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Racha no PSL revela o baixo nível da baderna

(*) Fernando Benedito Jr.

A confusão que se instalou no PSL – que já vinha se arrastando no lamaçal desde o caso dos “laranjas” – é a prova cabal de que o clã Bolsonaro não precisa de oposição: consegue se auto-implodir sem nenhum esforço. A falta de tato e de habilidade política, a maneira nada polida no trato com as pessoas e uma dose cavalar de ignorância são alguns dos ingredientes da receita para que tudo o que toquem se transforme num verdadeiro desastre. São sucessivos desastres ambientais estimulados por uma política que nega a mudança climática e desdenha do meio ambiente. Um desarranjo diplomático como nunca se viu. Uma escassez de inteligência que é coisa rara. Não à toa a deputada Joice Hassselmann, ex-bolsonarista de carteirinha, e militante da linha de frente da milícia presidencial disse que a inteligência emocional de Jair é “-20”, despertando a ira do filho Eduardo, que fez chacota com a deputada postando nas redes sociais uma montagem com seu rosto em uma nota de três, chamando-a de falsa.

Desenfreada e destemperada, Joice reagiu à altura, depois de ser destituída do posto de líder do governo na Câmara: “Olha só mais um “presentinho” da milícia digital para mim. Anota aí: NÃO TENHO MEDO DA MILÍCIA, NEM DE ROBÔS! Meus seguidores são DE VERDADE, orgânicos. E não se esqueçam que eu sei quem vocês são e o que fizeram no verão passado”, reagiu no Twitter.

É. Bacana, isso! E tudo porque o pai queria colocar o filho no comando do partido e na liderança na Câmara – parece que desistiu daquela história da Embaixada nos EUA, depois da traulitada na OCDE.

Também ensandecido com os Bolsonaro, o líder do PSL na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir (GO), afirmou, em áudio vazado que vai “implodir” o presidente da República Jair Bolsonaro, a quem chamou de “vagabundo”.

“Eu vou implodir o presidente. Aí eu mostro a gravação dele. Eu tenho a gravação. Não tem conversa. Não tem conversa, eu implodo o presidente. Acabou. Acabou o cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo. Eu votei nessa p., eu andei no sol em 246 cidades, andei no sol gritando o nome desse vagabundo”, diz Waldir. No áudio, ele afirma, ainda, que “em janeiro” deixará da liderança do partido. “Em janeiro, eu saio. Agora, se ele insistir comigo, eu vou implodir ele”, afirma em outro trecho da gravação.

Na noite da quarta-feira (16), 27 deputados aliados de Bolsonaro assinaram um documento pedindo o afastamento de Waldir. No entanto, uma das assinaturas não foi confirmada. Na tarde de quinta-feira (17), a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara informou que Waldir continuava líder do PSL.

Em outro trecho do áudio, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR) reclama da postura de Eduardo Bolsonaro e diz que “a gente foi tratado que nem cachorro desde que ele [Eduardo] ganhou a eleição. Nunca atendeu a gente em p. nenhuma (…), ele f. a bancada, f. todo mundo, se esconde na rede social, e daí a gente vai assinar a liderança para ele e achar que está tudo bem? Só liga na hora em que precisa de favor para f. com alguém?”.

Nesta sexta-feira, Delegado Waldir voltou à carga contra os Bolsonaro ao afirmar que Jair tentou comprar deputados para assinarem lista favorável à colocação de seu filho Eduardo como novo líder da bancada. Membros do PSL e parlamentares ligados a Bolsonaro protagonizam uma série de brigas públicas após um racha que ocorreu na sigla.

“A questão [que eu estava falando] da implosão era o áudio que foi divulgado do presidente tentando comprar parlamentares ao oferecer cargos e o controle partidário para aqueles parlamentares que votassem no filho do presidente”, afirmou ele ao jornal “Folha de S.Paulo”.

Questionado se haveria margem para um processo contra Bolsonaro afirmou que isso “cabe à sociedade e aos partidos decidirem”, mas que o PSL não tomará atitude nesse sentido.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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