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Pesquisadores vão avaliar prejuízo em base brasileira na Antártica

Imagem da estação Comandante Ferraz, na Antártica: todos os equipamentos científicos que estavam na estação foram perdidos

 

RIO DE JANEIRO – A coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Antártico de Pesquisas Ambientais (INCT-APA), Yocie Yoneshigue Valentin, vai se reunir com os pesquisadores que desenvolviam trabalhos de campo na Antártica “o mais rápido possível”, para avaliar as perdas sofridas na Estação Comandante Ferraz, destruída por incêndio no último sábado, naquele continente. Ela acredita que a reunião deverá ocorrer no fim da semana que vem.
“Não pode ser no calor do momento. Senão, a gente não vai conseguir nada”, disse Yocie Valentin, ontem (27), à Agência Brasil. Ela esclareceu que os pesquisadores estão muito abalados com o incêndio, que deixou dois militares mortos e comprometeu os trabalhos de pesquisa que estavam sendo feitos no continente. Cerca de 15 pesquisadores do INCT-APA trabalhavam na Estação Comandante Ferraz.
Segundo a coordenadora do instituto, todos os equipamentos científicos que estavam na estação foram perdidos. A esperança, externou, é que os pesquisadores tenham feito uma cópia do material produzido lá nos próprios computadores pessoais. “Vamos ver se sobrou alguma coisa”.
A equipe do instituto vinha coletando material sobre as comunidades terrestres e marinhas da Antártica, na última fase da Operação 30, iniciada em 2011 e que se estenderia até 24 de março. Cada ano de pesquisas recebe um número. Isso quer dizer que o INCT-APA está atuando na Antártica há 30 anos. Nem todos os trabalhos, entretanto, foram feitos na Estação Comandante Ferraz, que acabou de completar 28 anos no último dia 6. As pesquisas iniciais do instituto foram feitas no navio oceanográfico Professor W. Besnard, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).

 

Integrantes chegam ao Rio lamentando perdas
Rio
– Cerca de 40 integrantes da Estação Antártica Comandante Ferraz, entre eles pesquisadores e servidores civis da base, chegaram por volta da 1h15 de ontem (27) à Base Aérea do Galeão, no Rio. O avião C-130 Hércules, da Força Aérea Brasileira (FAB), decolou de Punta Arenas, no Chile, na tarde de ontem (26) e, antes de chegar ao Rio, fez escala em Pelotas (RS) para o desembarque de quatro pesquisadores.
No momento do desembarque no Galeão, no rosto da maioria transparecia o cansaço. Um dos passageiros chegou a levantar as mãos ao céu, como se agradecesse por ter chegado bem ao Brasil. A pesquisadora Terezinha Absher, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ainda estava assustada ao falar com a imprensa.
“Eu estou assim, porque foi realmente assustador tudo aquilo. Nós ficamos do lado de fora, vendo a estação pegar fogo. Eu nem vou falar muito porque ainda estou emocionada. Foi traumatizante porque, há 20 anos, eu trabalho na Antártica, passo muitos meses lá. Era como se fosse minha casa pegando fogo. Perdi tudo. Todo o meu material de pesquisa e todos os objetos particulares. Não sei se voltaria para lá”, disse Terezinha, que trabalha com invertebrados marinhos.
Jasson Mariano, servidor civil da Marinha na manutenção da base, conta que ajudou a tentar apagar o incêndio na casa de máquinas. “Fomos acordados pelo nosso superior, nos chamando apavorado, dizendo que estava pegando fogo na base. Nós saímos com o uniforme de trabalho e fomos apoiar o grupo-base para tentar combater o fogo. Tentamos esticar a mangueira para pegar água do mar com as bombas, mas o incêndio se propagou muito rápido. A luta foi grande, mas não conseguimos”, relatou ele, que estava desde novembro na estação e retornaria ao Brasil no fim de março.
Já o pesquisador da Universidade de São Paulo, Caio Cipro, lamenta a perda das amostras de sua pesquisa, que são “ insubstituíveis”.

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