Cidades

Falta de médicos agrava a crise no Hospital Municipal

Quem procurou atendimento no Hospital Municipal durante a sexta-feira (13) teve dificuldade    (Crédito: Nadieli Sathler)

 

IPATINGA – Enquanto o governo Robson Gomes (PPS) se ocupa em fazer dezenas de quebra-molas pela cidade, a situação no Hospital Municipal Eliane Martins beira o caos desde que a administração cortou o pagamento de horas-extras para os servidores da unidade hospitalar, essencial para garantir os atendimentos em sua totalidade.
A espera foi penosa para os vários pacientes que foram até o hospital em busca de atendimento médico durante a sexta-feira (13). Além de não haver corpo clínico para atender à demanda, os poucos funcionários que estavam no local não deram conta de conter os ânimos da população.
Diante da impaciência dos doentes, a reportagem do DIÁRIO POPULAR, as emissoras de rádio da Itatiaia, Vanguarda e o canal Plox foram chamados às pressas para conversar com os pacientes.
Foram várias as ambulâncias dos municípios vizinhos que chegaram até o Hospital Municipal com pacientes em estado grave, e que tiveram que seguir para o Hospital Márcio Cunha.

DESCASO
Um dos casos mais alarmantes presenciados pela imprensa foi o da aposentada Maria Antonia Rios de Araújo, de 60 anos, moradora do bairro Nova Esperança. A idosa com problemas de locomoção foi levada à unidade hospitalar por vizinhos que se solidarizaram com a situação.
À espera por atendimento desde as 15h, ela sangrava na cadeira de rodas, aguardando a marcação de sua ficha. Com problemas nos dois pés devido a um avançado estágio infeccioso de erisipela, a paciente teve de voltar para casa sem ser medicada e sem ter o curativo trocado.
No momento em que a imprensa chegou à porta do hospital os atendentes chamaram a vizinha que acompanhava Maria Antônia. Mas, passados menos de cinco minutos, a idosa foi posta novamente do lado de fora sem ser medicada.

REVOLTA

Sebastião Mendes Filho, de 59 anos, que aguardava desde as 13h na recepção por uma consulta, ficou indignado porque não atenderam a aposentada. Ele disse que também não conseguiu marcar atendimento.
“Disseram que o prefeito não paga e por isso não vão trabalhar. Então pedi que me dessem um comprovante em que tivesse escrito que não tinham me atendido porque o prefeito não paga. Elas não me deram e me botaram para fora da sala. Questionei que o hospital era público e lugar de todo mundo vir. Se não vai atender, fecha a portaria lá fora que aí ninguém entra”, falou.
Mais revoltado ainda por não conseguir atendimento, Sebastião disse que não estava morrendo, mas que procurou o Hospital para tomar um remédio por causa de uma dor. Preocupado com a situação de dona Maria Antônia, ele foi um dos que não deixaram que os vizinhos voltassem com idosa para casa sem antes falar com a reportagem.
“É uma injustiça a situação daquela senhora. Os pés dela estavam fedendo de tanta inflamação. Tem 40 anos que moro em Ipatinga, a medicina daqui não está valendo nada. Todo mundo está sofrendo dentro dos postos que tem em Ipatinga. Conheço todos os políticos que passaram por aqui, os que prestam e os que não prestam, e esse Robson é um dos que não prestam”, criticou.

PEDIATRIA
As previsões de que faltaria pediatra para dar vazão aos atendimentos infantis a partir de sexta-feira (13), veiculadas na edição de quinta-feira (12), também se concretizaram devido à falta de mão-de-obra escalada.
A dona-de-casa Sílvia Barroso, residente no bairro Canaã, contou que levou seu filho também na parte da tarde, e que até o começo da noite ele não tinha sido atendido, por falta de pediatra. Ela contabilizou que nos corredores do hospital haviam outras 22 crianças à espera de consulta.
“Meu filho não foi atendido. Presenciei muita sujeira e mau cheiro pelo hospital. Não tem como ficar com uma criança lá dentro, pelos corredores, neste estado. E não é só meu menino nessa situação de espera, existem muitas outras crianças sofrendo. Acho isso um abuso e negligência”, lamentou.

SAMU
Durante a sexta-feira (13), três ambulâncias do SAMU não puderam fazer atendimento por falta de funcionários escalados para trabalhar. A balconista Marlene Gomes da Silva, moradora do bairro Canaã, estava no Hospital Municipal desde as 14h acompanhando uma colega que teve um princípio de infarto em seu local de trabalho.
A mulher revelou que a ambulância do SAMU que fica em uma faculdade no bairro Bethânia não pôde ajudar a socorrê-la porque não tinha profissionais trabalhando no momento.
“Cheguei aqui e pedi um policial para me arrumar uma maca urgente. Ele conseguiu apenas uma cadeira e colocou ela lá dentro. Até agora o médico não olhou minha colega, que continua sentada na cadeira passando mal. Só hoje (sexta) paguei de imposto lá na Prefeitura mais de R$ 1 mil para os ratos”, reclamou.
Marlene contou ainda que a informação que circulava na recepção do Hospital era que no sábado (14), a unidade permaneceria fechada como protesto. “Acho isso um absurdo. Não é só porque não preciso consultar aqui é que deixarei de denunciar. Sou ser humano, e ver isso daqui me revolta, fico indignada. Chega época de eleição, todo mundo ganha beijo e abraço. Quando passa esse período, me pergunto: cadê os ratos? Senhor prefeito, me responda, se sua mãe estivesse aqui, o que você faria?”, questionou.


Marlene Gomes: indignação


Silvia Barroso: abuso e negligência

 

Rumores são de que prefeito fechará o Hospital em 30 dias
Ipatinga –
Os boatos de que o prefeito Robson Gomes (PPS) pode fechar o Hospital Municipal Eliane Martins nos próximos 30 dias por conta de problemas financeiros vividos pela administração foram amplificados na tarde de sexta-feira (13).
A informação que circulava entre os servidores públicos da unidade hospitalar também foi comentada por algumas lideranças políticas que estiveram no Fórum de Ipatinga no início da noite de anteontem.
As notícias são de que a administração espera um socorro financeiro do governo do Estado para equilibrar as contas, semelhante ao que tem sido pedido pelo Hospital Vital Brazil, em Timóteo. Tanto que o prefeito foi convocado às pressas a Belo Horizonte para uma reunião com o secretário estadual de Saúde Antônio Jorge.

Entrevista
A assessoria de imprensa da Prefeitura chegou a convocar uma coletiva de imprensa para tratar sobre a situação do Hospital Municipal para a 16h de sexta-feira. Mas, sob o pretexto de que secretário da pasta, Wagner Barbalho, não estava no prédio, a entrevista foi cancelada.
Os rumores são de que o gestor municipal estava em uma reunião convocada pela direção do Hospital Márcio Cunha, em virtude dos vários pacientes graves encaminhados para a unidade da Fundação São Francisco Xavier desde que foi cortada a hora-extra dos servidores municipais da unidade.

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