Policia

Desaparecimento de quatro jovens no Cidade Nova ainda sem solução

Rafaela foi morta a tiros por um homem na garupa de uma moto

SANTANA DO PARAÍSO – Quatro jovens com idades entre 13 e 19 anos desapareceram sem deixar rastros no dia 29 de fevereiro de 2012, no bairro Cidade Nova, em Santana do Paraíso. Segundo uma testemunha, as vítimas estavam em uma casa fazendo uso de drogas e teriam sido abordadas por pelo menos três homens, sendo posteriormente levadas em um carro da Polícia Civil.

A testemunha concedeu entrevista ao jornal DIÁRIO POPULAR, no dia 7 de março de 2012, sem se identificar, temendo represálias. Mas não adiantou e Rafaela Miranda de Jesus, de 19 anos, foi assassinada no dia 1º de maio de 2012, cerca de dois meses após ter testemunhado o fato. Assim como o desaparecimento dos garotos, a morte de Rafaela ainda não foi desvendada pela polícia.

ABORDAGEM
A jovem testemunha relatou que estava na residência com os garotos – identificados como Jonathan, Vitinho, Luciano e Wesley – quando um homem parou na porta e se identificou como policial civil. “Ele mostrou a arma, disse que era policial civil e pediu para que eu levantasse a blusa e depois me liberou”, contou a garota à reportagem.

Ainda segundo Rafaela, minutos depois, um carro preto, que ela identificou como da Polícia Civil, parou na porta. Dois homens desceram, entraram na casa, amarraram e levaram os jovens. “Vi quando eles colocaram os rapazes no porta-malas, mas não vi para onde foram”, relatou na reportagem publicada na edição de 7 de março.

DESCRENÇA
Conforme noticiado pelo JORNAL VALE DO AÇO no mesmo dia, o tio de um dos rapazes desaparecidos também teria presenciado a abordagem policial na casa onde eles estavam.
Raimundo Luiz de Andrade, de 39 anos, é pai de um dos garotos desaparecidos, na época o adolescente tinha 13 anos de idade. Na ocasião da primeira reportagem sobre o assunto, publicada no DIÁRIO POPULAR, ele já manifestava descrença em encontrá-lo vivo: “Pelo que a gente ouve falar, que as polícias pegam, levam e consomem, então, não tenho muita esperança, não. Mas que ele seja encontrado, vivo ou morto”, disse.

Na época do desaparecimento dos jovens, a reportagem do DIÁRIO POPULAR também conversou com os moradores do Cidade Nova, bairro que pertence a Santana do Paraíso, mas está localizado a apenas cinco minutos do centro de Ipatinga. Segundo narra a reportagem, foi possível ouvir de moradores os nomes de alguns policiais que estariam envolvidos no sumiço dos meninos. Mas o medo impediu que eles se identificassem ou ao menos repetissem os nomes dos suspeitos, que costumavam intimidar os moradores locais.

MORTE DE RAFAELA
A principal testemunha do desaparecimento dos quatro jovens foi assassinada no dia 1º de maio de 2012. Rafaela Miranda de Jesus, 19 anos, estava em uma motocicleta junto com o seu companheiro, A.M.A., 38 anos. De acordo com o Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, o casal trafegava pela BR-381 na altura do bairro Iguaçu, quando uma moto de cor escura, com a placa dobrada e dois ocupantes, emparelhou com as vítimas.

O carona sacou uma arma de fogo e efetuou vários disparos contra o casal. Rafaela foi ferida no pescoço e cabeça e morreu quando era socorrida pelo SAMU. O companheiro dela foi baleado no rosto e ombro, sendo levado para o Hospital Márcio Cunha.

INVESTIGAÇÕES

Entre as providências tomadas, foi instaurado um inquérito policial sob responsabilidade da Delegacia de Santana do Paraíso. O caso foi assumido pela delegada Amanda Sfredo, que ouviu familiares e realizou diligências. Entretanto, a partir do dia 19 de março a Corregedoria Geral da Polícia Civil de Belo Horizonte avocou as investigações sobre o desaparecimento dos jovens. A notícia foi veiculada no DIÁRIO POPULAR no dia 22 março. “É um procedimento normal da Corregedoria quando há denúncias de envolvimento de policiais no caso”, disse Amanda à época. Ela também não descobriu de onde seria a viatura da PC vista pelas testemunhas.

SILÊNCIO
Já no dia 12 de junho, a Corregedoria afirmou que não mais falaria sobre o caso dos jovens desaparecidos, nem mesmo divulgaria qualquer informação aos veículos de comunicação.

A reportagem do DIÁRIO POPULAR tentou, em diversos momentos, obter informações sobre o caso junto à Corregedoria, mas sempre recebeu a mesma informação: “O fato ocorrido em Santana do Paraíso permanece sob investigação e diligências estão sendo providenciadas, mas não serão divulgadas para não atrapalhar o andamento da investigação”.

No dia 25 de março de 2013, em novo contato com a Corregedoria, em Belo Horizonte, foi informado que o caso continua em apuração, que nenhuma linha de investigação está descartada e não há previsão de conclusão do inquérito.

 


JORNAL VALE DO AÇO também noticiou o crime; investigações foram colocadas sob sigilo

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