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COVID-19 tem impactos “devastadores” sobre as mulheres, afirma diretora da OPAS

Diretora pede neutralização do potencial retrocesso em relação às conquistas no acesso das mulheres ao planejamento familiar e à redução da mortalidade materna

WAHSINGTON (OPAS) – A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, advertiu que a interrupção contínua dos serviços de saúde da mulher devido à COVID-19 poderia “destruir” mais de 20 anos de progresso na redução da mortalidade materna e o aumento do acesso ao planejamento familiar na América Latina e no Caribe.

“Quero destacar os impactos devastadores na saúde e socioeconômicos que esse vírus tem nas mulheres”, disse Etienne durante a coletiva de imprensa semanal da OPAS, realizada nesta quarta-feira (26).

SAÚDE REPRODUTIVA E MATERNA

As mulheres foram particularmente afetadas pelas interrupções dos serviços de saúde reprodutiva e materna. “De acordo com a indicação da ONU, até 20 milhões de mulheres nas Américas tiveram seu controle de natalidade interrompido durante a pandemia, seja porque os serviços não estão disponíveis ou porque as mulheres não podem mais pagar pela contracepção”.

A gravidez e os cuidados com recém-nascidos também foram interrompidos em quase metade dos países das Américas, revelou a diretora da OPAS. As mulheres grávidas são mais vulneráveis a infecções respiratórias como a COVID-19. Se ficarem doentes, tendem a desenvolver sintomas mais graves que exigem intubação, o que pode colocar em risco a mãe e bebê.

“Se isso continuar, espera-se que a pandemia destrua mais de 20 anos de progresso na expansão do acesso das mulheres ao planejamento familiar e no combate às mortes maternas na região”, afirmou Etienne. “Quase todas as mortes maternas são evitáveis e até mesmo o retorno aos níveis pré-pandêmicos de mortalidade materna, que já eram altos, pode levar mais de uma década.”

AGIR

A taxa de mortalidade materna na América Latina e no Caribe diminuiu de 96 para 74 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos entre 2000 e 2017, uma redução geral de 23,1%.

“Chamamos os países a fazerem exatamente isso – agir. Podemos começar garantindo que mulheres e meninas tenham acesso aos serviços de saúde de que precisam – como serviços de saúde sexual e reprodutiva e cuidados relacionados à gravidez e ao recém-nascido – durante a resposta à COVID-19.”

“Devemos lembrar que os desafios e as desigualdades que enfrentamos antes da COVID-19 não desapareceram durante a pandemia – eles apenas pioraram e não podem ser esquecidos. É por isso que devemos fazer da proteção da vida das mulheres uma prioridade coletiva”, acrescentou a diretora da OPAS.

Casos e mortes estão se estabilizando em níveis alarmantes

Etienne também chamou a atenção para a afirmação da Organização Mundial da Saúde (OMS), na semana passada, de que o número de vítimas da COVID-19 foi gravemente subnotificado. “O verdadeiro número global de mortes em 2020 da COVID está perto de três milhões de pessoas – quase o dobro dos números notificados no ano passado”, disse. “É preocupante que metade dessas mortes tenha ocorrido aqui, nas Américas, demonstrando o impacto descomunal que esta pandemia teve em nossa região”. Na semana passada, mais de 1,2 milhão de novos casos de COVID-19 e 31 mil mortes foram notificados nas Américas.

“Esses números permaneceram inalterados nas últimas semanas, mostrando uma tendência preocupante: os casos e mortes estão se estabilizando em níveis alarmantes”, enfatizou Etienne. “Na verdade, na semana passada, quatro dos cinco países que notificaram o maior número de novas infecções estavam aqui, em nossa região, e os países da América Latina representaram as cinco maiores taxas de mortalidade em todo o mundo.”

AUMENTO DE CASOS

Aumentos de casos foram registrados em países da América Central, incluindo Costa Rica, Panamá, Belize e Honduras, onde os leitos de UTI têm mais de 80% da capacidade preenchida. No Caribe, Trinidad e Tobago declarou emergência nacional após um recente surto de COVID-19. Cuba continua registrando um aumento significativo e São Vicente e Granadinas ainda estão passando por picos depois que as pessoas foram transferidas para abrigos devido a erupções vulcânicas recentes. “Também estamos preocupados com o aumento das tendências de hospitalizações no Haiti”, observou a diretora da OPAS.

Na América do Sul, as novas infecções diminuíram no Chile, Peru e Paraguai. Mas Uruguai, Argentina e Brasil, depois de experimentar progresso por várias semanas, estão vendo mais uma vez um aumento nos casos. A Bolívia está notificando um aumento dramático nos casos e mortes e a Guiana está enfrentando o maior volume de casos e mortes desde o início da pandemia.

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