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Crise no setor automotivo tem reflexos na siderurgia

Os números de outubro indicam que cerca de 400 mil veículos estão estocados, 30% acima do número considerado ideal pelas montadoras     (Crédito: Divulgação)

IPATINGA – Diante de um cenário de grandes desafios, o fraco desempenho do setor automotivo vem gerando impactos negativos no mercado siderúrgico. A Usiminas, por exemplo, que destina 1/3 do volume comercializado no mercado interno para as montadoras, teve suas vendas afetadas pela queda na demanda. Um dos principais consumidores de aços galvanizados e laminados a frio, o mercado de automóveis foi um dos fatores que contribuíram para a queda de 9% nas vendas acumuladas pela siderúrgica de janeiro a setembro de 2014.

De acordo com dados divulgados pelo setor, os estoques de montadoras e revendedoras de veículos no Brasil continuam elevados e acima do nível desejado, impactando negativamente toda a cadeia de produção. Os números de outubro indicam que cerca de 400 mil unidades estão estocadas, o equivalente a 40 dias de vendas, média de 30% acima do considerado ideal.

Este volume é causado principalmente pela queda de 8,9% das vendas no acumulado de janeiro a outubro de 2014. Frente a estes números, a produção de autoveículos também vem apresentando um desempenho abaixo do esperado no acumulado do ano, apresentando queda de 16% se comparado ao mesmo período do ano passado.
Para 2015, a estimativa é de que os volumes de produção e vendas continuem semelhantes aos de 2014, influenciados principalmente pela volta do IPI, juros crescentes e orçamentos familiares comprometidos com a inflação alta.
 
EMPREGOS

Com excesso de estoque e vendas abaixo do esperado, o mercado automotivo brasileiro enfrenta um grande desafio: a manutenção do emprego no setor. Nos últimos dois meses, cerca de 22 mil postos de trabalho foram eliminados em todo o País. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o nível de emprego de janeiro a setembro era 7% inferior ao do mesmo período do ano passado.

Em outubro, a queda se ampliou para 8%. Além disso, as empresas do setor continuam ampliando o uso de ferramentas como férias coletivas e layoff – afastamento dos operários por até cinco meses, na tentativa de manter a empregabilidade no mercado. 

Somente em 2014, segundo dados do setor, cerca de cinco mil empregados foram afastados pelo sistema de layoff, e as férias coletivas foram além dos tradicionais meses de janeiro e julho. Com a curva decrescente, as expectativas do mercado para 2015 sinalizam que não será um ano fácil.

Para evitar mais demissões no setor, a Anfavea trabalha junto ao governo para elevar o prazo de layoff dos atuais cinco meses para até dois anos. Em entrevista no início do mês para comentar os resultados de outubro, o presidente da entidade, Luiz Moan, disse que continua insistindo na importância da flexibilização da lei atual, que pode se dar em termos de prazo. “Crises são cíclicas e por isso, é preciso desenvolver instrumento forte e estrutural suficiente para suportar”, justificou.

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