Nacionais

Make Brazil great again ou a pátria de joelhos

(*) Fernando Benedito  Jr.

Na viagem aos EUA, Bolsonaro deu uma demonstração de submissão que colocou a pátria de joelhos. Uma submissão sádica, porque desconhece a exploração norte-americana no Brasil e na América Latina, desconhece as atrocidades no Iraque, Afeganistão e Oriente Médio em nome do combate ao terrorismo, faz vistas grossas para a rapinagem do petróleo alheio. Foram inúmeros acenos, afagos e carinhos não correspondidos. Uma coisa inexplicável, marcada pela bajulação extremada. Um servilismo de fazer dó. De uma só vez, liberou os americanos, canadenses, japoneses de visto para entrarem no Brasil, sem pedir nada em troca – a tradição diplomática prevê a reciprocidade. Em contrapartida, os EUA que já haviam aumentado a barreira para visto de brasileiros, recomendaram aos americanos: “Exerçam mais cautela no Brasil por causa de crimes”.

À emissora de TV Fox News, Bolsonaro defendeu o muro de Trump. “A maioria dos imigrantes não tem boas intenções”, disse, certamente se referindo aos mexicanos e mais uma vez metendo-se em assuntos estrangeiros que não lhe dizem respeito. Mas, pelo jeito, incluem-se aí os brasileiros e latinos em geral. O ministro da educação, o colombiano Ricardo Velez já havia dito disse que “brasileiro viajando é canibal”. Aliás, um mantra que já havia sido repetido por Eduardo Bolsonaro, também na comitiva do pai nos EUA: “A pergunta que faço é a seguinte: quantos americanos vão vir morar ilegalmente no Brasil com essa brecha? Agora vamos à pergunta contrária: e se os EUA permitirem que o brasileiro entre lá sem visto: Quantos brasileiros vão se passar por turista para vir morar ilegalmente aqui?”

E outras perguntas: qual norte-americano quer trocar seu país pelo Brasil? Quem quer se sujeitar a violência e ao desemprego no Brasil?

“O brasileiro que vem pra cá [EUA] de maneira irregular é bem vindo. Brasileiro ilegalmente fora do país é problema do Brasil, é vergonha nossa”, prosseguiu o “inteligentíssimo” Eduardo Bolsonaro, escandalizado com a falta de senso de seus súditos, que deixam o Brasil em busca de dias melhores nos EUA, tentando garantir uma velhice que não dependa da reforma da previdência, tentando sobreviver.

Vergonhosa a humilhante submissão destes pseudo-nacionalistas que entregam o País a preço de banana, sem nenhum respeito pela própria soberania.

Ao invés de falarem asneiras e defenderem interesses norte-americanos, os integrantes da comitiva brasileira, o presidente à frente, deveriam ver se conseguem evitar o fechamento da fábrica da Ford, se conseguem aumentar a cota de exportações, se conseguem derrubar as barreiras alfandegárias contra o aço brasileiro. Obedientes, calam-se e dão o que não é deles, ferrovias, aeroportos, refinarias, mineradoras.

Ainda na Fox News, depois de quase entrar em êxtase com a visita à CIA, Bolsonaro reafirmou sua admiração por Trump. “Fui muito criticado por isso, mas não vou negar o que penso”, derreteu se. Durante a viagem, entre juras e afagos, encantado como numa primeira viagem à Disney, deu a Base de Alcântara para os EUA fazerem lançamento de foguetes. Humildemente, mais uma vez, não pediu nada em troca.

No “Brazil Day in Washington”, realizado na Câmara de Comércio dos EUA, evento patrocinado pela iniciativa privada e multinacionais, depois de dizer que o povo norte-americano e brasileiro são muito parecidos, “conservador e cristão” – como se pode ver no último carnaval dos trópicos –, o presidente insistiu: “O povo americano, os Estados Unidos, sempre foi (sic) inspirador para mim e grande parte das decisões que tomei. Essa vinda aqui hoje e amanhã, com toda certeza, estaremos materializando o que nós queremos”.

Não está bem claro, o que quer o governo brasileiro nos EUA além de mostrar seu deslumbramento com o “grande modelo norte-americano”, com a hospedagem na Blair House, o encontro com Donald Trump, fazer bajulação e discurso destrambelhado. Mas, uma coisa é certa: ele não é o cara.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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