonistas e operadores de frota e dois funcionários administrativos.

“O mais prejudicado com tudo isto foi o usuário, mas o médico regulador passou a trabalhar numa situação de stress e insegurança muito maior, por não dispor de número adequado de equipes para atender à demanda de ocorrências, tornando-se alvo cada vez mais frequente de insultos e ameaças. Chegaram a ocorrer, inclusive, invasões à central de regulação, bem como outras situações de violência psicológica que preferimos não mencionar”, registrou o documento.

GREVE
Ao final da carta, os médicos pedem a solução dos problemas mais graves que afetam a prestação dos serviços e as condições de trabalho, e a quitação dos valores descontados dos salários sem aviso prévio.

“Caso contrário, entraremos em estado de greve a partir do dia 10 de dezembro. Lembramos ainda que a escala do fim de semana está com lacunas e no próximo sábado, por exemplo, não há médico escalado para o plantão, o que poderá resultar na necessidade de interrupção dos serviços do SAMU de Ipatinga, já que não há despacho de ambulância sem regulação médica”, finalizou.

Você também pode gostar

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com