Opinião

O Ocidente contra o resto

Aleksandr Dugin divide o mundo em dois pólos: o Ocidente e a Eurásia. Segundo esse renomado professor e geopolítico russo, aquele que não apoia um lado, apoia o outro. Para ele, não existe meio termo.

Segundo Orlando Figes, em seu livro “Uma História Cultural da Rússia”, os seguidores do projeto eurasiano são, em sua grande maioria, aristocratas “desiludidos” com o Ocidente, mas que conservam a esperança de um possível futuro em que a Rússia assumiria o papel de protagonista no tabuleiro mundial. Outros estudiosos, ao falarem sobre o Eurasianismo, destacam que ele é uma aliança entre Rússia, China, e os países islâmicos, juntamente com uma parte da europa ocidental – hoje, muitos também acrescentam a Índia nessa aliança -, numa guerra contra os Estados Unidos e Israel, na busca pela instauração do controle russo em escala mundial. E essas observações encontram amparo e apoio nas próprias palavras de Aleksandr Dugin, que diz que “recrutar soldados para a luta contra o Ocidente e a instauração do Império Eurasiano Universal é minha meta”.

Para Dugin, os aspectos positivos da Rússia, e do Oriente, que devem ser expandidos e compartilhados para todo o mundo são a ordem, o holismo e a hierarquia. Já o Ocidente, é caracterizado por sua essência “negativa” e sua degradação.

Dugin, em sua visão dualista de mundo, chega a citar o cientista político Samuel Huntington, que usa a frase “o Ocidente contra o resto”, em seu livro “Choque de Civilizações”, para exemplificar os jogos de poder que hoje ocorrem no mundo. E, Dugin, juntamente com os apoiadores do projeto eurasiano, orgulhosamente se identificam como “o resto”, como ele mesmo diz: “Samuel Huntington costumava usar a frase ‘o Ocidente contra o resto’. Identifico-me com o resto e o incito a manter-se de pé contra o Ocidente”.

Segundo Dugin, “o ocidente moderno e pós-moderno tem que morrer”. Somente os valores que estiverem de acordo com o projeto eurasiano devem ser preservados durante esse processo de destruição global da Modernidade/Pós-modernidade. Ainda segundo ele, sua empreitada eurasiana é para salvar o mundo, e o próprio ocidente, pois “o ocidente está em agonia”, e precisa ser salvo dele mesmo e, para isso, o eurasianismo precisa levar a cabo sua revolta contra o Ocidente moderno, uma revolta que seja absoluta: “espiritual (tradicionalista) – falarei sobre isso em um próximo artigo dessa série, chamado “Restauração Religiosa” – e social (socialista)”.

Dentro desse contexto, podemos perceber que a empreitada eurasiana é muito maior e mais abrangente do que muitos possam imaginar, e vai muito além de expandir território através do conflito armado. É uma batalha contra todo o Ocidente, com sua cultura, filosofia, religião e costumes. Suas pretensões é de tornar a Rússia um novo Império mundial e, para isso, irão se opor contra todos aqueles que não apoiarem seus devaneios de dominação global.

(*) Wanderson R. Monteiro é formado em Teologia, coautor de 4 livros,

e vencedor de três prêmios literários.

(dudu.slimpac2017@hotmail.com)

(São Sebastião do Anta – MG)

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