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Sem medo do ridículo, Bolsonaro põe tanques na Esplanada

No dia da votação da PEC sobre voto impresso na Câmara, governo faz exibição de força militar em Brasília

(*) Fernando Benedito Jr.

A exibição de “poderio” bélico e militar em frente ao Palácio do Planalto amanhã, programada pelas três Armas, certamente, a pedido do comandante-em-chefe, é mais uma manobra do Planalto para tentar encobrir a eventual derrota que deverá sofrer no Plenário da Câmara na votação da PEC sobre voto impresso. Aproveita para fazer uma pressãozinha. Os parlamentares, como não poderia deixar de ser, reagiram e pedem ao Supremo Tribunal Federal que impeça a palhaçada.

Vamos ver como fica na cena mundial a foto de tanques na Esplanada, relembrando o golpe de 1964.

Cada país tem o Kim Jong-un que merece.

Em mais esta encenação de sua vocação golpista, “coincidentemente” no dia em que a Câmara dos Deputados vota uma das últimas imbecilidades propostas pelo presidente, a “exibição de força”, não passa de uma demonstração de fraqueza, de debilidade.

É estranho que não se toque no assunto no site de nenhuma das Forças. Nem Exército, Marinha ou Aeronáutica, mencionam a manobra. Somente no final da tarde desta segunda-feira, depois que a baboseira já tinha vazado geral, a Assessoria de Imprensa da Marinha compartilhou uma nota dizendo que amanhã, às 8h30, “veículos blindados, armamentos e outros meios da Força de Fuzileiros da Esquadra” irão estacionar em frente ao Palácio do Planalto para que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Defesa, general Braga Netto, recebam “convites para comparecerem à Demonstração Operativa, que ocorrerá no dia 16 de agosto, no Campo de Instrução de Formosa (CIF)”. Constrangidos generais têm reforçado nos bastidores que “não há blindados do Exército” na atividade prevista para acontecer nesta terça-feira (10) em Brasília.

Nunca antes na história deste País um presidente foi convidado para uma manobra com tanques, artilharia, cavalaria ou seja lá de qual artefato bélico se trate, estacionado na porta da sua casa. São coisas que só acontecem nestes tempos. Tal qual o menino brincando com os soldadinhos de chumbo no quartel pegando fogo.

Ou seja, tudo não passa de mais uma insanidade do presidente, mais uma “cortina de fumaça” para tentar mostrar que tem poder, é forte, pode dar um golpe quando quiser, claro, com o apoio das Forças e para delírio de seus apoiadores que não se cansam de pedir a volta da ditadura militar com Bolsonaro no poder – uma das pautas mais atrasadas e sem sentido que algum movimento conservador pode sustentar. Já vivemos uma ditadura, os militares e Bolsonaro estão no poder. Estão querendo o golpe do golpe?

É demais pra cabeça. Valha-nos, São Jorge. E, derrotado o voto impresso em Plenário, vejamos qual outro teatro vem depois da exibição militar.

(*) Fernando Benedito Jr. é jornalista e editor do Diário Popular.

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