Policia

Univaço envolvida em venda de vagas para curso de Medicina

Policiais cumprem mandado de prisão contra suspeitos de envolvimento no esquema nos Vales do Aço e Rio Doce (Foto: Nalvan Roberto)

IPATINGA
– Uma mega operação da Polícia Civil desarticulou, nesta terça-feira (3), uma quadrilha que vendia vagas em cursos de medicina em faculdades particulares de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. A Univaço, em Ipatinga, seria uma das instituições de ensino onde o grupo agia.

Além do funcionário público aposentado Quintino Ribeiro Neto, de 63 anos, e Maria Aparecida Calazani, de 37, considerados coordenadores do grupo, outras 19 pessoas foram presas. Com a quadrilha foram apreendidos cerca de R$ 500 mil em dinheiro, sendo 25 mil dólares, celulares, documentos, munições de uso restrito, um veículo de passeio e pontos eletrônicos, que seriam utilizados para repassar as respostas das provas aos candidatos participantes do esquema.

INVESTIGAÇÕES
As investigações da operação Hemostase foram iniciadas há oito meses pela Delegacia Regional de Caratinga, sede da comarca judicial que expediu os 21 mandados de prisão e outros 32 de busca e apreensão. Uma equipe de 180 policiais se dividiu entre 17 cidades de Minas e do Rio de Janeiro, utilizando 38 viaturas e um helicóptero.

A apuração da PC apontou que a organização criminosa auxiliava o candidato a ingressar ilicitamente no curso de Medicina, cobrando pelo serviço valores que variavam entre R$ 30 mil a R$ 140 mil, dependendo da modalidade de fraude utilizada. O método podia ser aplicado por meio de telefone celular, ponto eletrônico, vaga direta, terceiros que faziam a prova no lugar do candidato ou pela falsificação de históricos escolares.

RAMIFICAÇÕES

O superintendente de Investigação e Polícia Judiciária, Jeferson Botelho, ao lado da delegada regional de Ipatinga, Irene Franco, concedeu entrevista coletiva ontem para falar sobre a Operação Hemostase. “Aqui na região do Vale do Aço e Rio Doce, formou-se um grupo criminoso com ramificações no Rio de Janeiro. São 17 municípios envolvidos nos dois estados. Hoje, fizemos uma operação precisa, cirúrgica, que tira de circulação 21 pessoas envolvidas com o crime organizado”, disse o delegado entre trocadilhos.

Segundo ele trata-se de uma rede lucrativa, que rendia até R$150 mil por vaga. “Os valores dependiam da modalidade de vaga oferecida, o que vai ser detalhado pelo presidente dos autos”, disse, adiantando que as investigações prosseguem. “Temos um prazo legal de 10 dias para concluir todas as investigações. Temos 180 policiais trabalhando nos 17 municípios, 38 viaturas e apoio aéreo”, enumerou.

“As prisões e apreensões fecham uma etapa importante da investigação, mas o trabalho não termina aqui. Pelo contrário, vamos aprofundar os levantamentos a fim de solidificar ainda mais a nossa convicção de que desvendamos um esquema criminoso altamente rentável e que permitia a entrada de profissionais despreparados no mercado da medicina”, explicou o superintendente, que supervisionou a operação nas cidades de Governador Valadares e Caratinga.

PRISÕES
Além dos líderes da quadrilha, foram detidos José Cláudio de Oliveira, de 41 anos, incumbido de angariar candidatos; Rômulo de Abreu Neto, de 56, fazendeiro, e um dos contatos para a modalidade direta da fraude; Mirela de Souza Faria, 33, e Samyra Sarah Marques, 26, que ingressaram no curso de medicina e passaram a angariar clientes para a quadrilha.

Os policiais prenderam ainda Talytta Cristine da Silva, de 26 anos, e Spencer Almeida de Oliveira, de 22, candidatos que exerciam a função de intermediadores. O estudante de Medicina e fisioterapeuta Azenclever Eduardo Rogério, de 39 anos, e a médica Micheline Vieira Ribeiro também tiveram seus mandados de prisão cumpridos, assim como os integrantes Eduardo Carlos Pereira, Michela Vieira Ribeiro Pereira, Shirlene Teixeira Reis Vieira e Lorena Rocha Marques, de 22 anos.

RIO
Também foram presos no Rio de Janeiro o estudante de medicina Marcelo Alves Vasconcelos, de 25 anos, Sergiane Rodrigues Calazani, de 32, Antônio Camillo de Souza Neto, de 39, Gláucia Adriana de Carvalho Peixoto, de 44, a dentista Evanelle Franciane de Souza, Nathalie Franco Savino, de 30, e Jorge Rodrigues de Oliveira, policial reformado do Rio, de 60 anos.

FACULDADES

Além da Faculdade de Medicina do Vale do Aço, as instituições envolvidas como vítimas são a Unipac de Juiz de Fora, PUC e Faminas de Belo Horizonte, Unec de Caratinga, UI de Itaúna, Unig de Itaperuna e Nova Iguaçu (RJ), Unifeso de Teresópolis (RJ), FMP de Petrópolis (RJ) e Funjob de Barbacena. Elas serão investigadas na modalidade da venda direta.

Os presos por envolvimento no esquema poderão responder por crimes como associação criminosa, fraude de certames de interesse público, estelionato, falsificação de documentos públicos e de documentos particulares, falsidade ideológica, falsa identidade e lavagem de dinheiro.


Operação mobilizou efetivo de 180 policiais civis, 38 viaturas e um helicóptero (crédito: Portal Super Canal)

 

O esquema de venda de vagas rendia até R$ 150 mil, dependendo da modalidade   (Foto: Nalvan Roberto)

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