Cidades

Concursos atraem até quem está empregado

Mercado de cursos preparatórios cresce a cada ano no País e movimenta indústria milionária  (Crédito: Agência Brasil)

 

IPATINGA – A Prefeitura Municipal realiza neste domingo (1º) concurso público para 278 vagas na área da saúde. Os salários chegam a R$ 3.254,28. Já no próximo mês, é a vez dos interessados nos cargos administrativos e de níveis médio e fundamental. O salário mais alto passa de R$ 1.000,00. Ao todo, são cerca de 500 vagas.
O concurso atraiu candidatos aos cursinhos preparatórios em Ipatinga. Aliás, a indústria dos concursos é hoje um dos negócios mais lucrativos, que movimenta milhões e milhões de reais todos os anos.
O principal motivo que faz com que as pessoas se interessem por prestar um concurso público é a estabilidade. Se antes muitos sonhavam em trabalhar em empresas privadas, hoje a realidade é outra. Com as constantes valorizações salariais do setor público e, em muitos casos, remuneração maior do que o cargo equivalente no setor privado, um emprego púbico é o objetivo de muitas pessoas, de mais variadas formações profissionais.
Prova disso é o crescimento de cursinhos preparatórios, sejam presenciais ou transmitidos pela internet ou satélite. “Percebemos no cursinho que todos estão atrás de uma estabilidade financeira, além de buscar um trabalho com a carga horária reduzida e muitas vezes salários altos. Por isso, a procura aumenta cada vez mais”, constata o coordenador de um curso preparatório para concursos públicos em Ipatinga, Fábio Vidal Teodoro da Silva.
Segundo Fábio, o perfil dos alunos também mudou no decorrer dos anos. “Hoje, já uma parcela de alunos que trabalha durante o dia todo. Eles querem, não só a estabilidade, mas também garantir uma boa aposentadoria”, contou.
Isabela Cristina vai fazer uma prova de concurso de público pela primeira vez. Ela também busca estabilidade financeira. “Vou fazer a prova do concurso porque quero ter a certeza que vou ter um trabalho e que amanhã não vou ser despedida. Sei que assim como eu existem muitas outras pessoas que estão atrás do mesmo objetivo. Por isso acredito que a gente tem que se preparar bem para conseguir se destacar”, considerou a estudante.

AUMENTO

Fábio Vidal disse que, em um período de três anos, a procura por cursos preparatórios para concursos cresceu em média 70%. “O mercado está mudando desde 2008, depois daquela crise mundial. As pessoas perceberam que elas tinham que procurar algo que fosse mais garantido. Antigamente as pessoas se conformavam em trabalhar em grandes empresas e às vezes até tinham ótimos salários, mas não tinham estabilidade”, avalia Fábio.
A professora de Português Érica Santos disse que também percebeu o aumento da procura por concursos públicos. “Os alunos que procuram o curso preparatório geralmente já trabalham e a maioria deles está afastada da escola há muito tempo. No começo, as salas de aula eram mais vazias com cerca de 20 alunos. Aos poucos as pessoas foram se interessando e agora na linha final a turma está com quase 45 alunos”, considerou a professora, referindo-se ao certame que será realizado pela Prefeitura de Ipatinga.

CEF

Outro concurso que também está enchendo as salas dos cursos especializados é o processo seletivo da Caixa Econômica Federal. “Os concursos dos bancos sempre alcançam uma parcela grande pessoas”, informa Fábio Vidal.
As provas para o concurso da CEF acontecerão no próximo dia 22 de abril. Serão selecionados candidatos para a formação de cadastro de reserva para os cargos de Técnico Bancário Novo, Arquiteto, Engenheiro e Advogado. A Caixa convocará os aprovados de acordo com a disponibilidade de vagas. A remuneração mensal varia de acordo com o cargo pretendido e seus valores vão de R$ 1.744,00 a R$ 7.734,00.


“Hoje, já é uma parcela de alunos que trabalha durante o dia todo. Eles querem, não só a estabilidade, mas também garantir uma boa aposentadoria”.
Fábio Vidal, coordenador de cursinho preparatório, sobre a mudança no perfil dos alunos

 

Graduados se rendem a seleções em outras áreas
Ipatinga –
Não é difícil de encontrar pessoas com formação acadêmica em uma determinada área tentando concursos públicos para outras. E são vários os motivos que levam essas pessoas a optarem por trocar de profissão. Alguns realmente não têm mais interesse em buscar uma oportunidade na área de atuação e outros estão apenas adiando a entrada no mercado de trabalho.
A psicóloga Maisa Pereira Gravina exerce um cargo administrativo na Prefeitura Municipal de Ipatinga. “Eu fiz primeiro esse concurso para ter um emprego e até mesmo uma estabilidade. Mas agora que me formei eu não quero esquecer a minha graduação. Eu tenho sim interesse em passar em um concurso melhor, que seja mais rentável e que também contribua com a minha formação”, explicou Maisa.
Já o assistente social Alexandre Rabelo formou-se há cinco anos, mas preferiu buscar outro caminho. “Eu me formei e tentei conseguir um emprego na área, mas todas as vagas que encontrei estavam muito mal remuneradas. Aí decidi prestar um concurso público porque também as pessoas não querem empregar alguém inexperiente. Para tentar uma vaga por meio de concurso não é necessário experiência. Hoje eu trabalho em um banco e não penso em atuar como assistente social”, declarou Alexandre.
Para a psicóloga Bárbara Carvalho, o importante é que as pessoas tenham um objetivo. “As pessoas têm que saber o que realmente elas querem e ir atrás do seu objetivo. É importante também ter cuidado para não colocar em risco a graduação e acabar optando por um concurso público que não seja na área de atuação e ir atrás de facilidade. Mesmo em um concurso, as pessoas têm que saber se elas podem crescer dentro do trabalho. E também tem que sempre fazer o que realmente gosta e se empenhar para fazer bem”, concluiu a profissional.

Interpretação de texto é o segredo atual das provas
Ipatinga
– A professora de Português Érica Santos Vidal Silva deu algumas dicas à reportagem para os alunos se saírem bem no dia da prova. “Primeiramente, o que hoje o mercado prioriza é a interpretação de texto, então é importante que as pessoas tenham bastante atenção. Recomendo ler e reler os textos sem pressa. Pegar prova como se fosse documento, e com muita atenção. E primeiro, ter calma porque para realizar algo com carinho você tem que ter calma e não deixar que as preocupações externas atrapalhem o andamento na hora da prova”, diz a professora.
Ainda segundo ela, para quem não se dedicou o suficiente, a dica é manter a calma. “É complicado para quem estudou de última hora porque vai juntar a tensão de não estar preparado e o medo da prova. Mas mesmo para quem não estudou, o meu conselho é ter calma. E ter tranquilidade sempre, mesmo até quem tem conhecimento, porque se a pessoa ficar nervosa não consegue fazer nada na prova”, concluiu Érica.


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