Cidades

Prefeitura ‘fecha’ projeto e prejudica comerciantes

Um dos projetos desenvolvidos proporcionava aos moradores de rua um local para passar o dia, com atividades variadas  (Crédito: Mariana Goulart)

 

IPATINGA – Comerciantes da rua Santa Bárbara, no Centro da cidade, estão sofrendo com o fechamento do projeto social ‘Missão’, vinculado ao Videiras. O local funcionava na avenida José Júlio da Costa, 60, e está fechado há cerca de um mês por falta de repasse de verbas da Prefeitura Municipal de Ipatinga. Desde então, sem ter um local adequado para passar as tardes, moradores de rua escolheram as portas dos comércios para se estabelecerem até que possam voltar ao Videiras para passar a noite.
Atualmente, o projeto funciona somente como abrigo para moradores de rua e migrantes na mesma situação. São oferecidos 50 leitos para que os necessitados possam passar a noite em segurança. No local fechado, eram oferecidos cursos para que os moradores de rua passassem os dias realizando atividades variadas. Sem a sede, já que a administração municipal não firmou um novo convênio para que os cursos continuem a ser realizados, a saída foi interromper o projeto.

PROBLEMA
A empresária Analice de Fátima possui um hotel na rua Santa Bárbara e disse que o seu comércio tem sido prejudicado. “Desde que os moradores de rua não estão sendo mais atendidos pelo outro projeto, eles ficam o dia todo aqui na porta esperando, já que só tem lugar para ir à noite. E com isso muitos clientes meus chegam e não entram no hotel porque ficam com medo quando veem muitos moradores de rua em frente ao meu estabelecimento”, contou a empresária.
Ela disse ainda que durante os finais de semana, quando o comércio fecha, ela também está tendo que fechar o hotel. “Todo mundo da rua está sendo prejudicado, mas o meu caso é pior porque os meus clientes chegam todos os dias. E quem chega vê toda a movimentação. E também quem chega de outra cidade não confia que os moradores de rua não vão fazer nada de errado”, declarou Analice. “Desde que o prefeito fechou o projeto por falta de verba é que estamos passando por essa situação, há mais ou menos um mês. E eles estão usando o beco que tem ao lado do hotel para fazer as necessidades fisiológicas e com isso o mau cheiro fica insuportável”, continuou.
Francisco trabalha como despachante há muitos anos no Centro, na mesma rua. “Está difícil a gente ficar aqui. Na parte da tarde eles sentam na minha porta e muitas vezes impedem que as pessoas entrem. Eles também ficam ouvindo som na maior altura e a gente tem que pedir pra eles baixarem para atender telefone. E o pior é que eles ainda fazem as necessidades do lado do meu estabelecimento e ficam embaixo da minha janela”, detalhou Francisco.
Ainda segundo ele, um apelo já foi feito às autoridades municipais para que o problema seja resolvido. “Nós estamos pedindo às autoridades competentes para resolver essa situação.
Eles dormem na nossa calçada e, se pelo menos não fizessem nada além disso, tudo bem. Mas eles continuam a fazer as necessidades no beco. Por mais perfume que a gente jogue na sala não tem condição de ficar aqui”, reforçou.

REGRAS
De acordo com Débora Rodrigues Teixeira, coordenadora do projeto Videiras, o albergue está à disposição dos moradores de rua, mas algumas regras devem ser respeitadas. “Falamos para os moradores de rua que os leitos estão disponíveis para eles. Mas aqui dentro tem que ter regras e temos normas para que o andamento do trabalho seja legal e para que possa produzir efeito. Não é só para dar roupa e alimentação, o nosso trabalho vai muito além”, explicou a coordenadora.
Segundo ela, a intenção do projeto é reintegrar os moradores de rua à sociedade. “Temos psicólogas e assistentes sociais e fazemos um trabalho para mostrar pra eles que existe a possibilidade de superação de rua. Porque eles estão na rua, eles perderam todo o vínculo com a família e perderam também a noção de regras. Nosso trabalho tem esse objetivo de mostrar pra eles essa possibilidade”, afirmou.
Débora afirmou que na última semana proibiu os moradores de rua que frequentam o projeto Videiras de dormir na porta dos comércios da rua. “Inclusive isso não acontecia antes e a situação só está desse jeito por causa do trabalho do outro projeto que fechou”, concluiu Débora Rodrigues.

O QUE DIZ A PMI
A Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura de Ipatinga informou por meio de nota que a lei que viabiliza a renovação do convênio com o Projeto Videiras, da praça José Júlio da Costa, 60, já foi aprovada em duas votações pelo Legislativo, e que será sancionada pelo Executivo nos próximos dias.

Comerciantes reclamam que moradores de rua fazem as necessidades na rua, causando mau cheiro

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