Cidades

Carta ao Papai Noel reforça função social da escrita

Marli de Fátima destacou que a produção das cartas é trabalhada dentro da disciplina de português para estimular os alunos a expressar seus sentimentos e sonhos      (Crédito: Nadieli Sathler)

IPATINGA – Todos os anos, o Correios realiza um trabalho junto às escolas da rede municipal, situadas em locais de vulnerabilidade social, estimulando que os alunos escrevam cartas pedindo presente para o Papai Noel.
Além de incentivar na criança o processo criativo, o projeto – batizado de ‘Papai Noel dos Correios’ – tem outra importante força: reforçar a função social da escrita. A coordenadora pedagógica Escola Municipal Paulo Freire, Marli de Fátima Ribeiro, explica como o trabalho é feito. A instituição de ensino está localizada no bairro Planalto.

“Todo ano, quando recebemos o comunicado dos Correios de que o projeto começou, a professora da educação infantil faz um trabalho com os alunos dentro da disciplina de português. Ela orienta os alunos como se expressar na hora de fazer o pedido. Mas as crianças ficam livres para escrever o que lhes vêm à cabeça”, explicou.
Marli ressaltou que os alunos alfabetizados com idade superior a 6 anos já dão conta sozinhos de produzirem as cartas. Os com 5 anos também participam do projeto, mas fazem um desenho para ilustrar o presente que desejam ganhar.

“Esse trabalho é para estimular a parte lúdica das crianças, o sonho e o imaginário são aguçados. Os alunos nos perguntam o que podem pedir na carta, e por vários dias debatemos o formato com eles. Isso é trabalhar a função social da escrita e, quando a professora recolhe as cartas, comprovamos isso, pois muitos pedidos vêm acompanhados de justificativas. Algumas crianças chegaram a relatar nas cartas, por exemplo, que a mãe trabalhava numa creche de Ipatinga, e como não tinha recebido o salário, ela não podia comprar o material escolar”, contou.

PEDIDOS
A coordenadora revelou que na escola Paulo Freira cerca de 280 alunos participaram do projeto. As cartas começaram a ser escritas no final de novembro e enviadas para o Correio no início do mês.
A preferência dos alunos este ano foi a cesta de chocolate, diferente de outros anos em que as crianças pediam celular, a boneca Barbie, bola e até o vídeo game Playstation. Mas a maioria quer material escolar.

“Eles ficam nos perguntando que dia o Papai Noel iria chegar. A expectativa é muito positiva e isso ajuda a estimular os alunos. A regra do Correio é que não podemos fornecer o endereço, o que respeitamos à risca. Só que quando os presentes começam a ser entregues, os alunos nos enchem de perguntas, porque eles querem saber quem apadrinhou a carta”, citou.

Apesar de todo o cuidado da escola, este ano um aluno de 9 anos teve seu presente de Natal antecipado. Lucas tinha pedido em sua carta uma festa de aniversário e uma bola. A pessoa que apadrinhou a carta dele acabou descobrindo o nome da escola em função do papel timbrado da unidade escolar usado para redigir a carta.

“Ela ligou um dia antes para perguntar pelo Lucas. Só que as perguntas foram bem direcionadas. Ela se apresentou e disse que além da bola pedida na carta ela traria na porta da escola algumas coisas para a festa de aniversário, por isso precisava do número de alunos. Entendemos que isso não era um risco e permitimos apenas que os produtos fossem entregues na porta da escola. Ainda assim, foi prazeroso ver a alegria dele ao poder dividir com os colegas de sala o bolo, refrigerante, bala e cachorro quente que foram feitos especialmente para ele. Não me esquecerei do que o Lucas falou naquele dia: ‘Tia, o Papai Noel realmente existe”, confidenciou. Até mesmo os pais de Lucas foram até a escola em busca de informações que pudessem levar à identificação da mulher que apadrinhou a carta do menino. Contudo, Marli explicou aos responsáveis que isso era contra a regra do projeto.
Os presentes começaram a ser entregues na última semana de aula.

300 mil crianças serão beneficiadas pelo projeto
(Da Redação) – A Campanha Papai Noel dos Correios encerrou, em nível nacional (com exceção de Mato Grosso e Rio Grande do Sul), o período de adoção de cartinhas e recebimento de presentes. A partir de agora, os Correios farão as entregas para crianças de todo o Brasil. Até esta sexta-feira (21), os números parciais da campanha são de 515.324 cartas cadastradas e 354.858 cartas adotadas. Só em Minas, onde 90% das cartinhas foram apadrinhadas, mais de 100 mil crianças serão presenteadas pela campanha. As fotos de algumas entregas podem ser conferidas na página oficial da campanha na rede social: www.facebook.com/papainoeldoscorreios.
Os resultados finais desta grande ação de solidariedade da população brasileira serão consolidados em janeiro de 2013.

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