Policia

Manifestantes entram em confronto com a polícia

Homem do GATE com bomba na mão: artefato foi usado apenas uma vez durante protesto    (Fotos: André Almeida)

IPABA
– Cerca de 300 pessoas participaram nesta segunda-feira (24) de uma manifestação que pediu, principalmente, redução no preço das passagens de ônibus para Ipatinga. O protesto contou com interrupção de duas rodovias, atos de vandalismo e confronto com a Polícia Militar.

A principal motivação para o ato público era a diminuição da tarifa cobrada no ônibus que faz o trajeto entre o município e a cidade de Ipatinga. Hoje, os moradores pagam R$ 4,15 pela passagem e afirmam que o valor pesa no bolso, já que grande parte dos ipabenses precisa se deslocar a Ipatinga para trabalhar, estudar e fazer serviços que não existem na cidade, como emissão de documentos e até mesmo atendimento médico especializado.


Ônibus da Univale apedrejado na garagem da empresa; vândalos foram detidos


VANDALISMO

A caminhada começou no Centro da cidade, percorrendo algumas ruas. Um ônibus da Univale, empresa que é responsável pelo transporte intermunicipal na região, foi apedrejado no momento em que chegava à cidade. Os manifestantes também passaram pela garagem da concessionária e tentaram atear fogo em pelo menos três veículos, mas não conseguiram. Ainda assim, jogaram pedras contra seis carros da empresa. Três pessoas foram detidas e levadas para a delegacia de Ipatinga, pela prática de ato de vandalismo e crime contra o patrimônio.

A manifestação seguiu para a MG-A900, rodovia de acesso a Ipaba. As duas saídas da cidade foram fechadas e o trânsito foi impedido para todos os veículos. O protesto então seguiu em direção à BR-458. Os manifestantes desejavam parar a rodovia para chamar atenção para a causa.

TENSÃO
Entretanto, a Polícia Militar não concordou com o trajeto e um clima de tensão entre manifestantes e policiais foi iniciado. Homens do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foram acionados e fizeram uma barreira para impedir que os manifestantes seguissem para a estrada, a principal via de ligação entre o Vale do Aço e o Estado do Rio de Janeiro.

O clima de animosidade piorou quando populares arremessaram pedras contra os militares. Uma bomba de efeito moral foi acionada pela PM e atirada contra os manifestantes. Foi a única que vez que os militares utilizaram o artefato, embora alguns tenham permanecido com bombas em mãos.

INTERDIÇÃO

O capitão Luiz Antônio, da Companhia de Recobrimento de Ipaba, justificou a proibição alegando que os manifestantes já estavam há muito tempo protestando e que haviam provocado estragos na cidade. Sem poderem ir adiante com o protesto, os manifestantes permaneceram na pista e se sentaram na rodovia.

Após quase duas horas de tentativa de negociação, os populares ameaçaram ir para a BR-458 atravessando um canavial que liga as duas rodovias. Alguns chegaram a fazer o trajeto. Vendo que não poderiam impedir os manifestantes, a PM então liberou para que o protesto continuasse na estrada federal.

Já na BR-458, os ipabenses interditaram o trânsito formando duas barreiras, permitindo a passagem apenas de ambulâncias ou veículos com pessoas doentes. Um canavial foi saqueado por alguns manifestantes e diversos galhos foram espalhados pela rodovia. Os policiais e os homens do Gate permaneceram no local até o final da manifestação.


Manifestação interrompeu trânsito nos dois acessos de entrada à Ipaba

 

Em Ipaba, reclamação contra transporte é antiga
IPABA
– O protesto desta segunda-feira em Ipaba foi o clímax de uma discussão antiga sobre o transporte público na cidade, que não possui, por exemplo, linhas de coletivo municipais.

Atualmente, a principal forma de os moradores se deslocarem para Ipatinga é por meio da linha Ipaba-Ipatinga, cujo trajeto passa pelo Centro de Ipatinga, distrito de Vale de Verde e termina no Centro de Ipaba. Além do preço cobrado pela Univale, R$ 4,15, o que incomoda os moradores é a ausência de um transporte coletivo que alcance também outros bairros do município.

Com relação ao custo da viagem, Paulo Sérgio de Jesus, um dos organizadores do movimento, contou que o percurso da linha sempre é feito pela chamada “estrada velha”, próximo ao Vale Verde, cujo trecho faz a ligação entre a BR-458 e o Centro de Ipaba.

No entanto, há cerca de seis anos a pavimentação da MG-A900 deu uma nova opção de acesso ao município, também com ligação a BR-458 ao Centro de Ipaba. O novo acesso permitiu a redução de 4,5 quilômetros no percurso, totalizando 18 quilômetros, enquanto pela estrada velha o percurso total era de 22,5 quilômetros. Paulo Sérgio afirmou que a Univale passou a utilizar o novo percurso, com redução dos quilômetros rodados, e que mesmo assim a tarifação permaneceu inalterada.

“A Univale já está cortando caminho pela estrada nova, mas continua cobrando dos passageiros o valor da quilometragem do acesso velho, ou seja, pagamos por um trajeto, mas não utilizamos este caminho”, explicou.
Desde o ano passado, a Associação de Moradores da cidade protocolou no Ministério Público de Ipatinga uma representação pedindo uma análise do poder judiciário sobre a questão.

O Coordenador da Univale, Getúlio Araujo Costa, defendeu que não basta apenas vontade da empresa para a alteração do trajeto, sendo necessário que o Estado acate o pedido e peça a mudança da rota.
“Não somos nós os responsáveis pelas alterações dos trajetos entre Ipatinga e Ipaba, somente fazemos o transporte. A rodovia é de responsabilidade do Estado, portanto é ele que deve pedir para que seja feita a mudança, ou não, da rota dos ônibus”, explica.

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