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Pesquisadores realizam trabalho de campo no Parque do Rio Doce

 Pesquisa durante a visita ao Parque Florestal: para entender a relação entre leishmaniose no Parque e na cidade

TIMÓTEO – Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV) estiveram no Parque Estadual do Rio Doce realizando um trabalho parasitológico de campo. Os participantes são os pesquisadores Doutor Cristian Ferreira (UFV), especialista em Biologia Parasitária, Alexandro Guterres, doutorando em Genética, e Jonatan Oliveira, mestrando em Biodiversidade e Saúde Silvestre, pesquisadores da Fiocruz.

O objetivo é estudar a transmissão da leishmaniose na região urbana no município de Timóteo e nas áreas adjacentes do Parque Estadual do Rio Doce. “O que queremos fazer aqui é entender o que acontece em relação à leishmaniose no Parque e na cidade. Vamos comparar as duas áreas, analisar o ciclo de transmissão”, explicou Cristian Ferreira.

PALESTRAS
Os pesquisadores realizaram palestra para funcionários do Parque, moradores da região e alunos do curso de Ciências Biológicas do Unileste. Dentre os temas abordados estão a leishmaniose, zoonose viral e captura dos animais silvestres para pesquisas.

A primeira palestra foi ministrada pelo Doutor Cristian Ferreira, que explicou que a leishmaniose é uma doença não contagiosa causada por parasitas (protozoário Leishmania) que invadem e se reproduzem dentro das células do sistema imunológico (macrófagos) da pessoa infectada.

“Sua transmissão se dá através de pequenos mosquitos que se alimentam de sangue e que recebem nomes diferentes, tais como: mosquito palha, tatuquira, asa branca, cangalinha, asa dura, palhinha ou birigui. São comumente encontrados em locais úmidos, escuros e com muitas plantas. É importante também saber que este parasita pode estar presente também em alguns animais silvestres, inclusive, em cachorros de estimação”, salientou Cristian, acrescentando que a doença pode se manifestar de duas formas: leishmaniose tegumentar ou cutânea e a leishmaniose visceral ou calazar.

A leishmaniose tegumentar ou cutânea é caracterizada por lesões na pele, podendo também afetar nariz, boca e garganta (esta forma é conhecida como “ferida brava”). A visceral ou calazar é uma doença sistêmica, pois afeta vários órgãos, sendo que os mais acometidos são o fígado, baço e medula óssea. Sua evolução é longa podendo, em alguns casos, até ultrapassar o período de um ano.

SINTOMAS E PREVENÇÃO
Os sintomas, segundo Cristian Ferreira, variam. No caso da tegumentar, surge uma pequena elevação avermelhada na pele que vai aumentando até se tornar uma ferida coberta por crosta ou secreção purulenta. Pode ser manifestar também no nariz ou na boca. Na leishimaniose visceral, ocorre febre irregular, anemia, indisposição, palidez da pele e mucosas, perda de peso, inchaço abdominal devido ao aumento do fígado e do baço.

Além do cuidado com o mosquito, através do uso de repelentes e blusas com mangas compridas em áreas muito próximas à mata, dentro da mata, as pessoas devem evitar sair no horário do crepúsculo e anoitecer, pois é o momento do dia onde há maior concentração de insetos. A limpeza do quintal e o descarte correto do lixo doméstico também são fatores importantes.

ZOONOSES VIRAIS
Alexandro Guterres, doutorando em genética, fez ainda palestra sobre zoonoses virais e as formas de apresentação e transmissão, bem como as medidas de prevenção. Entre as zoonoses abordadas pelo pesquisador, estão as hantaviroses e raiva. As hantaviroses, esclareceu Alexandro, são transmitidas por roedores infectados, enquanto a raiva é mais comumente transmitida por cães e gatos.
O pesquisador falou também sobre as formas de diagnóstico.

ANIMAIS DO PARQUE
Para utilizar animais em seus estudos, os pesquisadores têm autorização do IEF, licença do IBAMA para transporte de animais e CEUA (Comissão de Ética no Uso de Animais). Os roedores silvestres foram escolhidos por serem vetores na transmissão de doenças e por sua alta capacidade de reprodução não correrem o risco de extinção.
Alguns mamíferos presentes no PERD são hospedeiros de doenças estudadas pelos acadêmicos. Por exemplo, a capivara pode ter febre maculosa; os roedores estão associados ao hantavírus; enquanto morcegos e cães transmitem a raiva e primatas não humanos, a tuberculose.

No trabalho de campo os pesquisadores espalharam pelo parque armadilhas para captura pequenos mamíferos silvestres (roedores) para identificação das espécies e analise das infecções. “Nas armadilhas colocamos iscas feitas com aveia, banana, amendoim e bacon para atrair os animais. Uma vez capturados eles são transportados dentro das armadilhas envoltas em saco preto, para evitar a contaminação através da urina e fezes. O transporte é feito na caçamba da caminhonete”, explica Jonatan.

Um laboratório foi montado para os estudos. Para evitar a contaminação, a equipe que tem acesso ao laboratório e aos animais deve estar com os equipamentos de segurança (jaleco, luvas, capuz, respirador para filtrar o ar e botas). No laboratório são coletados dados como peso, medida corporal, sexo, quantidade de dentes e espécie. O animal é dissecado, a medula é coletada, parte do fígado para análise genética, a análise parasitológica é feita através do sangue retirado por punção cardíaca, do baço, pulmão, fígado e coração.


Vista geral do Parque Florestal do Rio Doce e
seu vasto bioma de Mata Atlântica

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