Cidades

Cenibra deve um sincero pedido de desculpas pela mentira e falta de respeito

(*) Fernando Benedito Jr.

Foi no mínimo irresponsável o não posicionamento da Cenibra sobre a falha em seu sistema que provocou o mau cheiro disseminado pelo Vale do Aço na madruga do último dia 11. Pior do que isso, foi a mentira distribuída em forma de nota, que é uma falta de respeito à população, um verdadeiro desserviço, na medida em que desinforma e tenta ludibriar a opinião pública, e também porque trata a todos com descaso e desrespeito, como se a empresa não devesse satisfações a mais ninguém senão ao mercado. Este tipo de comportamento empresarial não só representa um atraso de mentalidade como se distancia da compliance e dos compromissos éticos que as corporações deveriam adotar também para seu público, para aqueles que vivem em sua área de atuação, além de clientes e mercados.

Aos acionistas, sócios brasileiros e japoneses, entre os quais a Vale, também envolvida em catástrofes ambientais e humanas nas barragens de Brumadinho e Mariana, cabe aprender com o passado recente. E se o gás fosse tóxico, se fosse letal? Teriam exterminado meio mundo para só depois assumirem a responsabilidade? Ora, de nada adiantaria o interesse da empresa em firmar acordo prevendo termos para o monitoramento de gases oriundos do seu processo produtivo, bem como compensação pela ocorrência de 11 de fevereiro de 2020. Não haveria ninguém para desfrutar da compensação.

Ao longo de sua história, a Cenibra tem uma importante contribuição social, cultural e econômica no Vale do Aço e no Brasil, mas isso não lhe dá o direito de mentir como o fez no caso da emissão de gases, resultante de uma falha que ocorreu durante cerca de 7 horas.

Na nota que emitiu no dia em que foi detectada a poluição por gases, o posicionamento foi o seguinte:

A Diretoria da Celulose Nipo-Brasileira S.A. – CENIBRA esclarece para toda a comunidade que o forte odor percebido na região do Vale do Aço na noite dessa terça-feira, 11/2/2020, não apresenta relação com o processo de produção de celulose. A Fábrica localizada em Belo Oriente encontrava-se em operação normal nessa data.

A CENIBRA monitora continuamente seus processos e sempre mantém um canal aberto com todas as comunidades onde atua. Por isso, reitera seu compromisso com o desenvolvimento tecnológico, preservação ambiental e investimento social, garantindo a sustentabilidade do negócio.

Este tipo de atitude é vergonhosa e não contribui em nada para melhorar a já triste situação ambiental do mundo em que vivemos. E também não ajuda em nada à imagem corporativa da Cenibra, afinal, mente, ludibria e deixa em aberto a possibilidade para que outros sejam culpados pela sua falha, o que é injusto. Sobre a credibilidade da empresa, o futuro e a história darão seu veredito.

Por hora, um pedido de desculpas à população do Vale do Aço, é o mínimo que se espera.

(*) Fernando Benedito Jr é editor do Diário Popular.

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