Cidades

Governo não paga aluguel e Escola de Artes é despejada

Nem o caminhão prometido para recolher os equipamentos e móveis foi enviado   (Crédito: Mariana Goulart)

 

IPATINGA – Mais um setor do município sofre com o calote da Prefeitura Municipal de Ipatinga. Desta vez o Conselho Municipal de Cultura foi o prejudicado. É que desde janeiro deste ano a Prefeitura não está honrando com o compromisso de pagar o aluguel do imóvel onde funciona a Escola Municipal de Artes Cênicas Antônio Roberto Guarnieri. Apenas as entidades esportivas têm recebido verba da administração municipal, como a Liga de Esporte Especializado de Ipatinga (Liesp), Liga de Desportos de Ipatinga (LDI).
Ontem (17), o imóvel localizado na rua Mariana, 70, Centro, teve que ser desocupado pela escola de artes. A ordem veio da imobiliária responsável pelo local. “Nós não vamos mais poder guardar os equipamentos aqui porque a Prefeitura não pagou o aluguel nenhuma vez este ano. E é com muita tristeza que venho fazer essa denúncia, porque estamos tristes, e a verdade é que vamos ser despejados”, declarou Leila Cunha, presidente do Conselho Municipal de Cultura de Ipatinga.

HISTÓRICO

A escola foi fundada em 1995 e ainda não funcionou este ano. A previsão era que o trabalho fosse realizado durante todos os meses do ano e atendesse a mais de 500 alunos gratuitamente.
Seriam oferecidas aulas de dança, de teatro, de técnicas circenses e oficinas de continuidade das atividades aos alunos antigos.
Em 2011 a Escola Municipal de Artes Cênicas Antônio Roberto Guarnieri também passou por dificuldades. No último, ano apenas no mês de outubro o convênio foi firmado pela administração municipal e a escola atendeu aos alunos apenas por três meses. “A ideia é que a escola abrisse em fevereiro, e no curso tudo é oferecido gratuitamente para a comunidade. E na verdade, como existe uma má administração, a escola só abriu em outubro do ano passado e encerrou em dezembro. E a Prefeitura é responsável pelo aluguel, o departamento de cultura iria assumir esse pagamento”, contou Leila.

PROMESSA
No último dia 28 de abril, durante a inauguração da avenida Leôncio Guimarães no bairro Vila Ipanema, integrantes do Conselho Municipal de Cultura manifestaram a insatisfação com o poder público por meio de faixas e cartazes. Na ocasião o prefeito Robson Gomes (PPS) se comprometeu a receber a equipe do Conselho na próxima semana para tratar da abertura a escola. “No aniversário da cidade fizemos uma manifestação para tentar chegar até ao prefeito e conversar para que a escola fosse aberta. Ele se comprometeu a nos receber na semana seguinte, mas ele não nos recebeu ainda”, declarou Leila, com indignação.
Ainda segundo ela, o convênio anual para garantir o trabalho da escola também não foi firmado. “Além do aluguel que eles deveriam pagar mensalmente também tem o valor do convênio para que as aulas fossem ministradas, que a Prefeitura ainda não firmou. Hoje, a escola funciona através de assinaturas de convênios com instituições sem fins lucrativos, que contam com a ajuda do Conselho para que as aulas sejam dadas”, explicou a presidente do Conselho de Cultura.

DESCASO
Para Leila, a cultura de Ipatinga não é um problema que preocupa a Prefeitura. “A gente quer conversar com o secretário ou com o prefeito porque ninguém nos recebeu ainda e isso é um descaso muito grande. Até hoje a escola está fechada e estamos procurando a imprensa porque consideramos esses órgãos como nossos aliados nesse momento. Até mesmo para deixar a população ciente do que está acontecendo”, ressaltou Leila Cunha.
Atualmente a escola é responsável pela formação de 80% dos artistas da região. “É um absurdo numa cidade do porte de Ipatinga a gente não conseguir manter a escola, que tem toda a estrutura pronta. Temos equipamentos bons e estamos passando dificuldade pela falta de responsabilidade da administração. A Prefeitura está ciente da situação e disse que hoje (ontem) iam enviar um caminhão para transportar as nossas coisas, mas nem isso eles fizeram”, informou a presidente do Conselho.
Para Leila, o descaso da Prefeitura com a cidade afeta diversos setores. “A cultura de Ipatinga tem sofrido muito e o descaso é geral. Com as creches, com a saúde e também com o lado cultural. A palavra que exprime nosso sentimento é tristeza, porque somos o segundo polo cultural de Minas Gerais e a Prefeitura não tem responsabilidade nenhuma diante dessa situação”, considerou.

SECRETÁRIO
Outro problema detectado na administração municipal é a falta de um profissional para responder pela situação cultural de Ipatinga. A Prefeitura está sem um responsável pela pasta de Cultura, Esporte e Lazer desde o início do mês, quando o secretário Mateus Alves Shinzato foi exonerado. “Quem está começando agora a trabalhar com cultura não tem nem onde procurar ajuda. Porque o departamento de cultura está sucateado. E atualmente nós não temos nem secretário de cultura. Tem o Luiz Henrique Alves, secretário de Desenvolvimento Econômico, que está assumindo duas pastas, mas até hoje não conseguimos conversar com ele”, asseverou Leila Cunha.

PREFEITURA
A reportagem do DIÁRIO POPULAR entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Ipatinga, mas a administração municipal informou que está analisando a situação da Escola Municipal de Artes Cênicas Antônio Roberto Guarnieri e que só vai se pronunciar sobre o assunto na próxima segunda-feira (21). O secretário que está respondendo pela pasta está em viagem oficial e retornará na próxima semana.


Leila Cunha: tristeza é a palavra que exprime o sentimento da classe artística

 


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