Nacionais

A volta à “normalidade” e a loucura bolsonarista

(*) Fernando Benedito Jr.

Nos EUA, Joe Biden se prepara para anunciar medidas de flexibilização da pandemia no 4 de julho; na Inglaterra, Boris Johnson libera o abraço; em Israel, o lançamento de foguetes e a matança de palestinos na Faixa de Gaza, mostra que vida começa a voltar ao “normal”.

O Brasil segue com sua média de mortes diárias por covid-19 acima de 2 mil, ao mesmo tempo em que as forças de segurança, seguindo o padrão e o exemplo do chefe máximo das milícias, matam outros tantos em “operações” policiais, porque só as vítimas de covid-19 são poucas e o genocídio tem que ser generalizado. Senão, não vale.

De sua piscina cheia de ratos, o miliciano genocida exibe sua peça de picanha wagyu de R$ 1.700 reais enquanto um bando de motociclistas, outrora rebeldes e opositores do “status quo” e contra a guerra do Vietnã, espera do lado de fora para  fazer outra manifestação de apoio (isso precisa ser analisado com calma). Do outro lado, no cercadinho, evangélicos da seita bolsonarista aplaudem os palavrões e vociferações do presidente, achando bonito aquilo tudo, enquanto morrem de fome para pagar o dízimo. Na CPI, o ex-chefe da Comunicação do governo central, mente, escorrega, sai pela tangente para defender o genocida. O depoente, ele próprio, um aprendiz das coisas do mal. Disse na CPI que foi procurar a Pfizer porque tinha contato com o dono de emissora de televisão (a RedeTV), cuja filha é casada com um Executivo da indústria farmacêutica. O cara da comunicação foi conversar porque é advogado e entende de contratos internacionais e achou que podia substituir o Ministério da Saúde comandado pelo general. Talvez tivesse razão. Mas era puro lobby (que é meio caminho andado para a corrupção e só não se concretizou porque o colega militar ficou irado com a ingerência de outra Pasta), incompetência e safadeza, tudo numa sequência só. E a vacina que é bom mesmo, nada.

E tem um pessoal aí achando tudo isso muito bom, ótimo. Esse pessoal caiu para uns 24%, mas existe. Não se pode exigir um mundo totalmente puro, isento da ignorância e do ódio, de pensamento único, monolítico. Isso é certo. Mas também não se é obrigado a conviver com isso e, principalmente, aceitar os dogmas da extrema direita conservadora neoliberal fascista e genocida, em silêncio.

De certa forma, a história já deu um destino para Bolsonaro. Por enquanto é a lata de lixo, mas há quem diga que não ficará só nisso, não. Tomara. Agora, difícil mesmo será tolerar seus seguidores. Se fossem apenas extremistas de direita, ignorantes que não sabem o que fazem, defensores do neoliberalismo e de pautas conservadoras, tudo bem. Mas ser bolsonarista é o fim da picada. Como alguém vai seguir um “líder” desses, que não tem nada a ensinar, que cultua a maldade e a ignorância? Ou alguém acha que Bolsonaro alguma vez na vida leu algum livro?

Como alguém pode cultuar um ignorante, chefe de uma prole que vive desde o berço às expensas do Estado e de “pequenos expedientes” (e inverte, dizendo que os outros é que vivem nas tetas), um boçal que só sabe mentir, ofender e que cresceu às custas do que há de pior na política carioca, envolvido com o submundo das milícias e as trevas da corrupção e do assassinato? São estes que intrigam a mente humana mais racional. Bolsonaro, não. Ele é isso mesmo. Um zero à direita do nada. Quanto a esse, não há o que lamentar. Dele espera-se tudo, menos acertar. Bolsonaro é o erro. Agora, aqueles que o seguem cegamente, esses motociclistas em suas Halley Davidson, esses evangélicos hipnotizados por Edir Macedo e outros vendedores de feijões milagrosos, esses atiradores, caçadores e defensores de armas para matar pretos e pobres, sei não… Estes precisam de outro tratamento. E, na maioria dos casos, é psiquiátrico mesmo.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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