IPATINGA – O presidente da Nippon Stell & Sumitomo Metal Empreendimentos Siderúrgicos Ltda (NSSMSE), Hironobu Nose, esteve nesta terça na Câmara Municipal de Ipatinga em mais uma rodada de conversações com os vereadores sobre a crise de gestão envolvendo os acionistas da Nippon e da italiana Ternium/Techint. Hironobu Nose estava acompanhado do chefe do escritório da NSSMSE, Osamu Nakagawa, e da intérprete Helena Tanaka.
Durante a visita, Hironobu Nose contestou os números apresentados pelo executivo da Ternium, Paolo Bassetti, que esteve no Legislativo na semana passada. Ele também rechaçou de pronto a contraproposta de “roleta russa” feita pelos italianos diante da sugestão de gestão alternada – durante determinado período a companhia seria gerida pelo representante de um grupo de acionistas e, ao fim do mandato, assumiria o representante do outro grupo – feita pelos japoneses. A “roleta russa” é um método de resolução de impasses reiterado pela Ternium/Techint e funciona da seguinte forma: aquele dos dois sócios que oferece o preço por ação mais alto que o outro adquiriria as ações detidas pelo outro sócio.
Veja os principais pontos da entrevista com Hironobu Nose:
PERGUNTA – Por que a Nippon Steel não concordou com a nomeação de Sérgio Leite?
HIRONOBU – Em primeiro lugar, a divergência sobre a escolha do Sérgio Leite para a presidência foi em função dela não ter ocorrida dentro da lei. Nós entramos com a ação por questões de procedimentos que levaram à escolha. Tanto é que entramos com a ação com base na legislação societária brasileira e o tribunal esteve de acordo com a nossa manifestação.
Em segundo lugar, entendemos que Romel Erwin é o nome mais indicado para gerir a Usiminas.
PERGUNTA – Existe alguma proposta de reunião da Nippon com a Ternium?
HIRONOBU – Não posso dar pormenores, mas possibilidade existe. Tanto a Nippon Steel como a Ternium estão dispostas a resolver a questão o quanto antes.
PERGUNTA – A Nippon fez a proposta de gestão alternada e a Ternium devolveu com a contraproposta da “roleta russa”. Qual a posição da Nippon em relação à contraproposta?
HIRONOBU – É uma proposta que não podemos aceitar.
PERGUNTA – O executivo da Ternium, Paolo Bassetti, fez um mea culpa em Ipatinga por causa do distanciamento entre a empresa e a cidade. O senhor acha que a Nippon também precisa fazer um “mea culpa”?
HIRONOBU – Não sei como a Ternium vê a questão, mas a Nippon Steel e a Sumitomo Metal convivem com a Usiminas e Ipatinga por 60 anos, não somente produzindo aço. Entendo que não somente a produção, mas o contato com a comunidade é muito importante. Então, justamente como uma das atividades desta antiga relação, um funcionário da Nippon Steel, que é medalhista de judô nas Olimpíadas de 2012, está aqui em Ipatinga para fazer um intercâmbio com judocas da região. Nesta terça-feira está treinamento com os alunos da Usipa.
PERGUNTA – Na medida em que a Usiminas compra matéria prima de fora, mantém parado o alto forno, acaba deixando de explorar um potencial muito importante que é a mão de obra especializada, deixa de gerar empregos. Qual a política para resolver isto o mais rapidamente possível?
HIRONOBU – Este tipo de pergunta deve ser respondida pela diretoria da Usiminas. Claro, deverão levar em conta a questão econômica, a situação dos equipamentos e tomar as decisões nos momentos corretos.
PERGUNTA – Tem alguma previsão para a retomada da plena capacidade produtiva?
HIRONOBU – Eu não tenho como responder isso agora.