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Usiminas desenvolve blocos para calçamento com agregado siderúrgico

IPATINGA – Em uma iniciativa pioneira no país, a Usiminas começa a utilizar blocos de calçamento – ou blocos intertravados – produzidos a partir do agregado siderúrgico. O material é um coproduto gerado no processo produtivo do aço e suas propriedades permitem substituir a areia, pó de brita e a brita empregados na fabricação dos blocos.
O produto final é fruto de uma parceria entre a siderúrgica, a Fiemg e a empresa Precomol, sediada no Vale do Aço. Foram cerca de dez meses de pesquisas e testes para se alcançar a mistura ideal entre o agregado e as demais matérias primas. “O bloco tem que atender a especificações mercadológicas, ambientais e apresentar uma resistência mecânica alta”, conta Henrique Hélcio Eleto, coordenador do Grupo de Trabalho Coprodutos da Usiminas. Segundo o analista de processos, Falkner da Silva Ramos, que faz parte da equipe desenvolvedora, os primeiros blocos apresentam resistência de 35 Mpa, o que possibilita o uso em áreas de trânsito de pedestres e tráfego de carros de passeio. “Continuamos o trabalho de pesquisa conjunta para chegarmos ao bloco com resistência da ordem de 50 Mpa, que suportam o tráfego de veículos pesados como ônibus e caminhões e também para o desenvolvimento comercial de outros produtos como manilhas, muros, mourões, boca de lobo, entre outros”, destaca Silva.

PROJETO-PILOTO
Inicialmente, os novos blocos serão utilizados em dois projetos pilotos, em Ipatinga. A primeira obra será o calçamento do estacionamento do Hospital Marcio Cunha, totalizando 4 mil m². Outros 300 m² serão instalados no canteiro central da Avenida 5, entre o Gasômetro e a portaria Centro da Usiminas. Para o canteiro, também está previsto projeto de paisagismo. A partir desses resultados, serão avaliadas as condições para produção em larga escala e comercialização dos blocos ao público.
Para dar mais versatilidade ao produto, o grupo também desenvolveu blocos coloridos. “O pigmento vem de outro coproduto gerado pela Usiminas na laminação do aço, o óxido de ferro. O produto é adicionado à massa do bloco, garantindo que toda a peça seja colorida. Assim, mesmo que seja necessário fazer algum corte no bloco em uma quina, por exemplo, não haverá diferença de cor. Os blocos são produzidos em cinza, vermelho e roxo e atendem todos os requisitos técnicos e de aplicabilidade”, afirma o pesquisador do Centro de Pesquisa da Usiminas e integrante da equipe desenvolvedora, Wilton Pacheco de Araujo.

BENEFÍCIOS
Além de ser uma opção econômica e de qualidade para o consumidor, o bloco traz uma série de outros benefícios ambientais e econômicos. O uso do agregado siderúrgico substitui recursos naturais finitos, reduzindo a necessidade de extração da natureza. Soma-se, ainda, a redução do volume de agregado siderúrgico enviado para aterros ou depósito e a permeabilidade do material, o que possibilita a infiltração da chuva no solo. Do ponto de vista econômico, a fabricação e comercialização dos blocos abre uma nova frente de negócios na região. “A partir da parceria, a Precomol incrementou a sua linha de produção com a inclusão de um novo produto. “Há uma perspectiva real de geração de novos empregos a partir da produção em escala comercial. Temos aí um exemplo claro de economia circular, um dos conceitos mais modernos de integração entre empresas, sociedade e meio ambiente”, explica o coordenador.


O agregado siderúrgico

É um produto oriundo do processo de produção de Aciaria, composto de óxidos e silicatos, com alta resistência ao desgaste. Depois de segregado e beneficiado, pode ser utilizado em obras de pavimentação, artefatos de concreto, contenção de encostas, agricultura e lastro ferroviário, dentre outras aplicações. Além da fabricação dos blocos, o agregado siderúrgico também já vem sendo aplicado, com sucesso, na pavimentação de estradas rurais no Vale do Aço e, recentemente, foi homologado pelo DNIT para uso em rodovias federais.

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