Cultura

Poeta underground lança trecho da obra “Deighmann” em Timóteo

Na poesia de Hugo Lage prevalecem os temas liberdade e política, numa análise crítica rigorosa ao sistema que corrompe os humanos


TIMÓTEO
– “Anarcadia do Deighmann” é o nome da coletânea de poemas que o músico e professor de História, Hugo Lage, vem organizando há alguns meses e que ele pretende publicar em breve. Mas, antecipando o lançamento de parte do livro, o escritor realiza “Deighmann”, uma mostra de escritos que compõem a obra. O evento acontece a partir das 18:00 horas de hoje (7), na Rodoviária de Acesita, no Centro de Timóteo, com entrada franca.

Em relação ao público-alvo, Hugo diz que o trabalho é para todos. “Vou contar com a presença dos amigos, dos inimigos e dos que são um pouco de cada, dos parentes e dos ausentes, dos revoltosos e dos injuriados, dos bêbados, drogados, dos andarilhos, mendigos e viajantes. Afinal, de todos que passam pelas plataformas de encontros e desencontros daquela estação e que ilustra um pouco esse movimento constante de ir e vir para todos os cantos do mundo”.

UNDERGROUND
Hugo é um poeta que, na sua condição e vocação de músico da cena underground, sempre inseriu suas composições num circuito marginal-alternativo profundamente ligado à ideia de resistência cultural. Foi nesse terreno que o medo cedeu espaço para o entusiasmo de transformar sua visão do mundo em poesia, semeando ideologias e livrando o mundo de algumas questões que parecem perdidas. “Minha paixão por escrever é antiga, desde que me entendo por gente, mas nunca nutri muita coragem para investir no ofício”. Segundo o poeta, foi por meio da poesia que ele passou a trilhar pelos caminhos da filosofia, da música. “Esse foi primeiro gênero literário que me encantou, e, desde os meus 15 anos, passei a compor letras para bandas de rock”, recorda.

Desse tempo, Hugo não guardou nenhuma poesia. “Sempre achei tudo muito ruim, preferia as letras das músicas”, revela, acrescentando que, apesar de não ser nomeadas como poesia, suas composições são poéticas. “Mas a metrificação, as trovas só vieram com o tempo”, completa.

CRENÇA

Quanto à inspiração, Hugo diz que as coisas nas quais acredita são sempre tema de sua obra. “Há quem se inspire para um trabalho em troca de salário e resguardos de um governo faz isso por acreditar nisso, não é? Falo exatamente sobre o que creio”

Com sua poesia, assim como o som que ele faz, Hugo às vezes chega a incomodar, “num desarranjar das coisas, tirar tudo do seu lugar comum, não promover aquela sensação que soa como agradável pra quem gosta do que é normal segundo conceitos sociais. Mas, por outro lado, a gente promove gritos, reflexões sobre a vida livre que muitos desprezam , relevam e até desprezam por falta de atitude diante do que ninguém pode ficar indiferente”

Em relação aos autores que são referência para Hugo, ele cita Raul Seixas, Camões, Alphonsus de Guimaraens, Augusto dos Anjos, Henry David Thoureau, Jean Jacques Rousseau e Proudhom.
Apesar de sua afinidade com grandes autores, Hugo diz que não sonha em estar na lista dos mais vendidos, “mas em ser livre pra difundir as ideias e tudo o que acredito. E que isso mude alguma coisa no mundo, pra melhor”.

 

Obra tem liberdade e política como temas recorrentes
Liberdade e política são temas recorrentes nas composições de Hugo. “Minha relação com tudo o que respira, com todos os animais e com as pessoas é um ato político e que passa pela liberdade plena, que carece de uma discussão profunda, responsável. “Antes de a gente se preocupar em reduzir a população carcerária humana, a gente tem que tornar livre a população carcerária de outras espécies, que a gente aprisionou, condena à morte quando queremos, e são, sem sombra de dúvida, inocentes”, sublinha.

Para Hugo, a poesia é um elo perdido entre o ser humano e o macaco, “é o ancestral comum da música e da literatura. Ambos se fundem em minha cabeça, principalmente ao longo da noite, o período em que sou mais produtivo”, comenta.

Questionado sobre um momento que ele destacaria ao longo da carreira de músico, compositor e poeta, ele diz que será sempre o tempo em que ele está no palco tocando alguma composição de sua autoria.

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