Cidades

Com honras de chefe de Estado

(*) Por Fernando Benedito Jr.

A ação espetaculosa na manhã desta sexta-feira (4) nos endereços do ex-presidente Lula e de sua família vai muito além da mobilização cinematográfica, tipo a franquia “Os Mercenários”. Lembra muito as ações do Departamento de Investigação e Propaganda (DIP) do governo Vargas durante o período de aliança com o nazi-fascismo que resultou na entrega de Olga Benário a Hitler. Tem um grau de afinidade também com as ações das obscuras forças de repressão do regime militar, entre as quais a própria Polícia Federal e seus segmentos ilegais e clandestinos como o DOI-CODI, a Operação Bandeirantes e outras operações que prendiam, torturavam e matavam nos porões da ditadura. Lembra muito de perto também as ações da Gestapo, com ou sem “mandado coercitivo”, ao infiltrar delatores nos guetos e depois entrar prendendo judeus que seriam deportados aos campos de concentração.
Por tudo isso e por muito mais que a história nos legou, como os excessos da polícia de Beria na extinta KGB, dos assassinatos da CIA ou do SNI, há que se discutir até onde vai a autonomia da Polícia Federal para cumprir ordens judiciais de caráter duvidoso. Sim, porque as investigações da Lava Jato começam a perder credibilidade com os vazamentos seletivos, com as investigações direcionadas, com a insistência em bater numa mesma tecla anti-PT, poupando de maneira escandalosa, por exemplo, Eduardo Cunha. Para não ir muito longe nos Cunha.
A autonomia, sem dúvida, é boa e mesmo necessária, afinal, a lei é para todos, o que está sendo fartamente demonstrado nesta fase da Lava Jato, que enquadra um ex-presidente com ampla popularidade. Entretanto, a autonomia tem que ter um limite, tem que estar subordinada a uma estrutura maior do Estado Democrático de Direito, sob risco de se transformar na anarquia, caminho que já estamos seguindo a passos céleres, em razão de uma “investigação oposicionista”, que tenta estabelecer um “impeachment preventivo”.
Seja como for, enquanto não se conclui alguma coisa, vamos imaginar que o excesso de policiais federais na operação cinematográfica desta sexta-feira seja para garantir a segurança do ex-presidente, porque sofrendo este grau de perseguição, Lula vai se tornar cada vez mais vítima. E de vítima a herói. E de herói a presidente. Escutem só…

(*) Fernando Benedito é editor do Diário Popular

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