Policia

Marido confessa ter mandado matar a mulher no Panorama

Joana Aparecida teve a morte encomendada pelo próprio marido

IPATINGA – O assassinato de Joana Aparecida Santos, 50 anos, já foi desvendado pela polícia. Na madrugada de ontem (6), por volta de meia noite, o marido dela, Adelino Lane dos Santos, acabou confessando ser o mandante do crime, depois que a PM localizou a moto roubada e dois menores que seriam os executores do crime. Adelino foi ouvido e mais uma vez liberado. Ele já tinha comparecido à delegacia anteriormente, mas não permaneceu preso por falta de provas.
A vítima foi morta na frente do filho de 14 anos em um suposto latrocínio (roubo seguido de morte), dentro da própria casa, na madrugada da última sexta-feira, na rua Serra Azul, no bairro Jardim Panorama. Além do adolescente e da mãe, uma menina de 10 anos também estava na casa. Após invadirem a residência, os indivíduos armados aterrorizaram os dois menores e depois subiram para o segundo pavimento da casa, onde amarraram as mãos de Joana, que ainda foi agredida com socos.
Segundo consta no Boletim de Ocorrência, as duas crianças contaram que em todo momento os criminosos ficaram perguntando onde estava o dinheiro e a arma. Os meninos responderam que não sabiam de nenhum dinheiro ou arma escondidos na casa. Um dos indivíduos então disse que mostraria o que eles queriam, e após rasgar o colchão onde Joana estava dormindo, retiraram um pacote de dinheiro e depois saíram do quarto.
Quando as vítimas pensavam que o terror já havia acabado, um dos bandidos voltou e desferiu uma facada no pescoço de Joana Aparecida. O golpe perfurou a traqueia da vítima e provocou grande sangramento. A cena do assassinato foi presenciada pelo filho mais velho. Depois de matarem a mulher, os supostos assaltantes pegaram as chaves da motocicleta (placa HCF-9594) e fugiram.
No dia do crime, o delegado João Luiz e o perito de plantão Mateus compareceram ao local dos fatos, realizando os trabalhos de praxe. Eles constataram que os autores utilizaram provavelmente uma cópia da chave da garagem ou uma chave falsa para terem acesso ao interior da residência.

SUSPEITO
Desde o início, parentes da vítima descartaram a hipótese de latrocínio e apontaram o marido dela como o mandante do crime. Segundo consta no relato da PM, irmãs da vítima contaram que Adelino possuía uma arma de fogo e que contratara um indivíduo para matar a esposa.
O fato foi descoberto depois que a pessoa contratada desistiu do “serviço” e contou aos familiares de Joana quais eram as intenções de Adelino. Ainda conforme os parentes, o homem já havia tentado contra a vida da mulher, quando a jogou de um barco na Lagoa Silvana. Outras duas testemunhas disseram à polícia que momentos antes do crime viram duas pessoas com as mesmas características dos autores rodando a casa da vítima.

1º DEPOIMENTO
Depois das informações colhidas pela PM, o marido de Joana foi levado para a delegacia para prestar esclarecimentos. Em sua oitiva, ele disse que havia guardado a quantia de R$ 5 mil dentro do colchão e que o montante era proveniente de agiotagem. Segundo ele, mais ninguém de sua família sabia da existência do dinheiro.
Na presença do delegado, o homem ainda arranjou um álibi, alegando que na noite do crime estava em companhia de sua amante. O acusado ainda relatou que a esposa tinha um seguro de vida, do qual ele era beneficiário, mas não soube informar qual o valor. Depois de ser ouvido, o principal suspeito foi liberado porque a polícia não encontrou indícios que o incriminassem.

2º DEPOIMENTO
A PM continuou no encalço dos dois criminosos que invadiram a residência. Por meio de denúncia anônima, a moto roubada foi localizada em uma residência no bairro Esperança. A partir daí, militares encontraram dois adolescentes que, apreendidos, contaram que o assassinato de Joana foi arquitetado por Adelino.
O marido de Joana foi encontrado na casa dos pais, no bairro Esperança, e novamente foi levado à delegacia, onde confessou que teria acertado um valor de R$ 10 mil com os adolescentes, para que forjassem um latrocínio. “Ele ainda disse que passou a cópia da chave do cadeado para os meninos. Indicou onde o dinheiro estava guardado. Somente não disse por qual motivo ele teria mandado matar a esposa”, disse o tenente Edinilson, que efetuou a prisão dos envolvidos.
Após ser ouvido, Adelino foi novamente liberado. A reportagem procurou pelo delegado que interrogou o assassino confesso, mas ele já havia saído do plantão da 1ª Delegacia Regional de Ipatinga. Para esclarecer o motivo pelo qual o acusado foi liberado, a reportagem entrou em contato com o Delegado Regional, Gilberto Simão. Ele também não soube dizer quais os motivos que levaram Adelino ser liberado. “Estou recebendo essa notícia de primeira mão por você do jornal”, disse o delegado à reportagem.
No entanto, ele explicou que um dos motivos pelo qual Adelino pode não ter sido recolhido se deve ao período eleitoral. De acordo com o código eleitoral, no artigo 236, nenhuma autoridade poderá, desde cinco dias antes e até 48 horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto. “O delegado de plantão provavelmente considerou que Adelino não estava mais dentro do flagrante. Esta situação deve ser analisada e, com certeza já na semana que vem, a delegada de homicídios Irene Angélica deverá intimar o acusado novamente”, esclarece o regional.

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