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Brumadinho: Kalil aponta omissão do governo em acordo

Os R$ 37,6 bilhões pagos pela Vale ao município equivalem a lucro trimestral da empresa, diz candidato ao governo de Minas

Foto: Operações de resgate em Brumadinho após a tragédia que matou 270 pessoas e causou prejuízos ambientais incalculáveis

BRUMADINHO – Para Alexandre Kalil, candidato do PSD ao governo de Minas, o descaso do atual governo do Estado e a falta de habilidade em negociar com a Vale após o rompimento da barragem são a marca dessa gestão para a cidade e população de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O desastre, em janeiro de 2019, deixou 270 mortos, fora os prejuízos ao meio ambiente e à saúde mental dos que sobreviveram ao mar de lama. Kalil, em entrevista ao Portal da Cidade Brumadinho aponta pressa e falha no acordo fechado entre o governo estadual e a mineradora.

EM SEPARADO

“Se eu fosse o governador, se estivesse lá, eu estaria brigando de unha até hoje, mas não ia admitir que se pagasse R$ 37,6 bi para quase 300 vítimas. Esse valor a Vale lucra em três meses. A mineradora escolheu negociar separadamente com as famílias, quando, na verdade, deveria ter sentado com a Prefeitura de Brumadinho, ouvir a população e viabilizar um projeto decente. Mas como tudo nesse governo, o acordo foi feito às pressas, e ainda estão usando parte desse dinheiro para a campanha política”.

TURISMO

O candidato destacou a vocação turística da cidade como saída para alavancar a economia local e aliviar o peso da tragédia.

“Eu sei do valor histórico, do turismo na cidade, da importância do Museu de Inhotim. Brumadinho tinha tudo que uma cidade poderia sonhar: pousada, mata, a cidade preferida para quem anda de motocicleta, eu mesmo fui muito aí. Mas eu não posso ir a Inhotim se não houver uma estrutura de pousada e restaurante, para o turista pernoitar. Tem que criar estradas, um aeródromo. Isso vai gerar emprego. Daí o copeiro, o garçom, o manobrista, serão todos de Brumadinho. A mineração não é um crime, mas o que aconteceu e foi feito após o rompimento da barragem, sim.”

PRIVATIZAÇÕES

Kalil voltou a se posicionar sobre as privatizações, ao saber que em Brumadinho a Copasa cobra pelo serviço de esgoto que não entrega.

“Sou a favor da privatização responsável, mas da Cemig e Copasa, não. A Copasa é concessão, não pode ter dono; se a gente quiser, em Belo Horizonte, a gente tira a empresa e faz a licitação de novo. O que tem de ser feito aqui em Brumadinho e em todo lugar é cobrar da empresa a prestação de serviço, como é feito no mundo inteiro, cobrar as manutenções. Está no jornal (O Tempo) que a Copasa vai distribuir R$ 1 bilhão em dividendos. Com a décima parte desse dinheiro resolveriam o problema de esgoto em Brumadinho”.

RESPONSABILIDADE

Kalil falou sobre a responsabilidade que todo governante deve tomar para si, e que a sua aliança com o ex-presidente Lula se deu pela identificação de ideias e objetivos.

“Minas registrou mais de 63 mil mortes pela Covid-19. O governo do Estado, em 2021, não atingiu nem sequer o mínimo constitucional para atender a saúde. Durante a pandemia eu falei com o governador, mas faltou coragem da parte dele, que preferiu terceirizar a responsabilidade para os prefeitos. Em Belo Horizonte, nas chuvas, quando morreram três pessoas na avenida Vilarinho, nós construímos três bacias, a maior obra de contenção dos últimos 40 anos. Eu fui lá e tomei a responsabilidade para mim, em vez de ficar culpando governos passados. No caso de Brumadinho, o governador teria que ter feito o mesmo”, apontou.

O candidato do PSD também falou da identificação com Lula. “É por isso que eu estou com o presidente Lula. Nós pensamos igual, queremos cuidar do pobre. Agora eu vou ficar com Bolsonaro, que matou 670 mil pessoas, que atrasou em sete meses a vacina, que disse que era gripe, que seriamos “chipados” por chineses, que ia virar jacaré!?”.

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