Policia

Dênio Moreira pode perder scanner que revista os pertences de presos

IPABA – A Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho (PMDC) está perto de perder a máquina de scanner, que faz a revista em alimentos sem danificá-los. Isto porque o equipamento enviado pelo Governo do Estado há cerca de três anos não foi ligado. Agentes penitenciários da unidade voltaram a procurar o DIÁRIO POPULAR para reclamar de mais um problema vivido na unidade. Os nomes dos servidores foram mantidos em sigilo para evitar qualquer tipo de retaliação dentro da unidade.

Conforme os agentes, o scanner dispensa a revista tradicional nos pertences e alimentos levados pelas visitas, pois qualquer objeto ilícito é facilmente detectado. O uso reduz drasticamente o tempo de espera dos visitantes na fila, pois os agentes não precisam abrir os alimentos que não apresentam possíveis objetos ilícitos.
Na nova denúncia, servidores da penitenciária afirmam que o antigo diretor da unidade Adão dos Anjos foi orientado a aguardar para que a instalação fosse feita por um técnico da empresa que vendeu o equipamento para o Estado. Ainda segundo os agentes, poucos meses depois o técnico da empresa esteve na unidade para fazer a instalação, mas foi constatado problemas na rede elétrica, que oscilava muito e provocava a queima de disjuntores e queda de energia.

À época a Cemig detectou problemas nos cabos que recebe a energia em sua rede e a conduz à subestação. Os problemas nos cabos permitiam a passagem de uma corrente maior de energia, o que danificou o transformador da subestação. Para solução dos problemas foram trocados os cabos e o transformador, cessando a oscilação de energia na Unidade.

Com o problema resolvido, os agentes dizem que fizeram pressão para que a máquina fosse ligada. Diante disto, o diretor da Dênio Moreira João Batista Ferreira ligou o equipamento em um fim de semana. Na ocasião, foi feita a apreensão de diversos chips de celular, além de drogas. “Isto alvoroçou alguns presos e a máquina foi imediatamente desligada”, disse um agente.

“Temos a impressão de que um pequeno grupo de presos não quer que a máquina seja ligada, e eles estão fazendo pressão no diretor para não instalar a mesma”, diz agente penitenciário

MP
O caso foi levado ao conhecimento do Ministério Público Estadual (MPE). O diretor e os agentes penitenciários foram ouvidos. Nos interrogatórios, o diretor da unidade teria continuado a afirmar que a máquina não havia sido ligada por problemas na rede elétrica, mas chegou a dizer também que precisaria de R$ 50 mil para fazer as instalações.

Os agentes dizem que foi feito contato com o setor responsável em Belo Horizonte, onde foi informado que por força de contrato, a empresa que vendeu a máquina para o Estado teria a obrigação de instalá-la e dar manutenção sempre que precisar. Além disso, segundo os servidores, funcionamento da máquina depende do diretor da unidade.
“Infelizmente não sabemos o real motivo que uma máquina que trará grandes benefícios para todos não pode entrar em funcionamento. Temos a impressão de que um pequeno grupo de presos não quer que a máquina seja ligada, e estão fazendo pressão no diretor para não instalar a mesma”, afirmou outro agente.

REMOÇÃO
A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) confirmou que o aparelho será aproveitado em outra unidade do sistema prisional, porque a rede elétrica instalada na construção da Penitenciária Dênio Moreira De Carvalho não consegue atender o funcionamento.

No entanto, segundo os agentes, a informação da secretaria contradiz a realidade da penitenciária. Dentro do presídio existe fábrica de costura, oficina mecânica, serralheria, tornearia, marcenaria, padaria e duas lavanderias. “É de se estranhar que em uma unidade do tamanho da PDMC, com vários tipos de maquinários e outros eletroeletrônicos, todos em pleno funcionamento, somente uma máquina não pode ser ligada. Talvez por ser a única máquina, que vai inibir a entrada de alguns ilícitos na Unidade”, relatou outro agente que acredita existir um pequeno grupo de presos que se opõem à instalação da máquina e que estejam fazendo algum de pressão em cima do diretor da unidade.

Outro servidor que procurou a reportagem acredita que se o problema fosse na rede elétrica a Cemig já teria resolvido o problema depois de tantos anos. “A Unidade já sofre com superlotação, falta de agentes, e excesso de visitas, e tem uma máquina que poderia estar funcionando, para trazer mais comodidade e agilidade no trabalho, mas simplesmente está em desuso e ainda com o risco de ser removida”, finalizou.

Superlotação na Dênio não  é pontual, afirma Seds

Há duas semanas o DIÁRIO POPULAR publicou uma reportagem que mostra o problema da superlotação da Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho (PMDC). A unidade com capacidade para alojar 348 presos já está com mais de 1050 detentos. Apesar do aumento da população carcerária devido à interdição do Ceresp de Ipatinga, o número de agentes penitenciários permanece o mesmo.

Na matéria, familiares reclamaram do tempo de espera para as visitas, que dura até 10 horas. Os agentes ouvidos pela reportagem acreditam que tanto os presos, quanto agentes e visitantes estão na mesma situação.
“De um lado, tem os presos em uma unidade superlotada e que não oferece condições para o cumprimento de pena com dignidade. Por outro lado, têm as visitas que passam horas na fila e muitas vezes têm seus alimentos estragados por causa do excesso de tempo, e por fim temos os agentes, que são submetidos a uma carga de trabalho excessivamente pesada que lhes causam grande fadiga e estresse”, reclamou um servidor.

Por meio de nota a Seds informou que a superlotação não é uma questão pontual da unidade de Ibapa, nem de Ipatinga. Ainda no comunicado, a secretaria disse que o sistema prisional do Estado funciona com um déficit de 16 mil vagas.

“Atualmente, a Seds trabalha na construção de anexos e na construção de Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), que contribuirão para a diminuição no déficit em geral, uma vez que o sistema trabalha em rede. Estão previstas 1.620 novas vagas como resultado das obras em andamento, quatro anexos e quatro novas Apacs.
No Vale do Aço, existe apenas uma unidade da associação, instalada em Timóteo, com capacidade para 40 presos em recuperação. Já em Ipatinga, a Apac, com capacidade para abrigar 140 presos, aguarda trâmites burocráticos para a implantação da unidade. O terreno está localizado no bairro Veneza, no distrito Industrial II.

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