Cultura

Antônio Nahas lança livro sobre o grupo revolucionário COLINA

Manifestação estudantil em abril de 1968 em BH. Pedras e estilingues nas mãos dos estudantes

IPATINGA
– O economista Antônio Nahas Jr. lança o livro “A Queda”, em Belo Horizonte e Ipatinga, em data a ser definida. O livro narra da trajetória do grupo revolucionário Comando de Libertação Nacional (COLINA), com forte atuação em Belo Horizonte, do qual o autor fez parte. Antonio Nahas é economista e trabalhou no Governo do Estado e em diversas Prefeituras, entre as quais a de Ipatinga. Participou dos eventos de 1968, quando se filiou ao grupo COLINA. Foi preso em Recife, onde quase morreu, devido às torturas, chegando a tentar o suicídio.

Condenado a quatro anos de prisão, foi libertado após cumprir dois anos da sua pena.
Voltou a Belo Horizonte, onde se engajou novamente nos movimentos políticos, tendo participado da luta pela Anistia e dos movimentos sociais que renasceram à época.

É autor de diversos livros entre os quais “Homens em Série”, que conta a história de Ipatinga.
Casado, pai de três filhas, reside atualmente em Ipatinga e dedica seu tempo à gestão de projetos sociais e ao gerenciamento de sua empresa de consultoria.

A QUEDA

“Pouca gente sabe, mas foi em Belo Horizonte, em 1966, que o movimento estudantil brasileiro começou a se recuperar, após o golpe de 1964. Tudo começou com uma inocente calourada, que terminou em pancadaria e na invasão da Igreja de São José, no centro de Belo Horizonte”, conta Antônio Nahas.

Segundo ele, “a invasão indignou até mesmo parte do clero católico, fortemente conservador, que tinha desfilado dois anos antes pelas ruas de Belo Horizonte, em apoio aos militares. O acontecimento despertou o movimento estudantil em todo o Brasil, apressando sua renovação e o surgimento de novas lideranças”.

“No seio destes acontecimentos – relembra –, um grupo político se agitava e se transformava – era a POLOP – Política Operária, com forte influência em Minas Gerais, devido à presença de intelectuais como Teotônio dos Santos, Vânia Bambirra e Guido Rocha, todos estudantes da FACE-UFMG”.

A POLOP era dirigida por um austríaco, Erich Sachs, que se abrigara no Brasil logo após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, fugindo dos nazistas – pois era judeu – e de Stalin, já que divergia dos seus propósitos e métodos.
É do interior deste grupo que nasce o COLINA, cuja história é contada no livro “A Queda”.
Influenciados pela revolução cubana, seus militantes partem para a briga e tentam articular a partir de Minas uma forte organização nacional.

A visão que o grupo construiu sobre o Brasil e sobre a revolução socialista é cuidadosamente analisada no livro de Nahas. “Seus militantes eram animados pelo otimismo com o futuro e com a construção do socialismo. Isto apesar de terem herdado da POLOP uma forte crítica à União Soviética e ao Partido Comunista Brasileiro.

A prática do grupo é narrada juntamente com a explosão de 1968 no Brasil e no mundo. Em Minas, com a particularidade da entrada em cena dos operários urbanos, que realizaram duas greves formidáveis, parecendo confirmar as previsões revolucionárias mais sonhadoras.

“A Queda” baseia-se em pesquisas de documentos, jornais, arquivos públicos e algumas entrevistas. Resgata também livros de memórias de alguns militantes, como Herbert Daniel e Maurício de Paiva. Dissertações acadêmicas importantes também são abundantemente citadas, dando consistência e solidez ao livro.

Ao final, a recuperação do destino e da História dos Inconfidentes insere a narrativa num rico veio da História de Minas que é cada vez mais valorizado pela ampla divulgação de documentos e livros sobre o período colonial.

“É um livro envolvente e emocionante, que recria a BH nos anos 60. Não há heróis, mas seres humanos que viveram com intensidade a sua época. A amizade e o afeto, sobretudo, é que prevalecem, apesar da violência que encontraram na sua trajetória de vida”, conclui Antônio Nahas.

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