Cidades

Vereadores cogitam renúncia de Ley, mas ele permanece no cargo

IPATINGA – 17 parlamentares se reuniram nesta segunda-feira (20) a portas fechadas na Câmara Municipal para discutirem a situação do presidente da Casa, o vereador Ley do Trânsito (PSD), indiciado no mês de abril por diversos crimes, entre eles cobrança de propina e licenciamento de veículos remarcados ou adulterados, enquanto ainda trabalhava na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Ipatinga. Somente dois vereadores não estiveram presentes ao encontro: Nilson Lucas (PMDB), que alegou ter um compromisso externo, e o próprio Ley, que viria a ser informado momentos depois sobre o que havia sido debatido.

ACUSAÇÕES
A conversa aconteceu após a primeira reunião ordinária do mês de maio e foi articulada pelos vereadores da Casa em decorrência do desgaste gerado na semana passada em virtude das denúncias contra Ley, bem como seu indiciamento pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil.

Ley foi apontado como participante em esquemas de corrupção no Ciretran e foi investigado pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil. As investigações resultaram em dois inquéritos que foram enviados à justiça de Ipatinga. Um processo administrativo interno também foi aberto contra Ley e será apurado se ele de fato cometeu irregularidades no exercício de sua profissão. Caso condenado, ele poderá até mesmo ser expulso da Polícia Civil.

PRESIDÊNCIA
No encontro desta segunda-feira, os vereadores debateram qual seria o posicionamento a ser tomado por eles acerca das acusações das quais Ley é apontado como suspeito. Uma das hipóteses discutidas foi o pedido de renúncia do vereador às suas funções de presidente.

Na semana passada, a bancada do PT chegou a encaminhar ao setor jurídico um pedido assinado pelo deputado estadual Durval Ângelo (PT) para que Ley se afaste das suas funções de parlamentar. Entretanto, o pedido foi negado pelos advogados da Casa no último dia 16 de maio (leia box).
Mesmo assim, os parlamentares petistas não se deram por satisfeitos e pediram que o presidente renunciasse à presidência do Legislativo. O coro foi endossado por alguns outros parlamentares que não se manifestam publicamente sobre o caso, mas admitiram que a imagem da Câmara corre o risco de ser manchada.

RENÚNCIA DESCARTADA

As deliberações da reunião foram levadas para Ley do Trânsito e uma nova reunião foi iniciada, desta vez no gabinete do presidente, no terceiro andar da Casa. O encontro durou cerca de uma hora e também aconteceu a portas fechadas. Jornalistas que aguardavam para falar com Ley não puderam nem mesmo permanecer na sala de espera. A chefe de gabinete do presidente da Câmara, Bruna Chaves, pediu que todos se retirassem.

Dentro da sala, de acordo com alguns dos parlamentares que participaram da reunião, as conversas também giraram em torno das denúncias sofridas por Ley. Ele se defendeu de cada uma das acusações, alegou perseguição política e disse que pretende respeitar o processo judicial, caso venha a ser processado. O assunto da renúncia à presidência também foi levantado, mas nem a movimentação de outros vereadores foi suficiente para convencer Ley, que teria afirmado que não pretende se afastar do cargo que conquistou em janeiro deste ano, com apoio inclusive da prefeita Cecília Ferramenta (PT).

Ficou deliberado, então, que os vereadores só irão se manifestar publicamente sobre o assunto após o Ministério Público decidir se oferece ou não à justiça as denúncias contra Ley para a abertura de um processo judicial. A data prevista para que isso aconteça é a próxima quarta-feira (22). A determinação foi seguida à risca pelos parlamentares e nenhum deles conversou oficialmente com a imprensa presente no local.

 

Assessoria jurídica nega pedido de afastamento
Ipatinga
– Os advogados do setor jurídico da Câmara de Ipatinga determinaram no último dia 16 de maio que não compete a eles decidirem pelo afastamento do presidente da Câmara Ley do Trânsito (PSD). O pedido havia sido feito pelo deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa Durval Ângelo (PT) e encaminhado à líder do PT na Câmara, vereadora Lene Teixeira. Ela, juntamente com os colegas de partido, enviaram a solicitação aos técnicos da Casa, que emitiram parecer favorável ao presidente.

Regimento
O documento se baseia no regimento interno da Câmara, que afirma que a suspensão de mandato só pode ocorrer pela decretação de prisão judicial ou pela prisão em flagrante. O relatório diz ainda que não há informações sobre pedidos de prisão contra Ley e também não há contra o parlamentar nenhum processo onde ele apareça como réu.

Por fim, os técnicos concluíram que foge à competência deles a atribuição de solucionar os problemas apresentados pelo ofício de Durval Ângelo e que não existe hipótese contundente para o afastamento.
A decisão desagradou ao deputado autor do pedido. Segundo Durval Ângelo, esta era uma oportunidade de o Legislativo ipatinguense mostrar moralidade. “Eu só tenho a lamentar. A Câmara de Ipatinga perdeu a oportunidade de fazer justiça”, afirmou.

 

Você também pode gostar

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com