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Contágio desacelera no Brasil, mas mortes dobram em Minas

(DO EL PAIS) – Embora o Brasil comece a dar pequenos sinais de arrefecimento da pandemia do coronavírus depois de uma longa trajetória da crise, parte do país vem sentindo impactos mais agudos recentemente. Depois de quatro meses com a transmissão do coronavírus considerada fora de controle, o país enfim viu sua taxa de contágio cair. Segundo monitoramento feito semanalmente pelo Imperial College, de Londres, o Brasil apresentou um índice de 0,98 na última semana. Ou seja, cada infectado transmite o vírus para menos de uma pessoa, o limite para que a instituição considere o controle. O Ministério da Saúde também vê uma tendência de queda na média de novos óbitos diários há duas semanas, depois de o país amargar um longo platô com números num patamar bastante elevado. O país conta 111.100 mortes pela covid-19, segundo dados desta quarta-feira.

ÓBITOS

“Poderíamos pensar que estamos vivendo uma tendência de queda de óbitos”, afirma o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros. Se o país vinha apresentando uma média diária superior a 1.000 mortos, nas últimas duas semanas, essa média ficou entre 988 e 965 óbitos notificados por dia. No entanto, é preciso observar o comportamento da doença para cravar uma redução. “Desde a semana 22, a variação era pouca, falávamos como se estivéssemos em um platô. E desde a semana 32, vem diminuindo [estamos na semana 33]. Precisamos avaliar as próximas duas ou três semanas para ver se vai se concretizar”, segue Medeiros.

Mas a leitura nacional não pode ser vista como unânime num país continental, cujos Estados apresentam diferentes fases e velocidades muito distintas da pandemia. Para se ter uma ideia, somente no último mês, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul praticamente triplicaram o número de mortes por covid-19. Em Minas Gerais, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul, as mortes provocadas pelo novo coronavírus dobraram neste mesmo período. Já Estados que enfrentaram uma face mais dura da pandemia no início da crise, como Pará e Amazonas, tiverem um aumento de óbitos de 9% e 12%, respectivamente, se considerarmos a evolução mensal.

LEVANTAMENTO

Os dados estaduais são de um levantamento feito pelo EL PAÍS, que considera o número de óbitos registrados em um mês ― entre 18 de julho e 18 de agosto ― pelo Ministério da Saúde. No Brasil, 28 de cada 100 falecimentos por covid-19 foram registradas somente no último mês, quando o país incluiu na sua já trágica conta mais 31.126 óbitos. Mas para saber exatamente onde o coronavírus vem ganhando velocidade, é preciso pôr uma lupa sobre os Estados, que vivenciam diferentes ondas, surtos e intensidade da pandemia.

Minas Gerais foi um dos estados que revelou maior crescimento recentemente. Minas viveu uma guinada de perspectiva sobre a pandemia. Começou a registrar os primeiros casos e óbitos ainda no início da crise, mas até maio as autoridades gabavam-se de ter a “situação sob controle”, quando dados oficiais apontavam apenas 250 mortes. O Estado apresentava baixos índices de testagem e, a partir de maio, quando os testes cresceram, o número de casos começou a subir. Em Minas Gerais, mais da metade dos óbitos por covid-19 foram notificados no último mês. Em julho, dados enviados ao Ministério da Saúde indicavam 1.964 óbitos pelo coronavírus. Em agosto, esse número chegou a 4.306.

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