Cidades

Rondave pode demitir funcionários

O prefeito Robson inaugura ônibus adaptados, em abril deste ano: frota municipal atende aos alunos da Apae e portadores de deficiência visual e auditiva     (Foto: ACS/PMI)

IPATINGA – A empresa que presta serviços na área de logística ao município, Rondave, colocou, na segunda-feira (10), 65 funcionários de aviso prévio. Os motoristas e monitores terceirizados trabalham no transporte escolar da rede municipal, mantido através de convênio entre a empresa e a Prefeitura de Ipatinga.
Cecília Conceição de Souza é monitora no ônibus que atende aos portadores de necessidades especiais da Administração Municipal há quase 11 anos. Na Rondave, ela foi contratada há sete meses.
“Por falta de pagamento, os funcionários foram colocados de aviso prévio. Dentro de 30 dias, se não houver o pagamento, o transporte vai acabar. A maior preocupação da gente não é perder o emprego. São os nossos alunos, devido à dificuldade que eles têm de estar vindo para aula”, afirmou.
A monitora explicou que muitas mães não têm tempo de pegar ônibus de linha para trazer e levar os filhos até as unidades de ensino. Além da dificuldade financeira, há os problemas de locomoção com os filhos cadeirantes.
“Não lamento pelo meu emprego. Minha preocupação maior é pensar na dificuldade dos pais. Falta pouco tempo para terminar, muitos vão perder o ano e ficar sem vir para aula”, disse.

SAÚDE
O atendimento na área da saúde foi o primeiro a sofrer baixas. As ambulâncias da empresa Rondave que atendiam à demanda do município foram remanejadas para Belo Horizonte e os motoristas foram demitidos.
“As ambulâncias iam para Belo Horizonte e Governador Valadares, a qualquer lugar que o paciente fosse encaminhado pelo SAM (Serviço de Atenção Médica). Agora chegou a vez do transporte escolar paralisar, devido à falta do pagamento”, lamentou Cecília.
A justificativa dada pelo supervisor da empresa aos funcionários é que não é mais possível manter os salários sem o pagamento da dívida da PMI. “Peço que eles pensem mais e tenham um pouco de amor à humanidade. Temos amor de verdade pelos nossos alunos, já sentimos na pele o que é ficar sem transporte. A Rondave é uma empresa muito boa, nos concedeu plano de saúde, coisa que nunca tive”, ponderou.

MOBILIZAÇÃO
Juliana Damasceno também é monitora e lamentou a possibilidade de demissões. “Infelizmente, a Prefeitura está deixando a desejar. Nossos alunos precisam e estão sendo jogados de lado. Estamos tristes de ficar desempregados e de ver os estudantes sem acesso à escola”, falou.
A mobilização dos motoristas e monitores é uma tentativa de sensibilizar o governo municipal a quitar sua dívida com a Rondave. “Não podemos ficar parados. Se não mostrarmos como as coisas estão, ninguém vai se preocupar”, alegou.

DEMANDA
Ao todo, 14 ônibus adaptados para deficientes, dois microônibus e cinco vans atendem diariamente a mais de 1.300 alunos da rede municipal de ensino. Os veículos ficam à disposição, entre os turnos, para todas as unidades escolares e no atendimento a atividades extracurriculares.
O transporte é para os estudantes com deficiência visual e auditiva, que estudam nas Escolas Altina Olívia Gonçalves e Maria Rodrigues Barnabé, Centro de Atendimento Multidisciplinar (Cenam), alunos da Escola Estadual Engenheiro Amaro Lanari, da Escola Municipal Henrique Freitas Badaró, e estudantes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Ipatinga (Apae).

DÍVIDA
De acordo assessores técnicos da Comissão de Controle da Execução Orçamentária e Finanças do Poder Legislativo, só no ano de 2012 a Prefeitura de Ipatinga empenhou para a empresa Rondave R$ 10.463.322,70.
Aproximadamente R$ 7 milhões já foram pagos pelos serviços. A empresa foi a vencedora de um processo licitatório, dividido em lotes, para atender às secretarias de Educação, Saúde, Assistência Social e Administração.
O montante de empenhos que estão em andamento – ou seja, ainda em processo de liquidação, para pagamento – é de R$ 2.939.081,24.

NORMALIDADE
Em nota, a Prefeitura informou que nenhuma das secretarias que mantêm contrato com a Rondave, até o presente momento, foi formalmente notificada sobre a demissão dos funcionários ou sobre qualquer tipo de interrupção dos serviços prestados.
Entretanto, há alguns meses, os contratos da administração municipal de Ipatinga, de forma geral, passam por revisão, redução e renegociação em função da crise econômica mundial e da queda de arrecadação de receita.

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