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Acuado, Temer pede reforço de tropas federais contra protestos

A medida autoritária de convocar as forasç armadas relembra os tempos da repressão ditatorial

BRASÍLIA – A capital federal viveu nesta quarta-feira um dia tenso com a realização do protesto convocado pelas principais centrais sindicais e movimentos populares exigindo a renuncia de Michel Temer, o fim das reformas trabalhista, da Previdência, da terceirização e a convocação de eleições diretas.
No final da tarde, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, informou, em breve pronunciamento, que tropas das Forças Armadas já estavam posicionadas no Palácio do Planalto e no Itamaraty. Segundo o ministro, mais homens se deslocaram para proteger os demais prédios da Esplanada, os ministérios e o Congresso Nacional.

DE NOVO, A BADERNA
De acordo com Jungmann, a medida foi necessária porque a marcha Ocupa Brasília, “prevista como pacífica, degringolou para a violência, desrespeito, ameaça às pessoas”. Não foi informado, no entanto, o total de militares deslocados na ação.
“O senhor presidente da República decretou, por solicitação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, uma ação de garantia da lei e da ordem. Nesse instante, tropas federais se encontram neste palácio e no Itamaraty. Logo mais, estão chegando tropas para assegurar que os prédios sejam mantidos incólumes”, disse o ministro no Palácio do Planalto.
Ainda que a principal baderna tenha sido o golpe que solapou a democracia brasileira, o governo, utilizando os métodos autoritários da ditadura militar, preferiu o caminho mais fácil de rotular de baderna os protestos que reagiam à provocação golpista: “O presidente da República faz questão de ressaltar que é inaceitável a baderna, o descontrole. E que ele não permitirá que atos como esse venham a turbar um processo que se desenvolve de forma democrática e com respeito às instituições”, disse Jungmann, utilizando um argumento cínico, já que o governo não tem sequer autoridade para aceitar ou não qualquer manifestação popular.

CONSTITUIÇÃO

O ministro, após pronunciamento, destacou que a decisão presidencial se baseia no Artigo 142 da Constituição Federal. O artigo diz que “as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Defesa, a atuação das Forças Armadas se restringirá a área dos prédios dos ministérios e palácios, não irão atuar no gramado da Esplanada. Ainda não há um efetivo confirmado.

FERIDOS
Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas no protesto. De acordo com a polícia, um manifestante foi atingido no rosto por um projétil. O homem foi socorrido por um médico que também participava do protesto e depois atendido pelo Corpo de Bombeiros e Samu. A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) investiga o caso e não descarta que o ferido tenha sido atingido por arma de fogo.
A reportagem da Agência Brasil acompanhou outro atendimento, de um petroleiro de Macaé (RJ) que foi atingido por uma bomba de efeito moral. Uma repórter da TV Brasil foi atingida por estilhaços de bomba na perna, mas passa bem.
De acordo com a SSP, o Corpo de Bombeiros fez outros dois atendimentos, dentre eles o de um policial.

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