Policia

‘Justiceiro da Moto Verde’ é absolvido de mais um homicídio

BELO HORIZONTE – Após 13 horas sentado no banco dos réus em um Júri Popular no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, o soldado da PM Victor Emmanuel Miranda de Andrade foi absolvido da acusação de um homicídio ocorrido em 2011 no bairro Canaãzinho, em Ipatinga.

O militar estava respondendo pelo assassinato de Cleidson Mendes Nascimento, o “Cabeça”, de 26 anos, morto a tiros. O advogado de defesa do réu, Obregon Gonçalves, convenceu os jurados da inocência do réu e conseguiu a absolvição unânime.

As suspeitas recaíram sobre o soldado Victor porque a vítima era a principal testemunha de um inquérito policial que investigou a morte do comerciante Ricardo de Souza Garito, executado a tiros em 2007 no mesmo bairro. Victor também responde por este assassinato. Cabeça foi morto 26 dias antes de prestar novos esclarecimentos sobre o caso.

CASO REABERTO

O assassinato havia caído no esquecimento, e após a morte do jornalista Rodrigo Neto, em 2013, o caso veio à tona quando o DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) investigou uma séria de homicídios pelos quais o repórter policial cobrava por justiça.
Há três anos, Victor Emmanuel foi indiciado e preso. A Polícia Civil não teve dúvidas quando apontou o PM como autor intelectual e executor de Cleidson. Mesmo com a sentença de absolvição, Victor irá continuar preso em um batalhão da PM em Belo Horizonte, já que ele responde por outro assassinato.

DESAFORAMENTO

O processo foi desaforado da Comarca de Ipatinga para a de Belo Horizonte em agosto do ano passado. O pedido foi feito pela 10ª Promotoria de Ipatinga, que também tem a função de Controle Externo da Atividade Policial. Na justificativa, o Ministério Público (MP) entendeu que o julgamento não poderia acontecer em Ipatinga, para que os jurados não corressem risco de serem coagidos pela presença da corporação no Tribunal do Júri.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) considerou que, de fato, o MP estava com a razão, já que o acusado se trata de policial militar, existindo indícios de que seja integrante de grupo de extermínio na região do Vale do Aço, tanto que responde por diversos outros processos de homicídio.

SEGUNDA ABSOLVIÇÃO

Este é o segundo Júri Popular em que Victor Emmanuel é absolvido. Em 2012, ele foi considerado inocente das acusações de um homicídio e tentativa de homicídio ocorridos em 2005. O Ministério Público recorreu da sentença do TJMG, mas perdeu quando três desembargadores negaram a apelação.
Quatro anos mais tarde, uma testemunha dos crimes pelos quais o PM foi inocentado também foi assassinada. A vítima foi executada a tiros na avenida José Assis de Vasconcelos, no bairro Bethânia.

MAIS JÚRI
Victor Emmanuel volta a se sentar no banco dos réus no dia 1º de novembro. Ele será julgado pela morte do comerciante Eduardo Luiz da Costa, 40 anos, morto em 2007, no bairro Jardim Panorama. O processo tramitava na 2ª Vara Criminal de Ipatinga e também foi desaforado para a Comarca de Belo Horizonte pelos mesmos motivos que o outro caso.

No mesmo processo, ainda aparece outro réu, Joaquim Pereira de Moura, o “Coiote”, que pela acusação seria o comparsa de Victor. Segundo a acusação do MP, os dois tramaram a execução do comerciante. A denúncia diz que o crime foi cometido por um homem que pilotava uma moto verde, e que passou pela via efetuando disparos.
O crime foi investigado na época, mas não se chegou a nenhuma conclusão. O caso também voltou à tona após a morte do jornalista Rodrigo Neto. Ele apurava as ações cometidas pelo “justiceiro da moto verde” e tentava mostrar para a polícia a existência de um grupo de extermínio em Ipatinga.

COIOTE
O inquérito sobre a morte de Eduardo concluiu que ele devia cerca de R$ 12 mil para Joaquim e que ele mantinha um relacionamento amoroso com a ex-companheira do cabo da PM Amarildo Pereira de Moura, irmão de Joaquim, e que também teria participado da trama do assassinato.
Os dois irmãos teriam um vínculo de amizade com Victor Emmanuel e uniram forças para matar Eduardo. Amarildo foi assassinado a tiros em fevereiro de 2013, um mês antes do repórter policial Rodrigo Neto ser morto.

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