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Bolsonaro quer esquerda defendendo reforma da Previdência da direita

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que uma eventual reinclusão de Estados e municípios na reforma da Previdência cabe ao Congresso, ao mesmo tempo em que cobrou empenho dos governadores, em especial os do Nordeste e de esquerda, que, na avaliação dele, querem aprovar mudanças nas regras com voto contrário para evitar desgaste político. Com esta narrativa, o governo tenta atribuir à esquerda eventuais resultados negativos (não atingir a meta de R$ 1 trilhão em 10 anos ou a retomada da economia, por exemplo), de uma reforma com a qual a oposição não concorda, uma vez que elimina benefícios e direitos constitucionais dos trabalhadores e dos mais pobres, principalmente.

OUTRO LADO DA PISTA

“Essa discussão mudou de campo, né? O campo é o Parlamento, do outro lado da pista”, disse a jornalistas ao chegar ao Ministério da Defesa para um almoço.

“Agora, para entrar Estados e municípios, os governadores, em especial do Nordeste, de esquerda, têm que votar favorável. Até pouco tempo, eles queriam que fosse aprovada a reforma com o voto contrário deles para não ter desgaste e tem desgaste no Parlamento, sempre tem”, completou ele, “esquecendo-se” de que a proposta da reforma da Previdência é de seu governo e não de um governo de esquerda.

Bolsonaro afirmou que quer “fechar hoje” a leitura do parecer da reforma. Disse ter conversado com o relator da reforma na comissão, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), e que essas tratativas estão sendo feitas pela equipe econômica liderada por Paulo Guedes, outros ministros, lideranças e destacou que ele participa “daquilo que é possível”.

O relator apresenta um complemento ao seu voto nesta terça a partir das 16h. Na versão anterior, ele havia retirado os entes regionais da proposta —eles constavam originalmente da Proposta de Emenda à Constituição enviada pelo Executivo ao Congresso.

PROTESTO DE POLICIAIS

O presidente comentou ainda o protesto de policiais em frente ao Ministério da Defesa que querem manter regras especiais para a aposentadoria na reforma. Ele disse que o assunto está sendo negociado e que chegou a conversar com o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, sobre o tema.

“Estamos tratando do assunto. É natural os lobbies, mas todo mundo vai ter a sua cota de sacrifício, como as Forças Armadas tiveram”, disse ele, numa referência ao fato de os militares terem sido os únicos a passar, no governo Fernando Henrique, por uma reforma no pagamento de benefícios.

EMENDAS

O presidente disse ainda que, havendo recursos, emendas parlamentares serão pagas. “Ninguém está inventando recurso. Havendo recursos, liberaremos todas as emendas”, disse.

Conforme reportagem da véspera da Reuters, o governo tem prometido a deputados liberar 20 milhões de reais em emendas parlamentares para aqueles que votarem a favor da reforma na apreciação da matéria no plenário da Câmara. Contudo, lideranças ouvidas pela reportagem avaliam que a verba deveria ser apenas parte do esforço do governo para melhorar a relação e garantir a aprovação da proposta.

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