Cultura

Quilombolas preservam raízes culturais com o apoio do Estado

Omar Freire/Imprensa MG

BH – O Dia Mundial da Consciência Negra é comemorado no dia 20 de novembro. Em Minas Gerais, as comunidades quilombolas dão exemplo de preservação de liberdade, cultura e identidade deste povo.
O Decreto federal nº 6.040/2007 classifica os Povos e Comunidades Tradicionais como grupos culturalmente diferenciados. As comunidades quilombolas são grupos étnicos que se autodefinem a partir das relações com a terra, o parentesco, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias.
Em Minas Gerais, o Governo do Estado desenvolve ações de preservação e estímulo aos quilombolas (e demais comunidades tradicionais) nas áreas de educação, empreendedorismo, cultura, agricultura familiar, entre outras.

ARTUROS

A Comunidade Quilombola dos Arturos, em Contagem, no Território Metropolitano, por exemplo, é uma das mais tradicionais. Preserva o aspecto simples e tranquilo de uma vila do interior, com casas antigas com fogão a lenha, árvores frutíferas, como manga e cagaita.

Música, dança e tambores compõem a vida dos descendentes de Arthur Camilo, fundador da comunidade. Fé e religiosidade são transformadas em festa para superar a marca do sofrimento vivido pelos antepassados e as dificuldades do cotidiano. É também nessas festas religiosas que os Arturos reforçam a devoção à Nossa Senhora do Rosário e demais santos negros (São Benedito e Santa Efigênia). A Congada dos Arturos, por exemplo, atrai muita gente para Contagem.

A festa se caracteriza pelo cortejo repleto de símbolos, como bandeiras, vestimentas, canto, dança, reza e missa. Entre cantos e danças, os figurantes representam a coroação de um rei congolês e a devoção à Nossa Senhora do Rosário. O rosa, verde, branco e azul marcam o colorido da festa.

Para o patriarca e capitão da Guarda de Congo da comunidade, Mario da Luz, 90 anos, a fé religiosa é o principal atrativo para pessoas de diversas idades e etnias. “Muita gente vem aqui, de todo lugar do mundo, para benzer. Eu aprendi com a minha irmã, que sempre foi benzedeira aqui na comunidade”, relata.

PROFISSIONALIZAÇÃO

A professora Goreth da Luz acredita que a comunidade poderia gerar mais renda se as famílias tivessem mais oportunidades de aprender outras atividades produtivas.
Segundo ela, um exemplo de que a ajuda do Governo de Minas Gerais é bem-vinda diz respeito à participação nas feiras livres. “As feiras nos ajudam a divulgar o nosso trabalho. O nosso diferencial está nas bijuterias, que são diferentes e as mulheres adoram”, enfatiza.

MATO DO TIÇÃO

A comunidade quilombola Mato do Tição, em Jaboticatubas, no Território Central, se uniu para fortalecer a atividade produtiva local. Formada por 37 famílias numa área com pouco mais de três hectares, os descendentes apostaram na criação de uma associação quilombola.

Com a ajuda da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), a Associação Quilombola do Mato do Tição, criada há 10 anos, fortaleceu a preservação e divulgação da cultura afrodescendente; a inserção das famílias em programas e políticas públicas; a luta pelo direito à terra; a promoção da causa quilombola e a geração de renda.

A associação trouxe benefícios importantes para as famílias da comunidade Mato do Tição. Um deles foi o estímulo ao artesanato local, como cita a líder da comunidade, Marilene Gonçalves Pinto.
“As principais peças produzidas são bandeiras, estandartes, roupas e bolsas, com a identidade da cultura afro estampada no tecido”, afirma. As peças são vendidas na região.

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