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Após tapa, Bolsonaro afaga propondo pacto com Legislativo e Judiciário

BRASÍLIA – Depois de convocar as manifestações de domingo (26) – ainda que afirme serem atos espontâneos –, o presidente Jair Bolsonaro defendeu um pacto entre os Três Poderes da República para a aprovação das reformas que destravem a economia e promovam o desenvolvimento do país. A estratégia presidencial do morde e assopra tem sido considerada nefasta pelos analistas políticos, que avaliam as manifestações de domingo como mais um tiro no pé que, ao invés de exercer pressão em forças políticas como o Centrão, tende a acirrar as divergências com o Planalto. Nas últimas semanas, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), tem defendido a tese de que o parlamento deva assumir cada vez mais o protagonismo das reformas, sem tomar conhecimento das iniciativas do governo.

Nos atos de domingo, o governo tentou colocar na conta do Parlamento o fato de as propostas do governo não andarem. Entretanto, a desarticulação política e a incapacidade do Planalto de gerenciar a sua própria base de apoio é a principal razão das derrotas governistas.

AFAGO

Depois da pedrada, o presidente Jair Bolsonaro tenta o afago: “Temos tudo para ser uma grande nação. Falta nós, aqui em Brasília, conversarmos um pouco mais, discutirmos o que temos que votar em especial, e juntos fazer aquilo que povo pediu por ocasião das eleições e por ocasião das manifestações do dia de hoje [ontem, 26]”, disse o presidente em entrevista ao programa Domingo Espetacular, da Rede Record.

O presidente disse que conversará com os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do Senado Federal, David Alcolumbre, e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, sobre esse pacto e as propostas para o país. “Estamos em harmonia [com os líderes dos poderes], mas acho que falta conversar um pouco mais, e a culpa é minha também, para que nós coloquemos na mesa o que nós temos que aprovar, o que também temos que revogar porque tem muita legislação que atrapalha o crescimento do Brasil”, disse.

RECADO

Para o presidente, as manifestações deste domingo (26) foram um recado aos Três Poderes e “para todos aqueles que, de uma forma ou de outra, interferem na feitura de leis, de modo que essas leis venham a ser feitas de forma mais rápida, para que saiamos dessa situação crítica que nos encontramos”.

“Então precisamos de pautas outras, de uma reforma tributária, precisamos destravar nossa economia, votar coisa que facilite você empreender no Brasil, que você tenha prazer em ser patrão e dessa maneira apareçam empregos para tirar o Brasil da ociosidade que se encontra”, disse Bolsonaro.

PREVIDÊNCIA

Sobre a articulação política para a aprovação das reformas, em especial a da Previdência, Bolsonaro disse que, na medida do possível, tem recebido parlamentares em seu gabinete e mantém o diálogo com Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre para destravar as pautas governistas. “Tenho conversado com eles. Eles têm essa vontade também, mas alegam, em parte, que têm o problema de algumas lideranças que pensam de maneira contrária”, disse o presidente, destacando a autonomia do Parlamento.

Para Bolsonaro, aprovar a reforma de Previdência é importante para o Brasil não “sucumbir economicamente”, apesar de ser desgastante, já que mexe com a vida do trabalhador. “Como o Paulo Guedes {ministro da Economia] falou há pouco, ficaria insustentável nossa situação econômica”, disse o presidente, negando a existência de conflitos com o ministro. “Fizeram até fofoca que eu teria falado que ele pode ir embora [se não aprovar a nova Previdência]. Não é que ele pode ir embora, se o Brasil economicamente naufragar acaba a função dele, vai administrar o que? Dívidas?”, disse.

ESTADOS

O presidente Jair Bolsonaro falou ainda de suas intenções de dar mais liberdade aos estados para legislarem sobre questões específicas, reformando a Constituição no que for possível. “Gostaria que cada estado tratasse do seu código penal, da sua legislação ambiental, do seu código de trânsito. Gostaria que eles tratassem desses assuntos e, assim sendo, deixar a União pensar naquilo que é mais importante no macro, e essas coisas um pouco menores fiquem para os estados”, disse.

Como exemplo, o presidente citou a Assembleia Legislativa do Pará, que teria um conhecimento mais profundo sobre a questão mineral do estado para decidir sobre a legalização dos garimpos. “Ou a questão indígena. Quem tem que tratar desse assunto é o estado do Amazonas, já que em grande parte está lá os nossos índios”, argumentou Bolsonaro.

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